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Turismo esportivo: a vitrine internacional mais potente do setor

Foto de Beatriz do Vale

Beatriz do Vale

Publicado - 07/07/2025 - 06:02

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O esporte se tornou uma atração mundial, que somado ao turismo é uma engrenagem potente e lucrativa (Beatriz do Vale/M&E/Criada por IA)

A paixão pelo esporte movimenta bilhões de dólares por ano. Em grandes competições, como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, o destino-sede se torna uma vitrine global, com holofotes que transcendem as arquibancadas, impulsionando diretamente os setores da hotelaria, alimentação, transporte, comércio e entretenimento, além de gerar empregos temporários, melhorias urbanas, maior arrecadação de impostos e projeção midiática.

Eventos esportivos mundo afora

O mercado esportivo vive um momento de expansão. De acordo com estimativas da ONU Turismo, o turismo esportivo já representa cerca de 10% do volume global de viagens internacionais.

Mercado brasileiro

O turismo esportivo tem se consolidado como uma importante vertente da economia do esporte. Ao M&E, o ministro do Esporte, André Fufuca, pontuou que a expectativa é que este segmento registre um crescimento expressivo em relação aos últimos, impulsionado por eventos de grande porte, como competições internacionais sediadas no Brasil, e pela retomada do calendário esportivo com mais força após os anos críticos da pandemia. Destacou ainda que o Ministério do Esporte tem atuado para ampliar o alcance dessas iniciativas e fortalecer o setor.

“Temos notado um interesse crescente da população pelo esporte, tanto na prática esportiva quanto como atividade de lazer e turismo. Esse movimento é resultado de diversos fatores, como a valorização dos atletas brasileiros, a realização de grandes eventos no país e o reconhecimento da importância do esporte para a saúde e o bem-estar. O fortalecimento de políticas públicas voltadas à inclusão esportiva também tem contribuído para esse cenário”, disse o ministro.

Promoção de eventos no Brasil e seus desafios

O turismo esportivo é uma poderosa ferramenta de desenvolvimento regional, inclusão social e projeção internacional do Brasil. Para André Fufuca, do ponto de vista do Ministério do Esporte, trata-se de um segmento estratégico, que merece atenção e investimentos contínuos.

“O Brasil vive um novo momento no esporte, alicerçado por um legado importante deixado por grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos Rio 2016, que representaram um salto histórico em termos de infraestrutura esportiva. Hoje, o desafio é aproveitar esse legado, ampliando a capacidade de realização de novos eventos e atraindo cada vez mais competições internacionais para o país. No cenário externo, também temos investido na valorização da imagem do Brasil como potência esportiva. Um dos principais instrumentos nesse sentido é o Bolsa Atleta, que permite o desenvolvimento de mais de 10 mil atletas brasileiros, que são os verdadeiros embaixadores da nossa imagem no mundo”, destacou André Fufuca.

Já para a diretora de Comunicação e Marketing do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Manoela Penna, o país se estruturou bastante recentemente como resultado da realização e grandes eventos esportivos, como a Copa de 2014 e Jogos Rio 2016: “Não apenas a infraestrutura de hospedagem e aeroportos, mas também termos de capacitação de mão de obra. Realizar eventos internacionais exige uma mobilização e cooperação entre entidades esportivas e inciativas públicas e privadas. Já para eventos nacionais, o papel das entidades esportivas, organizadores de eventos e governos municipais e estaduais é crucial”.

Expectativa do turismo esportivo no Brasil

Mais do que buscar comparativos com o passado, o trabalho do Comitê Olímpico do Brasil está sendo desenvolvido para criar um legado consistente, para que o esporte seja mais praticado, mais consumido e, automaticamente, gerar mais eventos, que movimentem o turismo dentro do Brasil e impactem positivamente a sociedade. “Veja os exemplos da Maratona do Rio, com 60 mil praticantes e uma das provas mais admiradas do mundo. Ou a volta dos grandes eventos ao país, com a Copa do Mundo Feminina de Futebol em 2027 e a candidatura de Rio e Niterói para a sede dos Jogos Pan-Americanos de 2031”, enfatizou Manoela.

Ao M&E, o ministro do Turismo, Celso Sabino, ressaltou: “As nossas expectativas quanto ao turismo esportivo no Brasil são as melhores possíveis, especialmente pelo fato de o país ter sido escolhido para sediar, em 2027, a Copa do Mundo Feminina Fifa de Futebol. Durante o torneio, 32 seleções de todo o planeta vão disputar jogos em Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, movimentado a economia do turismo nestas cidades”.

