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Hotelaria e Alimentação

Restaurantes, Bares e Food Trucks

Estamos assistindo no Brasil ao fenômeno dos food trucks que ganhou força nos EUA e na Europa após a crise econômica de 2009, quando chefs famosos e jovens empreendedores apostaram no novo ramo. Em Nova York é possível encontrar quase todo tipo de comida sendo vendida sobre quatro rodas nas ruas da cidade.

No mercado brasileiro este movimento de trazer a comida para a rua está achando um campo fértil para o crescimento rápido. São várias as explicações. A primeira é o baixo investimento no negócio, que tem motivado inclusive egressos dos cursos de gastronomia e gerenciamento de restaurantes, técnico ou superior, que dispõem de pouco capital.

Outro fator que, sem dúvida, está ativando este mercado é a gama de possibilidades que a indústria de carrocerias está oferecendo, como forma inclusive de romper a estagnação de suas atividades. São desde transformações de utilitários até modelos dos mais diversos tamanhos e configurações.

Apenas estes fatores, entretanto, não explicam a força desta maré. Os food trucks estão encontrando eco nos aluguéis aviltantes dos pontos comerciais, que estão inviabilizando inúmeros estabelecimentos de alimentação fora do lar em todo o país. Também estão sendo favorecidos pelas legislações urbanísticas e operacionais, municipais e estaduais, que se multiplicam impondo às empresas restrições de rentabilidade e volume de faturamento.

A disseminação dos veículos motorizados adaptados para preparo de refeições pode ser explicado ainda pelas legislações trabalhista e tributária. Estas afetam diretamente as microempresas e acabam estimulando o negócio menos onerosos, onde geralmente o investidor trabalha diretamente com um sócio ou uma minúscula equipe de profissionais.

Devemos então atentar, sindicatos patronais de alimentação fora do lar e governos municipais e seus legislativos, para o conjunto de questões que envolvem os food trucks. A identidade cultural da comida de rua é um patrimônio, mas é fundamental que os poderes públicos não estimulem a concorrência predatória com os estabelecimentos de alimentação já existentes. É preciso regular e fiscalizar os direitos dos consumidores, a segurança alimentar e ainda o impacto da instalação deste formato de negócio para os moradores, os comerciantes já instalados e o trânsito do entorno.

As cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro estão na dianteira da organização deste segmento de alimentação, cada uma com suas especificidades e regras. Existem questões, entretanto, em relação ao movimento de crescimento dos carros de venda de comida que precisam ser observadas com atenção especial pelos poderes públicos.

É necessário recompor as margens de lucro do negócio alimentar. Nos últimos anos, a refeição comercial assumiu um peso preponderante nos índices inflacionários por não restar alternativa aos comerciantes se não corrigir preços, face aos custos crescentes. Esta realidade enfrentada pelos donos de restaurantes e bares está prejudicando a continuidade de pontos tradicionais e populares, que fecharam as portas por vários motivos, mas sem dúvida também por estes aqui expostos.

Os Food Trucks são legítimos e caminham para serem classificados como Microempreendedor Individual (MEI) ou Micro e Pequena Empresa (MPE) e, portanto, também serão representados pelos sindicatos de alimentação fora do lar, assim como os restaurantes e os bares.

A Federação Brasileira de Alimentação (FBHA) e seus afiliados, 66 sindicatos patronais de todo o país, percebem a comida de rua como mais uma oportunidade para quem quer empreender no setor, inclusive por tratar-se de um segmento comprovadamente bem-sucedido em todo o mundo. Por tudo isso, as autoridades devem aproveitar este novo momento da alimentação fora do lar para olhar mais estrategicamente para este setor.

Alexandre Sampaio é presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA). A instituição é líder sindical patronal dos setores dois setores que representa.

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