
Em entrevista ao programa Metrópoles Entrevista, o governador do Maranhão, Carlos Brandão, abordou temas centrais da política e da economia brasileira, com destaque para os impactos do novo tarifaço anunciado pelos Estados Unidos, a articulação com o governo federal e os avanços sociais promovidos no estado. A entrevista foi conduzida pelo jornalista Paulo Cappelli.
Brandão avaliou que o aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros imposto pelos EUA terá impacto limitado sobre o Maranhão, mas poderá afetar significativamente a cadeia de exportação de celulose da Bahia e do próprio estado. Segundo ele, o Porto do Itaqui, principal via de exportação maranhense, envia majoritariamente soja e milho à China e à Espanha. Ainda assim, estima-se uma queda de 16% nas vendas de celulose com destino ao mercado norte-americano.
O governador também alertou para possíveis efeitos colaterais de uma retaliação tarifária por parte do Brasil. “Setenta por cento do combustível que chega ao país entra pelo nosso porto. Se houver reação, o agro e os postos de combustíveis podem ser impactados”, pontuou. Ele defendeu prudência na condução do tema, sob liderança do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
“Teremos uma reunião com os governadores do Nordeste e com o presidente Lula para entender os próximos passos. Não considero produtivo agir isoladamente, sem ouvir nossos líderes. Essa é uma discussão nacional, que exige responsabilidade e estratégia”, afirmou. Brandão ainda observou que, se os produtos brasileiros encarecerem, os próprios EUA podem ser afetados com perda de competitividade e empregos, o que poderia levar o ex-presidente Donald Trump a recuar da medida.
Na área social, o governador comemorou a retirada de cerca de um milhão de maranhenses da extrema pobreza nos últimos anos, contribuindo para que o Brasil deixasse o Mapa da Fome. Segundo ele, a nova fase do programa Maranhão Livre da Fome deve beneficiar mais de 430 mil pessoas, com transferência de renda, corte no ICMS da cesta básica e ações de saúde e capacitação profissional.
“Oferecemos cartão de R$ 200, com acréscimo de R$ 50 por filho até seis anos. Também levamos exames, cirurgias, óculos e medicamentos à população, além de cursos profissionalizantes em parceria com o Sistema S”, destacou.
Questionado sobre as eleições de 2026, Brandão foi enfático: “Este é o momento da gestão. Entregar resultados é minha prioridade. O debate eleitoral será feito no tempo certo.” Ele também mencionou a força de seu grupo político, que reúne 95% dos prefeitos maranhenses e apoio majoritário nas bancadas estadual e federal.
Sobre sua relação com o ministro do Supremo Tribunal Federal e ex-governador Flávio Dino, Brandão minimizou o afastamento. “Cada um está cumprindo seu papel. Tenho respeito por ele, mas nossas funções hoje são distintas: ele na Justiça e eu na política.”
Encerrando a entrevista, o governador reafirmou seu perfil municipalista e conciliador, destacando que mantém diálogo com gestores de todas as orientações políticas. “Tenho aliança com a esquerda, o centro e a direita. O importante é melhorar a vida do povo maranhense.”