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Como a caixa preta de aeronaves ajuda a solucionar acidentes? Entenda

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Beatriz do Vale

Publicado - 01/02/2025 - 08:24

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Caixa preta pode identificar as causas do acidente, entender as ações dos pilotos e da tripulação e prevenir futuros acidentes (Imagem criada por IA)

A recente colisão de um avião com um helicóptero no Rio Potomac, em Washington DC, capital norte-americana, na última quarta-feira (29), trouxe à tona a importância da caixa preta, uma das evidências forenses mais importantes após um acidente aéreo.

Também conhecida como gravador de dados de voo (Flight Data Recorder – FDR) e gravador de voz da cabine (Cockpit Voice Recorder – CVR), a caixa preta é um dispositivo crucial para registrar dados importantes durante o voo e projetada para ser indestrutível, sendo resistente a impactos, incêndios e pressões extremas. Normalmente ela é instalada na parte traseira da aeronave, pois é uma parte menos provável de ser danificada em caso de acidente.

Vale ressaltar que apesar do nome, a caixa preta é laranja, pois é uma cor fácil de ser encontrada em meio a destroços e também em grandes profundidades oceânicas. Seu tempo de vida útil é indefinida.

Acidente aéreo

As autoridades conseguiram recuperar na quinta-feira (30) um gravador de dados de voo em boas condições do avião e suas informações devem ser baixadas em breve. Já o gravador de voz da cabine será mais difícil devido à quantidade de água. E ontem (31), conseguiram recuperar o gravador de voz da cabine do helicóptero.

Com esse material, os investigadores poderão entender o que sucedeu o acidente, já que a caixa preta consegue armazenar:

  • dados do voo como velocidade, altitude, direção, aceleração etc;
  • conversas entre os pilotos e com o controle de tráfego aéreo;
  • alertas e mensagens: avisos de sistema, mensagens de erro etc.

O resultado dessas informações poderá identificar as causas do acidente, entender as ações dos pilotos e da tripulação e desenvolver medidas de segurança para prevenir futuros acidentes.

Gravador de voz – coleta transmissões de rádio e sons, como as vozes do piloto e ruídos do motor, avisos de estol (indica a perda de sustentação das asas de um avião) e outros cliques e estalos. A partir desses sons, os investigadores podem determinar a velocidade do motor e a falha de alguns sistemas, assim como transcrever conversas entre os pilotos e a tripulação e comunicações com o controle de tráfego aéreo.

Gravador de dados – carrega 25 horas de informações, incluindo voos anteriores dentro desse intervalo de tempo, o que pode fornecer dicas sobre a causa de uma falha mecânica em um voo posterior. Além do monitoramento da altitude, velocidade e direção, o gravador de dados pode coletar o status de mais de mil outras características, desde a posição do flap de uma asa até os alarmes de fumaça.

Momento da colisão

As gravações de conversas de controle de tráfego aéreo, publicadas online, sugeriram que um controlador tentou avisar o helicóptero sobre o avião da American Airlines. O piloto pareceu responder para confirmar que estava ciente, mas momentos depois as duas aeronaves colidiram.

Em entrevista aos repórteres ontem à noite, Todd Inman, do National Transportation Safety Board, foi questionado sobre relatos de que um controlador de tráfego aéreo estava gerenciando o controle de helicópteros e aviões voando na área. Ele apenas respondeu que as autoridades planejam examinar o comportamento do controlador nas últimas semanas e, em particular, nas 72 horas antes do acidente.

Membros do National Transportation Safety Board disseram que ainda não sabem a causa da colisão, que causou a morte de 67 pessoas: 64 a bordo de um voo da American Airlines, e três soldados do helicóptero do Exército Black Hawk. Desse total, 41 corpos foram recuperados da água e 28 foram identificados até esta sexta-feira (31). Autoridades disseram que o restante dos corpos não será encontrado até que seja possível içar o avião do leito do rio.

Trabalho incessante

Mais de 500 pessoas estão trabalhando 24 horas por dia para retirar todos os destroços da água, de acordo com o chefe dos bombeiros de Washington DC, John Donnelly.

Socorristas planejam intensificar as operações no fim de semana para recuperar os destroços do local. No domingo, um guindaste será usado para remover grandes segmentos da aeronave da água.