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Como ampliar competitividade do setor de cruzeiros no Brasil? Armadoras respondem

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André Pousada (Royal), Adrian Ursilli (MSC), Estela Farina (NCL) e Dario Rustico (Costa Cruzeiros) (Natália Strucchi/M&E)

Brasília – O setor de cruzeiros no Brasil enfrenta desafios significativos para aumentar sua competitividade e atrair mais turistas. Durante o 6º Fórum Clia Brasil 2024, líderes da indústria destacaram pontos cruciais que precisam ser abordados para impulsionar o crescimento e melhorar a atração do mercado brasileiro. Dentre os temas discutidos, segurança jurídica, burocracia e infraestrutura foram os principais focos de atenção.

Dario Rustico, presidente-executivo da Costa Cruzeiros, enfatizou a necessidade de uma visão estratégica clara para o futuro. “As ambições precisam ser concretas e não meramente abstratas. Hoje, não temos muitos detalhes sobre a temporada 2025/2026, enquanto no resto do mundo já se conhece bastante sobre a temporada 2026/2027. É essencial ter uma visão clara de onde queremos chegar. Se não sabemos para onde estamos indo, fica difícil ter uma visão de futuro. Precisamos estabelecer metas e entender o que é necessário para alcançá-las”, ressaltou.

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Dario Rustico, presidente-executivo da Costa Cruzeiros (Natália Strucchi/M&E)

Rustico também apontou a insegurança jurídica, particularmente em relação às questões trabalhistas dos tripulantes, como um desafio crucial. “Há um conjunto de fatores amplamente conhecidos, mas que ainda não vemos evolução significativa. Isso inclui a insegurança jurídica em relação às questões trabalhistas dos tripulantes. É um desafio convencer gestores internacionais de que a situação no Brasil é única e distinta. Não buscamos privilégios, mas sim uma uniformização com o que já é realidade em outras partes do mundo. A infraestrutura também é um ponto crítico; enfrentamos batalhas que não são fáceis de vencer”.

É um desafio convencer gestores internacionais de que a situação no Brasil é única e distinta. Não buscamos privilégios, mas sim uma uniformização com o que já é realidade em outras partes do mundo – Dario Rustico

Adrian Ursilli, diretor geral da MSC Cruzeiros, também abordou as dificuldades enfrentadas pelas companhias de cruzeiro no Brasil. “É desafiador para os gestores internacionais entenderem que a realidade no Brasil é única em comparação com o resto do mundo, especialmente quando a situação não está padronizada por uma lei internacional. Esse é um problema que a indústria enfrenta e que, muitas vezes, os associados têm que lidar sozinhos. Estamos constantemente discutindo e comunicando os desafios para defender nossos interesses”, definiu.

Ursilli destacou a burocracia e o excesso de documentação como obstáculos que impactam a viabilidade dos negócios. “No Brasil, enfrentamos dificuldades que podem não ser tão evidentes em outros mercados, onde há maior demanda, agilidade e um ambiente mais favorável para que as companhias alcancem seus objetivos a custos mais baixos. O custo de operação no Brasil é elevado, o que representa um desafio adicional”, avaliou.

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Adrian Ursilli, diretor geral da MSC Cruzeiros (Natália Strucchi/M&E)

Apesar desses desafios, Ursilli reforçou o compromisso da MSC com o mercado brasileiro. “Mesmo com esses obstáculos, estamos comprometidos em promover nossos serviços e conquistar novos clientes. A equipe trabalha arduamente para promover nossos produtos em eventos e feiras. Não é uma tarefa fácil, mas é essencial para garantir que nossos navios saiam cheios. No entanto, se no final, as contas não fecham, as companhias podem começar a ver o Brasil de forma diferente. Precisamos encontrar um equilíbrio entre os custos e os resultados oferecidos. Devemos investir em planejamento estratégico para os próximos anos, com o objetivo de crescer constantemente e oferecer mais opções ao mercado. Só assim conseguiremos criar um ambiente mais atrativo e competitivo”, avalia Ursilli.

