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Revogação do Perse compromete recuperação do turismo de eventos

 

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Perse permitiu um crescimento médio de 25% ao ano desde sua implementação nas áreas de serviços e eventos (Freepik)

A revogação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) cria uma ruptura perigosa na trajetória de recuperação das empresas de eventos, ameaçando negócios e milhares de empregos.

Durante a pandemia, a crise enfrentada pelo turismo foi devastadora, com uma queda de 38% no setor. Para os eventos, o impacto foi ainda maior: a receita simplesmente zerou do dia para a noite. A retomada só foi possível graças a iniciativas como o Perse, que permitiu um crescimento médio de 25% ao ano desde sua implementação.

Em 2024, o turismo alcançou um faturamento de R$ 512 bilhões, crescendo três vezes mais do que a média da economia brasileira. Esse avanço foi impulsionado principalmente pelos eventos, que movimentam toda a cadeia produtiva – desde hospedagem e transporte até alimentação e entretenimento. Agora, sem o Perse, esse crescimento está ameaçado, e muitas empresas podem não sobreviver à alta carga tributária e à instabilidade econômica.

Outro fator crítico é a empregabilidade do setor. O turismo é o principal gerador de empregos para populações socialmente vulneráveis, incluindo pessoas com menor escolaridade e pertencentes a grupos historicamente marginalizados. Retirar o Perse significa prejudicar diretamente trabalhadores que mais necessitam de oportunidades.

Além disso, a revogação do programa se soma a outros desafios enfrentados pelo setor. O Brasil já possui um dos impostos mais altos sobre bares, hotéis e restaurantes (16,8% de IVA) e um ambiente de negócios hostil, que fez o país despencar no ranking de competitividade global, saindo da 80ª para a 125ª posição entre 2020 e 2024. A insegurança jurídica só agrava esse cenário, tornando o Brasil cada vez menos atrativo para investidores e empreendedores.

Segundo o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, “a revogação do Perse é um retrocesso que pode interromper o processo de reerguimento do setor, colocando em risco não apenas empresas e empregos, mas também o crescimento econômico sustentado que o turismo vinha garantindo ao país”.

O Brasil já apresenta uma ineficiência técnica de 73% no turismo, segundo o Banco Mundial, devido a fatores como criminalidade, impostos elevados, juros altos e passagens aéreas caras. Esses obstáculos já limitam o potencial do país de atrair turistas e aumentar a receita. Sem o Perse, a situação se agrava, reduzindo o faturamento e prejudicando toda a cadeia produtiva.

“Diante desse cenário, o momento exige ação. Empresários, associações e entidades do setor estão se mobilizando para impedir que o turismo de eventos, um dos grandes motores da economia brasileira, seja prejudicado por uma decisão que compromete o crescimento do país”, enfatizou a presidente da Abeoc Brasil, Enid Câmara.

 

 

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