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Tarifas de Trump encarecem aviões e derrubam receita de companhias aéreas nos EUA, aponta Allianz

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Felipe Abílio

Publicado - 05/05/2025 - 14:10

Mercado financeiro: dólar abre em queda após registrar maior alta desde abril de 2023
Relatório alerta para efeitos da nova guerra comercial no setor de aviação e turismo internacional (Banco de fotos/Pixabay)

O setor aéreo dos Estados Unidos enfrenta mais uma turbulência. Desta vez, não é causada por clima, mas por tarifas. Um novo relatório da Allianz Research, braço de análise econômica da Allianz Trade, revela que as medidas protecionistas da atual administração de Donald Trump estão inflacionando os custos das aeronaves e pressionando a demanda por viagens internacionais.

Segundo o estudo, a retomada das companhias aéreas após os anos críticos da pandemia — que trouxe crescimento de receita de +23% em 2023 e +7% em 2024 — foi interrompida por uma combinação de guerra comercial, problemas nas cadeias de suprimentos e capacidade limitada no setor.

O cenário já mostra seus efeitos: as companhias americanas registraram queda média de -10% na receita no primeiro trimestre de 2025, e devem ter o menor crescimento do setor global este ano — alta de apenas +1%, contra +10% das empresas europeias e +3% das chinesas.

Capacidade e custos fora de controle

O estudo aponta que o crescimento da capacidade de transporte, medido em toneladas-quilômetro disponíveis (ATK), despencou. Depois de saltar +21% ao ano entre 2022 e 2023, o índice subiu só +8% em 2024 e deve ficar limitado a +5% este ano.

Além disso, aeronaves ficaram 16% mais caras nos últimos cinco anos, e a projeção é de mais +20% até 2030. Fabricantes seguem enfrentando dificuldades para retomar o ritmo de produção pré-pandemia, agravadas agora pelas novas tarifas e tensões comerciais.

Turismo também sente os impactos

O relatório destaca ainda os riscos para o turismo receptivo nos EUA, setor que movimentou USD 215 bilhões em 2024 e recebeu mais de 72 milhões de visitantes internacionais. Apenas México e Canadá respondem por 52% desses turistas — dois países diretamente afetados pelas medidas comerciais americanas.

Dados do Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras apontam queda de -6% no número de visitantes em fevereiro e -8% em março (na comparação anual), com impacto direto nas taxas de ocupação dos voos, que caíram de 84% para 78%.

Com o querosene de aviação ainda em queda, o combustível virou o único alívio para o setor — já que representa 29% dos custos operacionais. Mas o alívio pode não ser suficiente diante da tempestade tarifária que se desenha no horizonte.