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Fhoresp alerta que retorno do visto para americanos pode afastar turistas e prejudicar o Turismo no Brasil

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Ana Azevedo

Publicado - 09/04/2025 - 16:05

diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto
Diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto (Divulgação/ Fhoresp)

O governo federal deve editar nesta quinta-feira (10) uma medida que volta a exigir visto de entrada para cidadãos dos Estados Unidos, Canadá e Austrália. A decisão ocorre como resposta ao tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump (Partido Republicano), em vigor desde 2 de abril. A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) afirma que a medida deve afastar estrangeiros e comprometer o desempenho
do setor turístico no país.

A dispensa do visto para turistas desses países estava em vigor desde 2019, quando foi revogada por decreto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A isenção, unilateral, não teve reciprocidade: brasileiros continuaram obrigados a solicitar o documento para entrar nos Estados Unidos. Agora, com a nova exigência, visitantes precisarão obter um visto eletrônico, ao custo de US$ 80,90, para permanecer até 90 dias no Brasil.

Para o diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto, o governo federal está adotando uma estratégia equivocada ao reagir com a imposição de barreiras ao ingresso de turistas. “Não de hoje, o Brasil é destino de longa distância para europeus, americanos e asiáticos. Com esta obrigatoriedade de visto, vamos perder visitantes para outros países. Isso vai influenciar diretamente o faturamento de hotéis, bares, restaurantes e atividades de lazer — todo o trade será afetado”, disse.

A entidade argumenta que a imposição do visto tende a redirecionar o fluxo de turistas para destinos concorrentes que mantêm políticas de entrada mais acessíveis. “Vamos disputar o turista com Colômbia, Chile, Peru, Costa Rica, Argentina e México, que não exigem visto. Se a União for em frente com essa medida, estará impondo uma restrição ao país que impacta diretamente o setor, que já opera com dificuldades”, afirma Pinto.

Segundo ele, a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) também será prejudicada. “Isso impacta inclusive as estratégias da Embratur, que tem feito esforço para atrair estrangeiros. O governo está misturando alhos com bugalhos — taxa com visto. É catastrófico.”

A Fhoresp chama atenção para o desempenho modesto do Brasil no turismo internacional. Enquanto o país ainda não atinge 7 milhões de visitantes ao ano, o México recebe cerca de 20 milhões. A França atrai 100 milhões de turistas e os Estados Unidos, 70 milhões. “Estamos muito aquém do nosso potencial. Medidas como essa apenas reforçam esse distanciamento”, conclui Pinto.