Pelo décimo ano consecutivo, os hotéis urbanos brasileiros, que incluem hotéis e flats, registraram crescimento do Revpar – receita por apartamento disponível – em 2014. Os dados são da pesquisa Hotelaria em Números, realizada há 22 anos pela consultoria JLL e que há cinco anos conta com a parceria do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) para incentivar seus associados a responderem os questionários para a elaboração do estudo.
A pesquisa foi realizada com base em questionários respondidos por mais de 460 hotéis, resorts e flats sobre seu desempenho operacional no ano de 2014.
O estudo apontou que o aumento da receita por apartamento, porém, foi mais modesto em 2014 do que nos anos anteriores, já que mesmo o impacto positivo da Copa do Mundo nos principais mercados hoteleiros nacionais não foi suficiente para compensar o fraco ritmo de crescimento da economia do país.
Outro fator que contribuiu para o crescimento mais lento do setor foi o aumento da oferta hoteleira, que fez baixar as taxas de ocupação. Considerando hotéis afiliados a redes hoteleiras nacionais e internacionais, o número de quartos aumentou 7,9% em relação a 2013. A JLL estima que o total de hotéis no Brasil atualmente é de 10.050 empreendimentos e 500.212 quartos.
A taxa de ocupação caiu um ponto percentual em relação a 2013, encerrando 2014 em 64,9%. Já o valor da diária média aumentou 2,9% em relação a 2013 e chegou a R$ 267 no final de 2014, enquanto a inflação no mesmo período foi de 5,9%, mostrando um crescimento mais moderado em comparação aos últimos cinco anos, em que as diárias cresceram acima da inflação.
Por outro lado, com a desvalorização do real em relação ao dólar a partir de 2013, o Brasil voltou a ser um destino turístico mais atrativo, cenário que beneficiou diretamente o desempenho dos resorts em 2014. Em comparação a 2013, o faturamento total dos resorts cresceu 33,4% e o resultado operacional bruto registrou aumento de 2,8 pontos percentuais.
O real fraco em relação ao dólar também beneficiou o segmento de timeshare (tempo compartilhado), que tem atraído cada vez mais os brasileiros. Vários resorts vêm implementando esse conceito com sucesso.
Grandes transações no setor devem continuar – Em 2014 ocorreram as maiores transações da história do setor hoteleiro no país. Os três principais negócios já anunciados envolvem a participação de fundos de private equity: o fundo Quantum adquiriu a Atlantica Hotels – uma das maiores administradoras hoteleiras do país; o fundo GTIS comprou aproximadamente 70% das ações do Brasil Hospitality Group (BHG), incluindo seus ativos hoteleiros e fechou o capital. E o fundo HSI, por meio de uma plataforma denominada 2.0 Hotéis, está desenvolvendo 20 hotéis com a marca própria Zii em várias cidades brasileiras e adquiriu a Rede Arco Hotéis, com 12 empreendimentos hoteleiros no interior do estado de São Paulo.
A expectativa da JLL é de que em 2015 também sejam efetivados outros negócios de destaque no setor e a participação de fundos de investimentos e outros tipos de investidores institucionais deve aumentar, à medida que o mercado de incorporação imobiliária continua a ser impactado negativamente pelo baixo ritmo de crescimento da economia.
“Estas transações são uma prova de que o Brasil continua no radar para investimentos de longo prazo e de que o setor hoteleiro nacional tem um grande potencial e oferece diversas oportunidades para os investidores”, afirma Ricardo Mader, diretor da JLL Hotels & Hospitality Group. Além disso, afirma o executivo, a superoferta de ativos em outros segmentos imobiliários, como escritórios e shopping centers, nos principais mercados do país, aumenta a atratividade do setor hoteleiro.