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Preços de hospedagem para COP30 atingem R$ 1,5 milhão; governo negocia taxas fixas

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Participantes reclamam de falta de infraestrutura e preços abusivos nas hospedagens (Ricardo Stuckert/ Presidencia da Republica)

Os preços da hospedagem em Belém para a COP30, marcada para novembro, chegaram a R$ 1,5 milhão para o período do evento, segundo pesquisa do Estadão em plataformas como Booking e Airbnb. Após reclamações das delegações sobre valores abusivos, a organização da conferência e o governo brasileiro firmaram compromisso para oferecer tarifas entre US$ 100 (R$ 554) e US$ 600 (R$ 3.327) para 2,5 mil quartos.

A pesquisa realizada em 1º de agosto identificou pacotes até 15 vezes acima das tarifas normais. “Na maioria das cidades onde as COPs aconteceram, os hotéis passaram a pedir o dobro ou o triplo do valor. No caso de Belém, os hotéis estão pedindo mais de 10 vezes os valores normais”, disse André Corrêa do Lago, presidente da COP-30. Um quarto no bairro Batista Campos chegou a custar R$ 1,5 milhão para 11 dias.

No Airbnb, os preços variam entre R$ 1 mil e R$ 11 mil, com os valores mais altos praticados por pessoas físicas. No Booking, as tarifas para quartos duplos durante a COP30 vão de R$ 9 mil a R$ 100 mil, caindo para R$ 1,7 mil a R$ 10,5 mil no mesmo local um mês depois.

A crise gerou uma reunião emergencial da ONU em 29 de julho, convocada por representantes de países em desenvolvimento, como o Grupo Africano de Negociadores. Richard Muyungi, presidente do grupo, afirmou: “Não estamos prontos para reduzir o número de participantes. Estamos pressionando para que o Brasil forneça melhores respostas, em vez de nos dizer para limitar nossa delegação”.

Disparidade de preços para a mesma hospedagem no período antes e para a realização da COP30 (Reprodução/ Booking.com)
Disparidade de preços para a mesma hospedagem no período antes e para a realização da COP30 (Reprodução/ Booking.com)

O presidente da COP30 reforçou o risco de ausências: “Alguns países em desenvolvimento informaram que não poderão comparecer caso a questão dos valores da hospedagem não seja revista”. Corrêa do Lago afirmou ainda que “há um esforço muito grande do governo para convencer os hotéis a baixar os preços, porque a legislação brasileira não pode impor isso aos hotéis”.

A Secretaria Extraordinária da COP detalhou que 15 quartos foram reservados para 73 países menos desenvolvidos, com tarifas entre US$ 100 (R$ 554) e US$ 200 (R$ 1.109). Outros 10 quartos, com tarifas entre US$ 220 (R$ 1.220) e US$ 600 (R$ 3.327), foram destinados aos demais países.

Booking e Airbnb informaram que não controlam os preços dos anúncios. “Quem define e controla todas as políticas de preços são os próprios parceiros e anfitriões”, disse a Booking. O Airbnb afirmou que incentiva práticas responsáveis, mas que “os anfitriões têm total autonomia para definir preços e disponibilidade”.

A situação provocou críticas nas redes sociais, dividindo opiniões entre quem valoriza a visibilidade da Amazônia e quem questiona a infraestrutura turística de Belém. Uma reunião para tratar do tema está marcada para 11 de agosto.

Demanda por nova sede

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Os participantes da COP30 pedem que as diárias não ultrapassem US$ 164, equivalente a R$ 912 (Reprodução/Booking.com)

Países participantes da COP30 enviaram, nesta sexta-feira (1), uma carta ao secretário extraordinário do evento, Valter Correia, e ao secretário da ONU para Mudança do Clima, Simon Stiell, solicitando a reconsideração da realização da conferência em Belém. O documento foi assinado por representantes de dois blocos – países menos desenvolvidos e negociadores africanos – e por 27 nações, entre elas Bélgica, Canadá e Coreia do Sul.

Os signatários expressam preocupação com a “persistente ausência de acomodação adequada e acessível” e destacam que muitas delegações ainda não têm hospedagem garantida. A carta ressalta que a falta de infraestrutura afeta especialmente países menos desenvolvidos, nações africanas e pequenos estados insulares.

“Se a COP for inteiramente realizada em Belém, pedimos que as acomodações mais próximas ao evento sejam priorizadas para as equipes de negociação, observadores e outros que estejam no centro do processo”, afirmam na carta.

Eles também pedem que as diárias não ultrapassem US$ 164 (R$ 912), “em conformidade com o subsídio diário imposto pela ONU”. “Somos todos funcionários públicos, com responsabilidades perante os contribuintes, e não podemos justificar gastar o equivalente a um rendimento anual para participar da COP”, diz a carta, que também destaca a importância de garantir deslocamento seguro.

Em resposta, a Secretaria Extraordinária da COP informou que há 2,5 mil quartos disponíveis com tarifas fixadas entre US$ 100 e US$ 600. Para 73 países menos desenvolvidos, foram reservados 15 quartos por delegação com tarifas entre US$ 100 e US$ 200; para os demais, 10 quartos com valores entre US$ 220 e US$ 600.

Lideranças de países como China, Alemanha, Reino Unido e Noruega já haviam manifestado temores sobre a capacidade de Belém em receber as delegações. Telegramas entre o Itamaraty e embaixadas brasileiras, revelados pelo Estadão em maio, registravam essas preocupações.

Signatários da carta endereçada à COP30

  • AGN (Africa Group of Negotiators, grupo de negociadores de países africanos)
  • Áustria
  • Bélgica
  • Belize
  • Canadá
  • Ilhas Cook
  • Chipre
  • Tchéquia
  • Estônia
  • Finlândia
  • Guatemala
  • Islândia
  • Irlanda
  • Coreia do Sul
  • Letônia
  • LDC (Least Development Countries, grupo de países menos desenvolvidos)
  • Lituânia
  • Luxemburgo
  • Malta
  • Holanda
  • Noruega
  • Palau
  • Panamá
  • Polônia
  • Ilhas Marshall
  • Eslováquia
  • África do Sul
  • Suécia
  • Suíça

*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo e G1.

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