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“A Reforma Tributária pode ser um tsunami para os eventos esportivos”, alerta FGV

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Natalia Strucchi

Publicado - 17/07/2025 - 13:35

Luiz Gustavo Barbosa gerente executivo da FGV “A Reforma Tributária pode ser um tsunami para os eventos esportivos”, alerta FGV
Gerente-executivo da FGV, Luiz Gustavo Barbosa (Natália Strucchi/M&E)

Durante participação no 7º Congresso Estadual Empresarial de Turismo, o gerente-executivo da FGV, Luiz Gustavo Barbosa, fez um alerta contundente: a Reforma Tributária em discussão no país pode gerar um “tsunami” no setor de eventos esportivos, afetando diretamente os mecanismos de incentivo que viabilizam tanto a realização de grandes competições quanto o apoio aos atletas e projetos esportivos em estados e municípios.

“Grande parte dos recursos que viabilizam patrocínios para eventos esportivos vem de políticas de incentivo. E estamos vendo, pela frente, uma Reforma Tributária que muda essa dinâmica por completo. Isso pode ser um tsunami”, afirmou Barbosa.

Segundo ele, o setor já obteve conquistas recentes no âmbito federal, mas os incentivos estaduais e municipais estão ameaçados pelas alterações previstas na nova estrutura tributária. “É preciso ter um olhar cuidadoso, um estudo detalhado, para que essa mudança não apareça como um susto de última hora”, completou.

Falar para os não convertidos

Em sua fala, Barbosa também destacou a importância de comunicar os impactos econômicos do esporte para além do setor. “Precisamos falar para os não convertidos — prefeitos, deputados, patrocinadores. Os dados econômicos mostram que o esporte não é apenas cultura ou competição: ele movimenta cadeias produtivas inteiras e gera novo dinheiro na economia”, defendeu.

Ele lembrou que iniciativas como o calendário “Rio de Janeiro a Janeiro” mostraram a importância de se organizar uma programação robusta de eventos que mantenha aquecida a cadeia de fornecedores e serviços ao longo do ano.

Indústria do esporte: o que está por trás dos eventos

Outro ponto levantado por Barbosa foi a necessidade de olhar para além do evento em si e compreender toda a indústria envolvida no esporte. Ele citou setores como a indústria náutica, de tecnologia para surf e até mesmo a produção de calçados de alto desempenho, como exemplos de áreas onde o Brasil já perdeu competitividade ou ainda pode disputar mercado.

“Hoje, cerca de 90% dos tênis usados em maratonas são importados. Ficamos para trás tecnologicamente e industrialmente. Não vamos competir com Vietnã ou China em preço. Mas ainda podemos buscar espaços estratégicos, como apps, tecnologia e materiais esportivos”, explicou.

Alerta final

Ao concluir, Barbosa reforçou que o debate econômico e tributário precisa caminhar junto com a defesa do esporte como vetor de desenvolvimento. “O esporte educa, movimenta a economia, gera turismo, cria empregos e muda realidades. É hora de tratá-lo com o mesmo critério e cuidado que estamos dando à cultura dentro da Reforma. Caso contrário, o impacto será profundo — e possivelmente devastador”, finalizou.