
- SAS será subsidiária da Air France-KLM em movimento de consolidação europeia(Divulgação/Air France-KLM)
O grupo Air France-KLM anunciou na última sexta-feira (4) a aquisição de uma participação majoritária de 60,5% na Scandinavian Airlines (SAS), por meio da compra das ações detidas pelas gestoras Castlelake e Lind Invest.
A operação amplia o controle do conglomerado franco-holandês, que já detinha 19,9% do capital da companhia escandinava. A SAS se tornará subsidiária da holding, em movimento alinhado à consolidação do setor aéreo europeu. A conclusão da transação depende de aprovação regulatória e está prevista para o segundo semestre de 2026.
A aquisição é parte de um investimento de cerca de US$ 1,2 bilhão realizado em agosto de 2024, que viabilizou a reestruturação financeira da SAS. A companhia havia solicitado proteção contra falência nos Estados Unidos em julho de 2022 e encerrou o processo no ano passado. O contrato firmado com o consórcio liderado pela Air France-KLM já previa a possibilidade de ampliação da participação societária após dois anos.
Em nota, a Air France-KLM afirmou que a nova fase “reflete a bem-sucedida recuperação da SAS e os resultados positivos gerados pela cooperação comercial iniciada em 2024”. A empresa destacou que a integração permitirá explorar sinergias em diversas áreas operacionais, fortalecer a presença nos países nórdicos e gerar mais valor aos acionistas. Com a consolidação, a SAS passará a operar como parte do grupo que inclui também a low cost Transavia.
O CEO do grupo, Ben Smith, afirmou que “após a reestruturação bem-sucedida, a SAS demonstrou desempenho impressionante”, e acrescentou que o potencial da companhia continuará crescendo com uma integração mais profunda. Smith já havia classificado a entrada na SAS como uma “forma de baixo risco de participar da consolidação” do mercado aéreo europeu.
O presidente da SAS, Anko van der Werff, classificou o anúncio como um marco na trajetória da empresa. “Não é marketing, não é ostentação, mas este é um dia histórico para nós”, disse em entrevista ao Skift. Segundo ele, o aumento da participação representa uma validação do desempenho da companhia após a reestruturação. “Estamos indo melhor do que o planejado”, afirmou.
O executivo destacou que a posição minoritária de 19,9% permitia apenas acordos pontuais, como interline e codeshare, enquanto a participação majoritária permitirá integração real em áreas como precificação conjunta, malha aérea, frota, programa de fidelidade e contratos corporativos. A SAS também pretende entrar no consórcio de voos transatlânticos que reúne Air France-KLM, Delta e Virgin Atlantic.
Dois dias antes do anúncio, a companhia também oficializou a compra de 45 aeronaves da Embraer, no maior pedido direto da história recente da SAS. A encomenda reforça a projeção de expansão da empresa, agora em fase de estabilidade financeira.
A integração entre as companhias já vinha se intensificando desde 2024, com acordos comerciais ampliados e a saída da SAS da Star Alliance — da qual foi fundadora — para se juntar à SkyTeam, aliança liderada por Air France, KLM e Delta. A mudança fortalece a conectividade com outras redes internacionais e redesenha o mapa das alianças globais na aviação.
Questionado sobre a preservação da identidade da companhia sob novo controle, Van der Werff afirmou que a SAS continuará sendo uma marca escandinava. Ele declarou que o grupo não está adquirindo a empresa para descaracterizá-la, e sim para aproveitar sua expertise regional. “Seria uma destruição de valor anular a fidelidade de 8 milhões de membros do EuroBonus e transformar a SAS em algo que ela não é”, disse.
O governo da Dinamarca manterá sua participação de 26,4% na companhia, com assento no conselho. Noruega e Suécia, que já foram acionistas relevantes, não participam mais da estrutura desde o início do processo de reestruturação.
Para Van der Werff, a operação simboliza também uma etapa da necessária reorganização do mercado aéreo europeu. “A Europa está atrasada. Ainda é muito fragmentada. Isso precisa de uma segunda fase de consolidação”, afirmou. O executivo, que comanda a SAS desde 2021, disse que desde sua chegada acreditava que a empresa deveria integrar um grupo maior.