OPINIÃO – Inovações não surgem com manual de instrução

Por Vinícius Lummertz*

Vinicius Lummertz, secretário de Turismo de São Paulo

Os desafios impostos pela pandemia têm obrigado a atividade turística a se reinventar. Neste momento especial que vivemos, quero falar com vocês sobre uma iniciativa emblemática e inspiradora, que resultou em um evento sob medida.

Estou me referindo ao maior evento náutico da América Latina,o Boat Show, que começa amanhã às margens de um lago artificial, no coração da maior metrópole da América Latina.Sim, a ideia de levar os barcos para a água, como se pode imaginar, surgiu da impossibilidade de apresentá-los em ambientes fechados, como em anos anteriores.

A restrição da pandemia, no entanto, não paralisou seus idealizadores. Pelo contrário, impulsionou um rico processo de mudanças. Por que não apresentar os barcos ao ar livre, em vez de restringi-los, apenas, ao ambiente virtual?Mais do que isso, seria a raia da USP, na Cidade Universitária, em São Paulo, um ambiente ainda mais emblemático ao contexto náutico?

Início da montagem do SP Boat Show 2020

Participei de todo o processo para dar corpo a essa ideia e, posso afirmar,não foi nada fácil. Inovações não surgem com manual de instrução. É a vontade de realizar que materializa ideias, é a construção de uma rede de apoio que acrescenta cada uma das peças necessárias para viabilizar os acordos.

O desejo de realizar a feira náutica em uma marina artificial surgiu do empresário Ernani Paciornik, idealizador do Boat Show. Como não apoiar uma ideia tão original? Juntos, envolvemos a Universidade de São Paulo, que desde o início reconheceu a importância da parceria com o setor náutico, e a Prefeitura de São Paulo, que nos deu todo o suporte possível.

Sem contar que um sonho sempre traz consigo outros tantos na bagagem… Com a despoluição do Rio Pinheiros a caminho, por que não passar as embarcações da raia para o próprio rio navegável, em um futuro próximo?Foi assim, com tropeços e sucessos, apoiados na consciência coletiva, com desejos e concessões, que estamos caminhando, na certeza de que dias melhores virão.

A cadeia náutica, como sabemos, é muito importante para o turismo de São Paulo. Isso se deve não apenas à venda de embarcações, que movimentam R$ 5,3 bilhões por ano e empregam cerca de 27,5 mil pessoas, como também ao desenvolvimento regional de destinos do litoral e do interior do estado.

Ilhabela e Baixada Santistas são os polos mais conhecidos do público, seja pelos campeonatos de vela ou saída de cruzeiros marítimos, respectivamente, mas há muitas opções náuticas em rios do interior e suas praias fluviais. O turismo náutico tem o potencial de levar o desenvolvimento sustentável para destinos do interior do estado.

*Vinícius Lummertz é secretário de Turismo do Estado de São Paulo