
Mais de mil profissionais do turismo passaram pelo Hotel Unique, em São Paulo, durante a quarta edição da LGBT+ Turismo Expo. O evento, idealizado por Alex Bernardes, reuniu 70 expositores em um dia intenso de rodadas de negócios, palestras e conexões que colocaram o turismo LGBTQIA+ no centro das discussões da indústria.
“Eu nunca imaginei que a gente fosse chegar tão longe”, comemorou Alex, visivelmente emocionado com o tamanho da feira. “A gente era motivo de chacota, de piada, e hoje vê um trade inteiro entendendo a potência do turismo LGBT. Isso aqui é uma demonstração de força, de organização e de pertencimento.”
Ao longo de quatro edições, a feira já capacitou cerca de cinco mil profissionais do setor. A proposta vai além de divulgar destinos ou marcas: é sobre formar um mercado mais preparado, empático e sem estereótipos. “Quando a gente faz um evento dessa magnitude, a gente finca o pé, levanta a bandeira com força. E mostra que estamos aqui pra ficar.”
“Somos uma das maiores mundo”

Alex Bernardes é direto ao falar do papel da LGBT+ Turismo Expo no cenário global. Para ele, o evento não apenas ocupa uma lacuna, ele estabelece um novo padrão. “Existem espaços LGBT dentro das grandes feiras, como um corner na ITB Berlin ou um pavilhão em Madrid. Mas uma feira exclusiva de turismo LGBT, com essa estrutura e esse nível de entrega, só a gente tem. Posso soar arrogante, mas somos hoje uma das maiores feiras de turismo LGBT do mundo.”
Ele reconhece a importância de outras iniciativas voltadas à diversidade, como o GNetwork360, na Argentina, e o WeTrade, na Colômbia, mas destaca que o diferencial da Expo é justamente o foco. “São encontros incríveis, são referência pra mim, mas não são inteiramente voltados ao turismo. Nós somos 100% turismo. E isso nos torna únicos, não só no Brasil, mas na América Latina.”
Para além dos números, o que move o evento é a transformação no olhar de quem atende. “A gente quer ser bem tratado. Acolhido. Quer ser respeitado sem ser reduzido a um estereótipo. Somos famílias. Temos filhos, mães e pais. Não somos caricaturas. Somos pessoas.”
Alex reforça o papel da feira em quebrar padrões e preconceitos dentro da cadeia produtiva do turismo. “Muita gente ainda associa turismo LGBT só a balada ou festa. Mas a gente gosta de ecoturismo, de arquitetura, de arte, de gastronomia, de museu. O turismo LGBT é transversal, está em todas as áreas. A gente precisa mostrar isso.”
E o impacto é visível. “Ano passado capacitamos 800 profissionais. No ano anterior, 600. Esse ano, mais de mil. São pessoas que voltam pros seus destinos mais preparados, com uma nova visão. Isso muda tudo.”
Próxima edição com foco no público 60+ LGBT

Um dos destaques para a próxima edição da Expo será a atenção ao público LGBT 60+, uma geração que começa agora a viver a velhice de forma mais visível e livre.
“É a primeira geração de LGBTs assumidos com cabelo branco. E ninguém olha pra eles. Nem o próprio mercado, nem a própria comunidade. Mas é uma população madura, com poder aquisitivo e com vontade de viver experiências”, revelou. “Essa galera quer viajar, quer ser bem recebida. Está esperando um aceno, e a gente vai fazer esse aceno.”
Apesar dos planos de expansão, Alex Bernardes não pretende tirar a LGBT+ Turismo Expo da capital paulista tão cedo. “São Paulo é o maior emissor de turistas LGBT do país. Tem conectividade, tem oferta hoteleira, tem estrutura. É o nosso hub. O Rio é uma linda porta de entrada para o estrangeiro, mas é São Paulo que distribui esse público para o mundo.”
O local escolhido para sediar a feira também segue inalterado. “O Hotel Unique é um dos mais importantes da América Latina e tem tudo o que o evento precisa. Rodada de negócios, plenária, espaço kids, exposição. Eu consigo controlar tudo daqui. E pra mim isso é essencial.”

Alex se define como controlador, no melhor sentido possível. “Desenho esse evento o ano inteiro na minha cabeça. Eu preciso ter tudo sob minha asa. Tenho receio de crescer demais e perder o controle da entrega com excelência que o evento tem atualmente. Nosso evento é bonito, elegante, organizado, com expositores de peso. A gente respeita quem visita e quem expõe. E esse respeito é o que faz tudo funcionar.”
O M&E esteve presente no evento, veja a cobertura completa:
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