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Destinos

ENTREVISTA – ​​“A mudança no Turismo virá dos empresários”

Toni Sando, presidente-executivo do SPCVB

Toni Sando, presidente-executivo do SPCVB

O poder público é muito cobrado pelos resultados da promoção do Brasil no exterior. Empresários e profissionais do setor são críticos às ações do governo e especialmente aos número de estrangeiros que visitam o país, hoje na casa dos 6 milhões por ano. Por outro lado, os Conventions & Visitors Bureaux (CVBx) – associações que reúnem a cadeia produtiva do setor – incorporam esta missão do lado privado. Por muitas vezes, o trabalho destas entidades é feito sem o apoio das Secretarias de Turismo locais, que quando atuam, seguem linhas diferentes, desconexas com os projetos das empresas privadas. Esta barreira, no entanto, começou a ser quebrada com a parceria entre o São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB) e a São Paulo Turismo (SPTuris). A partir de agora, eles passam a atuar de forma conjunta, compartilhando dados e desenvolvendo ações em parceria. Na opinião do presidente-executivo do SPCVB e vice-presidente de Informação e Conteúdo da União Nacional de CVBx e Entidades de Destinos (Unedestinos), Toni Sando, este pode ser um exemplo a ser seguido em todo o país.

MERCADO & EVENTOS – Você acredita que a parceria entre o SPCVB e a SPTuris podem colocar o setor privado como protagonista na promoção do destino?
Toni Sando – O que temos feito e que tinha sido interrompido na última gestão é promover muitas ações conjuntas. Ao assinar este novo termo, a primeira coisa que definimos foi a necessidade de trabalharmos juntos para a captação de eventos, participação em feiras, elaboração de dossiês e treinamentos. Criamos uma base de indicadores única. Os dados de todos os setores, como gastronomia, feiras, eventos, visitantes e outros serão centralizados em um único portal. Fizemos uma mobilização para que todos possam ter acesso às mesmas informações. A afirmação de que o turismo não tem dados não é correta. Cada setor tem o seu, eles só não estavam consolidados. A segunda parte da parceria é justamente a definição de que mensagem queremos passar sobre a cidade. Já fazíamos dossiês para captação de eventos e a SPTuris fazia materiais promocionais. Agora vamos consolidar tudo para que todos tenham a mesma informação e o destino seja vendido com a mesma linguagem.

M&E – Você acredita que este é um exemplo a ser seguido por outros conventions e administrações públicas no Brasil?
Toni Sando – Muitos municípios e conventions já trabalham juntos. O que pretendemos, por meio da Unedestinos, é que todos os demais associados tenham o passo a passo do que estamos fazendo com a SPTuris para servir de referência. Este é o conceito da Unedestinos: compartilhar informações para que todos possam trabalhar na mesma linha e com a mesma qualidade. Já temos hoje outros conventions que trabalham a administração pública, mas nenhum tem ainda o nível de integração que queremos ter em São Paulo. O empresariado deve ter o papel de multiplicador das boas ações da cidade. A proposta deste alinhamento é que sejamos o catalisador e multiplicador das boas mensagens. Daqui para frente a promoção terá uma única mensagem, seja para trazer um evento ou para atrair visitantes a lazer.

M&E – Isso significa que a Iniciativa privada tem mais condições de se organizar e realizar ações com resultados efetivos na divulgação do destino?
Toni Sando – O setor público tem que ser o orquestrador. Ele tem o papel de estimular. Não dá para deixar o plano operacional para os governos. O que eles precisam é disponibilizar equipamentos, infraestrutura e facilidades. É um trabalho conjunto e dentro desta nova gestão, temos um papel fundamental, que é de fato colocar as coisas em pé e deixar o poder público apenas com a infraestrutura.

M&E – Temos exemplos no mundo em que CVBx atuam como agência oficial de promoção do destino. A partir do exemplo de São Paulo, isso pode ocorrer por aqui também?
Toni Sando – Cada país tem um modelo e muitas vezes dinheiro fácil não cria grandes desafios. Conventions mistos ou públicos têm atuação limitada. Aqui os CVBx são muito independentes, porque todos são privados. Isso faz com que tenhamos mais estímulo para obter fórmulas para cumprir a missão de ampliar o fluxo de visitantes em um destino. Quando o setor público ajuda é bom, porque soma esforços, mas quando isso não acontece, o empresário precisa entender que precisa tomar atitude, ir ao campo de batalha e, de alguma forma, fazer isso. Não existe salvador da pátria. Não podemos esperar que o recurso público faça a grande transformação do turismo no Brasil. Quem faz a mudança do turismo no Brasil são os próprios empresários do setor.

M&E – A transformação da Embratur em uma agência pode levar os CVBx a contribuir mais na missão de promover o país no exterior?
Toni Sando – Sem dúvida. O presidente da Embratur, Vinicius Lummertz, explicou a todos os associados da Unedestinos como será o funcionamento do órgão. Ela terá o papel de uma agência de fomento e o Convention pode ser utilizado como um instrumento para isso. Há toda uma máquina trabalhando junta e a vantagem é que isso desburocratiza e deixa as ações mais ágeis. Acreditamos que é uma proposta que veio na hora certa, pois há um grande movimento para sairmos da zona de conforto e mostrarmos que o país tem potencial para receber mais visitantes. Esta mudança vai ajudar o setor privado a participar das decisões macro para que a promoção seja feita com mais coerência.

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