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Aviação

Para reconquistar o corporativo, Latam irá reconfigurar frota doméstica

Jerome Cadier, presidente da Latam Brasil

Jerome Cadier, presidente da Latam Brasil (Foto: Eric Ribeiro)

A Latam Brasil quer retomar o protagonismo no mercado corporativo. O presidente da companhia, Jerome Cadier, revelou em entrevista exclusiva ao MERCADO & EVENTOS, que em 2019 a empresa irá reconfigurar as cabines dos seus Airbus A320, que operam nas rotas domésticas. De acordo com ele, o objetivo é aumentar o conforto para voltar a ter a preferência deste público.

“Da mesma forma que passamos por redução de frequências e ajustes de operações nos últimos tempos e estamos voltando a ter mais rotas novas, operar em mais aeroportos e a fazer mais contratações, voltamos também a investir no nosso produto”, explicou. No caso da reconfiguração dos A320, Cadier destacou que será um produto mais bem pensado para o corporativo. “Teremos assentos mais confortáveis e com melhor espaço. Isso virá durante 2019”, complementou.

Cadier contou que a companhia sentiu um movimento no mercado, com o corporativo buscando por mais conforto. Por este motivo, chegamos a conclusão de que a cabine do produto doméstico precisaria passar por uma mudança. “Isso fará com que as primeiras fileiras tenham um espaço mais adequado com bin exclusivo e volte a ter o conforto que o passageiro corporativo está buscando”, revelou.
No internacional também serão feitas mudanças. De acordo com o presidente companhia, a frota de Boeings 777 terão a Business Class reconfigurada. Ele explicou que os assentos serão full flat e todos terão acesso ao corredor. “Teremos ainda as sete ou oito primeiras fileiras da econômica com espaço de 35 polegadas, não só de 31. É um esforço para aumentar o conforto”, adiantou.

Para Jerome Cadier, companhia deve estar mais próxima do canal agências

Para Jerome Cadier, companhia deve estar mais próxima do canal agências (Foto: Eric Ribeiro)

AGÊNCIAS

O executivo disse ainda que o canal de vendas composto por agências de viagens, operadoras e consolidadoras, está entre uma das prioridades da Latam Brasil. Ele reconheceu que nos últimos anos a companhia se afastou um pouco do trade, mas que desde 2017 tomou a decisão de ampliar o investimento para estar mais próximo deste canal.

“Queremos que a relação com o canal seja a relação que a Tam sempre teve. A companhia sempre foi muito próxima do canal com uma relação bastante rica. Nos últimos tempos, por vários motivos, acabamos nos afastando. No ano passado reconhecemos que precisávamos nos aproximar”, ressaltou. “O nosso objetivo é que quando o passageiro compre do canal agências, ele compre com a informação correta e com a confiança que ele precisa ter. Aumentamos o investimento no canal com o Club Latam e o Agências de Elite, programas que estamos constantemente aprimorando”, adicionou. Cadier destacou ainda que muitas das alterações pelas quais as aeronaves da companhia irão passar vieram de conversas com o canal.

EXPANSÃO

Definitivamente, 2018 marca a volta do crescimento da oferta no setor aéreo nacional. No caso da Latam, isso é ainda mais marcante, uma vez que a companhia já iniciou novas rotas como Roma e Las Vegas, além dos anúncios de Tel Aviv, Boston e Lisboa, além de Orlando a partir de Fortaleza. Jerome Cadier afirmou que, após um período de restrição e diminuição de malha, em 2015 e 2016, este é um sinal importante e mostra a força da companhia.

Além disso, ele acredita que isso beneficia o passageiro, uma vez que destinos como Tel Aviv, Boston e Las Vegas não tinham ligações diretas. Já nos casos de Roma e Lisboa, a ideia é oferecer mais opções ao mercado. “É bom para o passageiro ter voos, horários e serviços diferentes para poder escolher. De todas estas rotas, Lisboa foi a mais marcante e a demanda está acima do que imaginamos”, revelou.

