A bagunça operacional que obrigou a Ryanair a cancelar mais de 2.000 voos até o fim de outubro continua criando problemas internos. Após ser colocada a prova pela própria Alitalia, companhia que estava no radar para uma possível negociação, a low-cost irlandesa se despede do seu diretor Operacional (COO), Michael Hickey, que anunciou nesta segunda-feira (09) que está deixando o cargo no fim deste mês. A decisão foi confirmada pelo próprio CEO da Ryanair, Michael O’Leary.
Hickey torna-se portanto o primeiro executivo de alto escalão da companhia a pedir demissão após o fiasco operacional que forçou o cancelamento de exatos 2.100 voos. O atraso das férias da equipe e a mudança do calendário interno da Ryanair como parte dos aumentos nas provisões de férias para pilotos e comissários foram vitais. “Será um executivo difícil de ser substituído, mas estamos gratos por ele ter aceitado em continuar conosco até o fim do mês para realizar uma transição mais suave ao seu sucessor e completar os projetos em andamento, incluindo um contrato de manutenção de motores e um novo ganhar em Sevilla e Madri”, disse O’Leary.
A decisão de cancelar 2.000 voos e, desta forma, “arrumar a casa” foi alvo de críticas até do Ministro de Assuntos Comerciais da Bélgica, Kris Peeters. “O cancelamento de voos da Ryanair assim em larga escala é inaceitável. Nosso departamento examinou se a Ryanair cumpriu com todas as suas obrigações. A companhia que só utiliza a língua inglesa, embora existam outras nacionalidades reservando voos em seu site, não proporcionou informações adequadas aos clientes sobre estes cancelamentos”, disse.
A princípio, o prejuízo está calculado em US$ 29 milhões com o cancelamento de voos. Além da perda financeira e da saída do COO, a Ryanair também deixou a chance de investir na Alitalia ir “por água abaixo”. No fim do último mês, a low-cost irlandesa anunciou sua retirada imediata da corrida para garantir certa participação na Alitalia, uma vez que a credibilidade e legitimidade da low-cost foi colocada a prova pela Alitalia por conta dos exatos 702 voos para a Itália que serão cancelados até o fim de outubro.
Na ocasião, a Ryanair disse que para corrigir totalmente o caos causado pelos voos cancelados decidiu descartar todo os interesses de sua administração, a começar pelo fim da possível negociação com a transportadora italiana. “Notificamos os executivos da Alitalia que não iremos mais manter nosso interesse na Alitalia ou realizar qualquer nova oferta pela companhia”, disse o CEO da Ryanair, Michael O’Leary.
A ideia da Ryanair com a possível aquisição da Alitalia era alimentar as rotas de longa distância da aérea italiana com suas operações domésticas e já capilarizadas por toda a Europa. Em outras palavras, a Ryanair poderia virar uma alimentadora oficial doméstica da Alitalia para a realização de voos internacionais de longa distância, um processo em que todas sairiam ganhando. No entanto, tudo “foi por água abaixo”