
Com planejamento financeiro e foco em experiências autênticas, os jovens brasileiros da Geração Z estão reinventando a forma de viajar. De acordo com uma pesquisa do Google em parceria com a Offerwise, a participação desse grupo no turismo nacional dobrou desde a pandemia, saltando de 15% para 28% entre os novos viajantes. A tendência, impulsionada também por uma maior presença das classes C, D e E, reflete uma nova lógica no setor: mais proximidade, menos ostentação.
A maioria desses jovens vem de regiões historicamente menos representadas no turismo tradicional, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e enxerga as viagens como parte de um projeto de vida que inclui também estabilidade financeira e conquistas, como a de uma casa própria. Entre os principais objetivos estão: vivências culturais, conexões afetivas e o bem-estar emocional.
Ao lado dos baby boomers (grupo que também mais que dobrou sua participação no turismo pós-pandemia, saindo de 3% para 7%), a Geração Z impulsiona um modelo de turismo mais acessível, flexível e conectado com valores contemporâneos.
Microviagens, turismo doméstico e experiências com propósito
Segundo o estudo, a nova forma de viajar se apoia em três pilares:
A redescoberta do Brasil: o turismo doméstico ganhou força após a pandemia e segue em alta. Segundo a PNAD Contínua do IBGE, 97% dos brasileiros que viajaram em 2023 escolheram destinos dentro do país. Para a Geração Z, essa é uma escolha estratégica: as viagens nacionais são mais acessíveis, fáceis de organizar e permitem maior conexão com a cultura local.
A era das microviagens: com orçamentos mais curtos e agendas flexíveis, os jovens popularizaram as microviagens: deslocamentos curtos, geralmente de fim de semana, para destinos próximos. De acordo com o Google, houve aumento de 130% nas buscas por viagens de três dias e 156% nas buscas por roteiros de até 250 km. Com isso, o transporte terrestre voltou a ganhar protagonismo.
Turismo com propósito: mais do que visitar pontos turísticos, esses viajantes buscam experiências autênticas e significativas. Destinos menos explorados, que permitem vivenciar o cotidiano local, estão em alta. A saúde mental também entrou na pauta: 79% dos brasileiros viajam para relaxar e cuidar do bem-estar emocional, impulsionando tendências como o slow travel e o turismo de bem-estar.
Quando o orçamento vira roteiro
Apesar da renda média reduzida, que é de cerca de R$ 1.815 mensais entre jovens informais, e da taxa de desemprego de 14,9% entre os 18 e 24 anos (mais que o dobro da média nacional), a vontade de explorar o mundo se mantém firme. Para dar conta do desafio financeiro, a educação e o planejamento são aliados fundamentais. Com estratégias simples, como orçar todas as despesas, estabelecer metas mensais e investir em produtos de renda fixa com liquidez diária (Tesouro Selic, CDBs e fundos DI), os jovens conseguem transformar o desejo de viajar em um plano de ação realista.
Automatizar a economia e reservar um valor extra para imprevistos (de 10% a 20% do total) são dicas que ajudam a manter o controle sem abrir mão da experiência. Além disso, ferramentas como contas globais e cartões pré-pagos são úteis para quem sonha com viagens internacionais, oferecendo maior controle sobre os gastos e menores taxas.
Para a Geração Z, orçamento não é obstáculo, mas caminho. A jornada começa muito antes do embarque. Começa na organização das próprias finanças.