
Conhecida como “a cidade mais fria de Minas Gerais”, a pequena Maria da Fé encravada a uma altitude de 1.260 metros entre as montanhas na Serra da Mantiqueira mineira, oferece uma possibilidade inesquecível aos turistas: combinar o frio intenso e experiências rurais ditadas pela olivicultura de alto nível em um mesmo roteiro, entre outras experiências.
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Neste pequenino destino mais que turístico, de experiências inesquecíveis, de 15 mil habitantes, as temperaturas mínimas podem ficar abaixo de 0°C no inverno. As geadas são comuns. Mas, nada como se aquecer em frente às lareiras aconchegantes em boa parte das pousadas e hotéis bem equipados para a estação mais procurada por turistas.
Localizada estrategicamente no Sul de Minas Gerais, Maria da Fé está próxima de São Paulo (230 km), Rio de Janeiro (280 km) e a 478 km da capital mineira, Belo Horizonte.
Além de conhecer um dos destinos serranos mais emblemáticos, o viajante pode visitar propriedades especializadas na produção de azeites orgânicos e biodinâmicos, conhecer a produção de queijos premiados ou apreciar a confecção do famoso artesanato em papel kraft e fibra de bananeira, da Gente de Fibra.
A economia mariense tem ganhado destaque pela produção de azeites extravirgem. As plantações de oliveiras já a tornaram conhecida como “A Cidade das Oliveiras” com fazendas que oferecem visitação e degustação. A produção de azeites é uma das maiores atrações do destino, que cada vez atrai mais turistas de todo o país.
“O turista gosta muito da experiência, porque a oliveira é uma árvore assim, bíblica, tem todo um simbolismo. Muitos tem a curiosidade de conhecer a planta e saber de onde vem a azeitona. Hoje o turismo é muito vivencial. O visitante gosta de vir para conhecer a planta, participar da colheita, acompanhar lá no lagar a moagem, a extração e provar o azeite na hora assim que produzido”, explica o pesquisador da Epamig, Pedro Moura.
“Maria da Fé, destino turístico acolhedor, onde a gastronomia mineira une-se a uma oferta de pousadas e hotéis singelos que promovem a hospitalidade. Cidade de paisagem única, coberta por araucárias, oliveiras, cerejeiras e vinhedos”.
Atualmente, a Serra da Mantiqueira tem 200 produtores registrados de azeite de oliva, responsáveis por 90 marcas produzidas e comercializadas. O ciclo agrega valor à atividade rural e todo seu entorno, como comércio, restaurantes e pousadas que desde 2015, im pouco antes da pandemia começava a associar o azeite diretamente ao turismo em Matia da Fé.
Entre as inúmeras atrações oferecidas nas propriedades que trabalham com oliviturismo, algumas, como Olivais de Quelemém (@olivaisdequelemem) oferece aos visitantes uma experiência um tour guiado (R$60 por pessoa) ao olival e estufas de frutas vermelhas, percorrendo os olivares e participando de degustações para entender como a propriedade orgânica e biodinâmica consegue criar alguns dos melhores azeites de Maria da Fé. A atividade dura 3/4 horas e, a partir de junho, Olivais de Quelemém terá um restaurante à la carte e espetáculo no fim da tarde com vista para o pôr-do-sol no relevo mais que privilegiado dos montes sinuosos da serra mineira.
“A diferença do Olivares de Quelemém é um produto de qualidade superior e sabor mais apurado, porque trabalhamos com a agricultura orgânica e biodinâmica. Assim, nosso produto é diferenciado, traz mais qualidade e mais saúde para a mesa”, diz o mestre lagareiro e gerente do Olivares Quelemém Luiz Augusto da Silva, mestre responsável pela produção do azeite extravirgem Zet.
Já a Fazenda Maria da Fé (@fazendamariadafe), pioneira no cultivo de oliveiras na cidade, recebe os turistas com restaurante de comida mineira, incluindo o prato premiado do Circuito Gastronômico Comidas de Maria e visitas guiadas ao olival e lagar.
Proprietária desde 2015, Mirta Bonifácio, começou dois anos depois a focar na atividade turística com a abertura do restaurante. “As pessoas vinham para cá e queriam almoçar, ficar mais tempo na fazenda”. A Maria da Fé recebe visitantes e clientes de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte. “Claro. Ouvem falar de azeite, ficam encantados e acabam vindo para a cidade. O meu azeite é um azeite bem especial, fresco, porque assim que acaba de ser extraído já pode ser colocado na prateleira”.

Olivoturismo em alta – O secretário de Cultura e Turismo de Maria da Fé, José Maurício Campos Ribeiro, explicou que desde 2017 a Secult realiza, em parceria com o Sebrae, uma série de ações cronológicas e estratégicas para fomentar o turismo. “Temos alguns paradigmas que precisam ser quebrados aos poucos. Mas, importante destacar que a partir de 2018, as fazendas começaram a se articular para fazer receptivos e apostar no Turismo Rural, de experiências, como as de produção de azeite já fazem e se tornaram a principal condutora turística da cidade. Antigamente era o frio, o pessoal vinha mais pelo frio, mas hoje já recebemos mais pessoas interessadas no azeite”, explicou.
