Quando em crise, veja as oportunidades e foque no positivo

Trabalhando com promoção de destinos há 15 anos, já vi muitos cases de sucesso e fracassos. Meu primeiro contato com a indústria foi no Escritório de Turismo da Jordânia da América do Norte. Logo depois do atentado de 11/09 o sentimento nos Estados Unidos era de ressentimento e desconfiança. Promover um país árabe naquele mercado, com budget quase inexistente, bem nessa época foi muito desafiador já que, estando localizado no Oriente Médio, o destino foi muito impactado pela mídia negativa que generalizava todos os países, árabes e muçulmanos como possíveis terroristas.

A economia da Jordânia é baseada, principalmente, no turismo, então imaginem qual não foi a repercussão daquele momento na vida dos jordanianos. Aumento vertiginoso do desemprego, perspectivas e todas as consequências negativas que atingem um país em um momento como esse. Mesmo em meio a um cenário extremamente difícil e delicado, os olhos do mundo inteiro estavam direcionados ao Oriente Médio e essa era, sem dúvida alguma, uma oportunidade que nós poderíamos aproveitar para reverter o quadro do turismo no país.

Tiramos proveito de toda a atenção que a região estava recebendo para transmitir mensagens de paz, dividir conteúdo riquíssimo da história e cultura do país, e mostrar todo o trabalho incrível que a liderança (Rei Abdullah II e Rainha Rania) da Jordânia estava fazendo para educar o mundo ocidental sobre as peculiaridades e características de sua região (história, cultura e religião), tentando manter a estabilidade de seu país (que é reconhecido até hoje como o Suíça do Oriente Médio) e minimizar o impacto da economia no dia a dia da população.

Sendo estratégicos, construtivos e positivos, pudemos tirar vantagem de uma situação de crise para criar oportunidades e resultados para o país. Sem gastos, com muita paixão, envolvimento, e usando o que o destino oferece por sua própria “natureza”, conseguimos fazer com que em menos de dois anos, os números de visitantes aumentassem drasticamente e os Estados Unidos passaram a ser o mercado número 1 de emissor de turistas para a Jordânia – posição ocupada até hoje.

Eu acredito que é nisso que o turismo brasileiro precisa focar nos dias de hoje. Mesmo em um momento que parece não ser nada favorável para o mercado, destinos e para as empresas, todos devem trabalhar para encontrar oportunidades, aumentar parcerias e usar das ferramentas que hoje existem – muitas vezes não custosas, mas incrivelmente eficazes e influentes – para fazer a diferença e alcançar o resultado almejado.