Jerome: hub no Nordeste ainda está no radar da companhia

Jerome: hub no Nordeste ainda está no radar da companhia (Foto: Eric Ribeiro)

NORDESTE

Assunto que agitou o mercado há dois anos, a criação de um hub na região Nordeste por parte da Latam não aconteceu. Embora o projeto ainda esteja no radar da companhia, segundo o seu presidente, ele não deve ocorrer em um curto prazo. No entanto, assim como as demais companhias nacionais e até players internacionais, a aérea vem ampliando as suas opções e incluindo novas rotas nas capitais nordestinas. Além de ligações, a partir de Salvador e Recife para Buenos Aires e Estados Unidos, a empresa anunciou recentemente dois voos semanais para Orlando e mais um para Miami saindo de Fortaleza.

“Constantemente, temos que olhar para a demanda e para o desejo dos passageiros e entender como podemos atender isso da melhor forma. Há muitos anos começamos a discutir o que chamamos de um hub da companhia no Nordeste. E isso foi um pouco antes da crise atingir o Brasil de uma forma importante. Por isso, acabamos postergando este plano. Mas continuamos com um plano pontual de aumentar a frequência de alguns voos diretos de algumas capitais”, contou.

Ainda sobre o hub, Cadier fez questão de frisar que o projeto contemplava entre dez e 15 voos diários e uma frota de Boeings 767 alocados a partir da cidade escolhida. “Um hub não é colocar um voo por dia. O nosso projeto é diferente do que nós e outras companhias estamos fazendo neste momento, apesar de todo mundo gostar de chamar de hub”, alfinetou.

E quando a criação deste hub pode finalmente acontecer? Para o presidente da Latam, isso depende da situação macroeconômica do país e da demanda. Ele lembrou que quando a companhia anunciou este projeto, o Brasil transportava cerca de 100 milhões de passageiros por ano. Hoje este número está 10% abaixo. “O projeto está ainda no nosso radar. O gatinho será a demanda de passageiros. Hoje, temos um hub internacional, que é Guarulhos, e um doméstico, que é Brasília”, explicou.

CÉUS ABERTOS

Sancionado nesta quarta-feira (27), o Acordo de Céus Abertos é um dos assuntos que divide opiniões entre as companhias aéreas. Cadier acredita que os impactos no mercado não devem acontecer nem a curto e nem a médio prazo, uma vez que envolve o planejamento de malha, que é feito com grande antecedência. Ele explicou que, a partir do momento em que ele for oficial, a Latam poderá sentar com a American Airlines – companhia que tem um Joint Business Agreement – para discutir as oportunidades.

“Os impactos só devem se materializar na segunda metade de 2019. Começaremos a ter um planejamento de rede integrado das duas companhias, pois conhecemos o Brasil melhor que a American, que por sua vez conhece os Estados Unidos melhor que nós”, destacou. “Com isso, consegue planejar de forma mais eficiente, por exemplo, se vale a pena ter um voo direto Curitiba, de Porto Alegre, com que frequência e em que horários. Conseguiremos dar mais opções ao cliente e não necessariamente forçar todo mundo a conectar no mesmo lugar”, adicionou.

Ele espera ainda mudanças mais sutis, como em situações de voo com atraso, cancelamento ou fechamento de aeroporto, por exemplo. O executivo acredita que com o Joint Business Agreement já estabelecido é possível prover melhores soluções aos passageiros nestes casos.

Sobre a concorrência com as companhias norte-americanas, Cadier garantiu que não é um problema. Ele lembrou que a Latam defende um mercado mais aberto e que isso beneficiará todo o mercado. “A Latam acredita na livre concorrência. Toda vez que você limita as opções dos passageiros, também limita o seu crescimento. Existe sim o risco de mais empresas norte-americanas se conectarem ao Brasil. Quem não está pronto para uma concorrência mais agressiva vai sofrer. Mas, já imaginando que este é um cenário que viria, estamos trabalhando nisso há algum tempo, com a American Airlines para os Estados Unidos e com a British Iberia na Europa”, contou.

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