Se no final, as contas não fecham, as companhias podem começar a ver o Brasil de forma diferente. Precisamos encontrar um equilíbrio entre os custos e os resultados oferecidos. Devemos investir em planejamento estratégico para os próximos anos – Adrian Ursilli

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Estela Farina, diretora da NCL (Natália Strucchi/M&E)

Estela Farina, diretora da NCL, ofereceu uma perspectiva otimista, mas realista sobre o potencial do Brasil. “Temos uma perspectiva positiva e otimista em relação ao Brasil. Sempre consideramos o país como uma potencial rota de cruzeiro, e ele está constantemente no radar das nossas estratégias. No entanto, quando comparamos os custos e a infraestrutura, a situação se torna mais complexa”, justificou.

Farina destacou a importância de criar roteiros diversificados e de equilibrar custos com a oferta de uma experiência de qualidade. “É interessante criar roteiros diversificados para evitar a repetição constante de itinerários similares, algo que percebemos frequentemente. A dificuldade está em equilibrar os custos com a oferta de uma experiência de qualidade. O planejamento envolve um exercício cuidadoso para montar roteiros que não sejam apenas viáveis, mas também ofereçam uma experiência diferenciada para os passageiros”.

Acredito que, com o planejamento adequado e um ambiente mais claro e transparente, há um potencial significativo para expandir nossas operações no Brasil e explorar novas oportunidades – Estela Farina

A questão da segurança jurídica também foi mencionada como um fator crucial para o sucesso futuro. “Acredito que, com o planejamento adequado e um ambiente mais claro e transparente, há um potencial significativo para expandir nossas operações no Brasil e explorar novas oportunidades”, finalizou.

Andre Pousada vice presidente regional de Relacoes Governamentais para America Latina do Grupo Royal Caribbean Como ampliar competitividade do setor de cruzeiros no Brasil? Armadoras respondem
André Pousada, vice-presidente regional de Relações Governamentais para América Latina do Grupo Royal Caribbean (Natália Strucchi/M&E)

André Pousada, vice-presidente regional de Relações Governamentais para América Latina do Grupo Royal Caribbean, salientou que quando fala-se em crescimento, fala-se em acordos e parcerias com governos. “No meu caso, o trabalho é com a região da América Latina. Trabalho com países que têm condições econômicas muito inferiores ao Brasil e muito menos potencial. No entanto, realizamos um trabalho efetivo e vemos progressos. Por exemplo, observamos que países como a Suécia estão fazendo avanços significativos, enquanto o Brasil ainda enfrenta desafios”.

Trabalho com países que têm condições econômicas muito inferiores ao Brasil e muito menos potencial. No entanto, realizamos um trabalho efetivo e vemos progressos – André Pousada

Ele também foi enfático ao falar sobre a legislação trabalhista. “É importante entender o motivo de alguns países não conseguirem avançar. Cito o caso da Guatemala e El Salvador, que me perguntaram como resolver a questão trabalhista para gerar empregos. Eles enfrentam desafios significativos por serem países pequenos com menos indústrias e agricultura comparados ao Brasil e México. Eu sugeri que uma legislação adequada poderia ajudar a criar empregos. Utilizamos como exemplo a legislação das Filipinas, que foi adaptada para El Salvador. O presidente aprovou essa legislação no congresso, e agora esses países têm uma legislação internacional que facilita a contratação de tripulantes”, exemplificou.

Para André Pousada a competitividade é um fator crucial para impulsionar o setor de cruzeiros no Brasil. “Em Miami, por exemplo, a eficiência no processo alfandegário é de 12 minutos. Em contraste, em alguns países, a experiência pode levar até três horas. Esse atraso afeta diretamente a experiência do passageiro e a competitividade da empresa. Além disso, regulamentações sanitárias desatualizadas e exigências como a vacinação contra febre amarela podem aumentar significativamente os custos. Por exemplo, a vacina custa $200 cada em Londres, o que representa um custo elevado para uma doença que não está em epidemia. É essencial atualizar essas regulamentações para melhorar a competitividade e a experiência do cliente”.

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