A Fazenda Santa Helena (@azeitemonasto) é um caso a parte na produção inclusive do premiadíssimo azeite de oliva extravirgem Monasto, um blend natural produzido ao som de música clássica, erudita, com notas de barroco e cantos gregorianos. São 70 caixas distribuídas pelos olivares que somam 3.200 oliveiras assistidas por 12 horas diárias de musicoterapia.
E os resultados dessa técnica nada convencional não poderiam ser mais surpreendentes: enquanto a colheita de azeitonas acontece uma vez ao ano, em todo o mundo, na Santa Helena desde 2020 a safra acontece duas vezes ao ano.
“A musicoterapia é o diferencial dessa fazenda em relação às outras produtoras de azeite. A quantidade de produção aumentou e principalmente a qualidade do nosso produto”, destaca Ulisses Ferreira, responsável pela gerência da fazenda, aberta à visitação, incluindo passeios pelo Jardim Secreto e Jardim de Samambaias, o alto da Santa Helena e o mirante de São Francisco.

A gastronomia no restaurante do Santa Helena é um capítulo a parte com o chef Gabriel Zaroni. O melhor da cozinha mineira e contemporânea pode ser apreciada em um ambiente majestoso com vista panorâmica de olivares sem fim e matas preservadas em todo o entorno da Santa Helena.
Monasto, o azeite campeão – Em 6 anos de produção, o azeite Monástico está entre os 300 melhores azeites do mundo e um dos mais premiados do Brasil. Com a safra 2024, a Santa Helena é medalha de ouro em Londres, Itália, Israel, Dubai e Berlim. Fora essas 5 premiações de ouro, Monasto foi eleito o único azeite delicado do Brasil. Para um azeite ser considerado delicado, todas as notas de frutado, amargor, picância e frescor têm que estar muito bem equilibradas e em harmonia.
Encerrando a parte de experiências com azeites da mais alta qualidade, curiosidades e dedicação não deixem de visitar, e por que não passar o dia e almoçar, a Fazenda Fio de Ouro. Dona do segundo maior lagar da América Latina, o espaço com 6 mil pés de olivas em produção oferece um tour guiado aos sábados e domingos, incluindo um tour em inglês. O diferencial da fazenda é a produção, na entressafra da oliveira, do azeite de abacate elaborado a partir da polpa do fruto avocado ou abacate Hass, de tamanho menor.
Cooperativa Mariense de Artesanato – Gente de Fibra – A cooperativa de artesanato Gente de Fibra (@gentedefibraartesanato) fundada em 1999 se destaca pela produção de peças decorativas e utilitárias com design moderno, utilizando materiais sustentáveis e reciclados, principalmente a fibra de bananeira e papelão reciclado. A ideia de utilizar a fibra de bananeira surgiu do artista plástico Domingos Tótora, em parceria com o Sebrae-MG.
“Ao longo de mais de duas décadas, a cooperativa se consolidou como uma referência no artesanato de design, com produtos que já foram expostos em feiras nacionais e internacionais”
A nova coleção da Gente de Fibra será lançada em São Paulo, durante a Abup Show que acontecerá de 12 a 15 de agosto no Pro Magno Centro de Eventos. O evento organizado pela Associação Brasileira de Empresas de Utilidades e Presentes (Abup), e é uma feira de negócios B2B para lojistas e profissionais do setor.
Os artesãos da Gente de Fibra, conta Edna Santos Ferreira, criam uma variedade de produtos, que incluem peças decorativas e utilitárias (bowls, luminárias, bandejas, fruteiras, trilhos de mesa, capas para cadeiras, e outros objetos de design), a partir de fibra da bananeira utilizada para criar texturas e adornos e papel reciclado de caixas de papelão descartadas e combinadas com a fibra da bananeira.
Roteiros da Fé – Dentro das fazendas, o turista dispõe de passeios guiados, trilhas ecológicas e restaurantes com menus especiais. A cidade também oferece o turismo peregrino, religioso, com as rotas Caminho da Fé e Caminho da Agonia, uma ação entre quatro cidades da microrregião da Mantiqueira que começa em Cristina, passa por Maria da Fé, Pedralva e Itajubá, maciço da Serra da Mantiqueira. A cidade também tem passeios rurais a cavalo e guias locais que fazem city tours, que visitam a igreja, Gente de Fibra e o Centro Cultural. “Essas rotas estão todas preparadas para receber o turista e operadores que cuidam de tudo. Além disso, as instâncias, não só as olivicultoras, mas outros sítios aqui que têm essa questão de passeios a cavalo, atividades ecológicas e também a parte da arte design que alguns operadores aqui também artistas e seus showrooms e espaço para visitação.
GALERIA:
(Rafael Torres/M&E)
*O M&E viaja com proteção GTA