Conhecida como a capital da cultura sergipana, a cidade de Laranjeiras, 18 km de Aracaju, preserva uma das mais antigas tradições de Sergipe: a festa dos Lambe-Sujos e Caboclinhos, que há 100 anos é encenada no segundo domingo de outubro.
A festa tem início às 4h da manhã com alvorada, cortejo dos Lambe-Sujos e Caboclinhos pelas principais ruas da cidade e, às 9h, é realizada uma missa em frente à igreja Matriz. O espaço fica cheio e até os visitantes são batizados com a tinta usada na brincadeira de melar, uma mistura de mel de cabaú misturado ao pó xadrez.
Quem vai à festa já sabe que o uso de roupas velhas é um requisito a ser levado a sério. “Você pode correr e se esconder, mas em algum momento um lambe-sujo vai te dizer, dá, dá, iô iô e mesmo que você dê o dinheiro que ele pede, o agradecimento será um abraço bem melado”, conta o empresário Roberto Junior.
O evento dura o dia inteiro e é considerada uma das maiores manifestações de teatro espontâneo ao ar livre do mundo. A Festa do Lambe-Sujo x Caboclinhos conta a história dos escravos africanos e como suas fugas e artifícios confundiam os capitães do mato. O próprio termo “Lambe-Sujo” vem da camuflagem que os escravos aplicavam sobre o corpo para facilitar sua fuga. A luta entre estes e os índios, devido à instalação dos quilombos em territórios dos “caboclinhos”.
O Lambe-Sujo possui um número ilimitado de participantes dentre eles, existe o rei, o primeiro e segundo feitores, mãe Suzana, princesa e negros. Nos Caboclinhos, o rei e a rainha, cacique, pajé e caboclinhos. De short e gorro de flanela vermelhos são os adereços pessoais de cada brincante que colore as ruas da cidade. Os lambes-sujos pintam o corpo com uma mistura de tinta preta e melaço de cana e carregam uma foice símbolo da luta pela liberdade. Já os caboclinhos pintam o corpo de vermelho e se vestem com índios, com saiote e colar de penas.