Aviação doméstica já opera em níveis acima de 2019

Azul, Gol, Latam, Voepass, entre outras transportadoras, estão com seus voos cheios e anunciando cada vez mais novas frequências e rotas inéditas (Divulgação/Inframerica)

Nem mesmo todos os imbróglios encontrados pela aviação comercial brasileira neste momento pós-pandemia são capazes de impedir o setor de decolar novamente. Estamos em ritmo de pré-pandemia por aqui, ou melhor, de pós-pandemia, porque os resultados já superam números registrados em 2019. O preço do Querosene de Aviação (QAV), por exemplo, subiu 170% de janeiro a julho deste ano, impactando diretamente o preço médio da passagem aérea, que chegou a R$ 597,91 em julho (alta de 15,8% em relação ao mesmo período de 2019). Seria o bastante para frear este momento de retomada de viagens aéreas?

Por enquanto, digamos que não. Azul, Gol, Latam, Voepass, entre outras transportadoras, estão com seus voos cheios e anunciando cada vez mais novas frequências e rotas inéditas. Em uma cadeia como o Turismo, que movimenta mais de 50 atividades e gera um em cada quatro empregos no Brasil de carteira assinada, grande parte dos hotéis, agências e operadoras também estão “surfando na crista da onda” e já reportando resultados acima do registrado antes mesmo da pandemia.

Não é por nada. A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), ao divulgar os resultados referentes ao segundo trimestre de 2022, revelou que 40,6% de suas associadas já faturam em níveis acima do pré-pandemia. Destaque ainda para o volume de vendas em comparação ao ano passado, quando 81,2% das operadoras ultrapassaram a marca dos 100% dos valores faturados. Estes números estão ligados, não só ao desejo do brasileiro de viajar, mas também ao investimento das companhias aéreas justamente na retomada de rotas e no aumento de frequências para as cidades que já estavam sendo atendidas por suas respectivas malhas aéreas.

Duas pesquisas divulgadas recentemente também reiteram o desejo pelas viagens. O estudo “Narrativa Travel – 2022”, divulgado pela Meta (administradora de algumas das principais redes sociais utilizadas no Brasil) e compartilhado pelo Ministério do Turismo, revelou que 55% dos entrevistados acreditam que viajar é muito importante para suas vidas e 66% pretendem viajar no segundo semestre de 2022. A pesquisa, realizada em maio de 2022, com 500 entrevistados, destacou que a maioria (60%) planeja viagens para dentro do Brasil e a principal razão é o lazer: 79% das pessoas irão viajar por este motivo.

Brasil foi o único país entre os grandes mercados domésticos da aviação a apresentar um crescimento superior ao período pré-pandemia agora em agosto (Divulgação/Inframerica)

Já outra pesquisa, agora realizada pelo Kantar Ibope Media, divisão da empresa Kantar, de dados, insights e consultoria, revelou que 72% dos consumidores brasileiros querem viajar e conhecer lugares novos, enquanto 62% pensam em ir ao exterior e outros 59% acreditam que férias de verdade devem incluir uma viagem. Outro dado da mesma pesquisa aponta ainda que os destinos nacionais continuam em alta: são os escolhidos por 77% dos respondentes com intenção de viajar.

O que seria das transportadoras sem os passageiros, não é mesmo? Mas o que seria dos passageiros sem as transportadoras? De acordo com o Ministério do Turismo, o setor aéreo contribui diretamente para impulsionar o turismo. Em 2021, por exemplo, um em cada dez brasileiros em viagem utilizou este modal para chegar até o próximo destino, segundo a PNAD Contínua Turismo 2020-2021 produzida a partir justamente de uma parceria entre o MTur e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A gente que trabalha em reportagem, na cobertura de eventos e feiras, sempre escuta que o Brasil (e a América Latina como um todo!) tem muito potencial de crescimento. E depois do tsunami gerado pela pandemia, estamos todos mostrando um poder de reação muito bom! Tanto é que o Brasil foi o único país entre os grandes mercados domésticos da aviação a apresentar um crescimento superior ao período pré-pandemia agora em agosto. O índice cresceu 0,6% em relação ao mesmo mês de 2019, superando, por exemplo, os Estados Unidos, onde a demanda caiu 8,6%.

Já segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de janeiro a agosto, mais de 53 milhões de embarques foram realizados no país, alta de 49% em relação ao mesmo período de 2021. O mês de julho (período de férias escolares) foi o melhor do ano para o setor, até o momento, com o registro de mais de 7,6 milhões de viagens no período.

Vamos aqui rapidamente comparar os dados divulgados pela Iata. O tráfego doméstico global em agosto aumentou 26,5% em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a 85,4% do nível pré-pandemia. Já no caso da América Latina, o tráfego de agosto das companhias aéreas mais do que dobrou (+102,5%), em relação ao mesmo mês de 2021, quase quatro vezes mais do que a média global! A capacidade, por sua vez, aumentou 80,8% e a taxa de ocupação subiu 8,9 pontos percentuais para saudáveis 83,5%.

E no Brasil? Muito bem também, obrigado! No mercado doméstico brasileiro, a demanda cresceu 25,7% e a oferta subiu 23,4%, o que fez com que a taxa de ocupação também crescesse 1,5 ponto percentual e chegasse aos também saudáveis 81,2%, ainda segundo a Iata.

Já de acordo com Conselho Internacional de Aeroportos da América Latina e Caribe (ACI-LAC), o tráfego aéreo na América Latina e Caribe atingiu 98,3% dos níveis pré-pandemia agora em agosto. Apesar de ainda não ter alcançado os números anteriores à pandemia, este é o melhor desempenho dos aeroportos da região neste retorno dos passageiros às viagens aéreas. Neste caso, o Brasil apresentou um resultado ainda 5% abaixo ao do período anterior à pandemia. República Dominicana e México, por sua vez, foram os paí…

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