“Além disso, o Brasil também receberá, em 2025, o Mundial de Ginástica e os Jogos do BRICS, que vão igualmente impactar a movimentação de divisas no nosso setor. Para reforçar o aproveitamento deste potencial, temos inclusive um protocolo de intenções com o Ministério do Esporte e a Embratur para promover atrativos brasileiros durante eventos esportivos que tenham visibilidade nacional e internacional, buscando evidenciar toda a diversidade turística do país e, assim, reforçar o fluxo de visitantes no país”, reforçou.

A exposição dos nossos atrativos naturais, culturais, históricos e gastronômicos em eventos esportivos ajuda a despertar o interesse dos próprios brasileiros e de estrangeiros pelos destinos nacionais. Esta é uma estratégia já adotada com sucesso por outros países, que exibem paisagens e experiências únicas durante a realização desses eventos, que atraem multidões”, finalizou Sabino.

O esporte, além do turismo

“O esporte traz consigo valores importantes, promove a saúde e o bem estar, e é democrático, atendendo a todos os gêneros, biótipos e classes sociais. Participar de um evento esportivo não é somente praticar esporte, é assistir esporte e se inspirar pelo esporte. O Comitê Olímpico do Brasil tem uma visão importante que é a de ajudar a transformar o Brasil em uma verdadeira nação esportiva. Uma nação que reconheça diversas modalidades e que tenha ídolos em variados esportes. E que isso leve, sim, a uma maior prática de esportes por todos”, finalizou Manoela Penna.

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O turismo esportivo já representa cerca de 10% do volume global de viagens internacionais (Beatriz do Vale/M&E/Criada por IA)

DICAS PARA AGENTES DE VIAGEM

O turismo ligado ao esporte vem se propagando muito, não só para receber eventos aqui no Brasil, mas também para que os brasileiros viajem para assistir esportes mundo afora.

A Promotional Travel, agência de viagens com diversos segmentos, como o turismo esportivo, inclusive para empresas: “O diferencial de uma empresa que mexe nesse nicho é exatamente trabalhar com as comunidades daquele esporte, com a família esportiva. Não só a família do atleta, mas aquele que segue um tipo de esporte. Isso é uma oportunidade bem interessante que acaba gerando negócio e motivando as pessoas a viajarem”, disse Luiz Scrauss, presidente e CEO da Promotional Travel.

Para Joaquim Lo Prete, Country Manager da Absolut Sport no Brasil, a Copa do Mundo de 2026 é o grande destaque. “Já garantimos bloqueios em hotéis estratégicos em todas as principais sedes e firmamos acordos com stakeholders que nos permitirão oferecer pacotes completos em diferentes categorias. Outro grande destaque é a Liga dos Campeões: nos consolidamos como a empresa número 1 em vendas no Brasil para a temporada 2025, e levaremos mais de 600 passageiros ao torneio. As finais da Libertadores, Sul-Americana e o GP São Paulo de Fórmula 1 também já são eventos consolidados para a Absolut, com milhares de torcedores e empresas atendidos anualmente”.

Aposta no mercado esportivo

De 2023 para 2024, a Promotional Travel registrou um aumento de cerca de 15%. Para 2025, a expectativa é de dobrar. “Só não consegue crescer mais de 30% porque realmente nossa atividade mexe com tudo. Mexeu na economia com dólar mais alto, mexe no poder aquisitivo da pessoa”, pontuou Luiz.

Para o diretor geral da agência ZV, Pedro Vergara: “2025 será um ano histórico para nós. Consolidamos produtos de ouro como F1, Champions, Libertadores e o Mundial, mas sem deixar de lado outras frentes em crescimento, como o tênis, que vive um momento especial. Estamos preparados para entregar experiências únicas em todos os cenários”.

Perfil de viajante

Para Luiz Strauss, o perfil depende do esporte, mas destaca a importância em oferecer pacotes que contemplem além da experiência de assistir ao jogo, com atrativos para antes e depois.

“Percebemos um crescimento contínuo no perfil de consumidores que buscam não apenas assistir a um jogo, mas vivenciar momentos únicos e inesquecíveis. Experiências muitas vezes indisponíveis nos canais tradicionais de venda”, disse Joaquim Lo Prete. E acrescentou: “Acreditamos que a diferenciação está na combinação entre acesso exclusivo e excelência na entrega. Contamos com camarotes exclusivos no Maracanã e no Estádio Nilton Santos, além de experiências internacionais para os mais variados perfis de torcedores”.