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Entrevistas

Para secretaria de Recife, retomada começa por emissores mais próximos

Cacau de Paula, secretária de Turismo e Lazer do Recife (Foto: Dondinho/Seturl)

Cacau de Paula, secretária de Turismo e Lazer do Recife (Foto: Dondinho/Seturl)

Maria Cláudia de Paula, conhecida por todos em Recife como Cacau de Paula, foi a escolhida pelo prefeito de Recife, João Campos, para comandar a Secretaria de Turismo e Lazer da capital pernambucana. Cacau é grande conhecida do setor, tendo atuado como gestora de Promoção na própria Secretaria, como diretora Comercial e gerente de captação internacional da Empetur e também na Azul Linhas Aéreas. Experiência não falta. Cacau, agora, tem a missão de acelerar a retomada do setor em uma das capitais mais importantes do País. Entre as estratégias, que ela descreve nesta entrevista exclusiva para o M&E, está a promoção e foco inicial nas cidades próximas.

MERCADO & EVENTOS – Em linhas gerais quais são os planos da sua gestão para o Turismo de Recife?
Cacau de Paula –
Nosso objetivo principal é mostrar ao recifense e ao turista a variedade de coisas que temos na cidade. Os passeios e o turismo criativo, que vem crescendo muito. Um dos focos será trabalhar o lazer porque neste momento ele tem sido o principal vetor do Turismo, já que eventos e viagens corporativas não conseguiram voltar ainda. A cidade, por muito tempo, teve um turismo de negócios muito forte. Por isso temos hotéis muito executivos. Hoje, no entanto, já se começa a ver uma movimentação diferente, com mais famílias e com finais de semana com maior ocupação do que durante a semana. Tudo isso vem mostrando uma recuperação do lazer.

M&E – O Carnaval movimenta muito o Turismo e, consequentemente, a economia do Recife. Quais foram os impactos pela não realização da festa neste ano?
Cacau de Paula –
O impacto foi muito grande. A ocupação dos hotéis era de 100% e neste ano chegamos a 55%. Mas não foi só no Turismo, o impacto foi em todas as áreas, como eventos e os próprios artistas. Quando chegamos, pensamos e fizemos AME, um auxílio para os artistas e agremiações que ficaram totalmente impedidos de trabalhar. Fora isso, a cidade segue funcionando normalmente, com museus, passeios e hotéis, só não tivemos a festa. Fizemos este auxílio para a cadeia produtiva se manter.

M&E – Boa parte das empresas do Turismo são pequenas e médias. A prefeitura também agiu, se alguma forma, para ajudá-las?
Cacau de Paula –
Temos trabalhado em conjunto com o Olha Recife, que daremos continuidade. São passeios semanais gratuitos para a população e para os turistas.  Vamos dar continuidade a este projeto contratando guias para fazer este trabalho. Também estamos trabalhando junto a Associação de Turismo Criativo, que cresceu muito nos últimos dois anos. Eles têm passeios mais rápidos e temos observado que estão voltando mais rápido neste período.

M&E – Recife já está investindo em promoção. Haverá uma campanha para atrair mais visitantes?
Cacau de Paula –
Já estamos com a campanha Recife ta On, na qual mostramos tudo que tem para fazer na cidade. Porém, ela é voltada para o público interno. Não podemos ainda fazer campanhas nacionais. Estamos mantendo nossos contatos com as agências e operadoras, especialmente das cidades vizinhas. Estamos recebendo muita gente que vem de carro, de lugares como Maceió e João Pessoa, por exemplo. Hoje estão entre nossos maiores emissores. Estamos programando também roadshows online com treinamentos e, assim que a pandemia acabar vamos voltar a trabalhar também nossos emissores tradicionais, como São Paulo e Belo Horizonte.

M&E – Qual você acredita que será o papel dos agentes de viagens e das operadoras nesta retomada?
Cacau de Paula –
O papel do agente é fundamental, porque eles passam a segurança ao cliente. Muita gente ainda não está se sentindo seguro para viajar. Quando você respeita a cadeia e compra com o agente, a pessoa que viaja tem todo o apoio. Quando o turismo voltar como um todo, o cliente verá o agente com outros olhos. A questão do serviço, alguém para cuidar que pode contar a qualquer momento será muito importante. No início da pandemia, vimos que muitas pessoas que estavam em outros lugares não tiveram apoio para voltar. O agente será fundamental neste novo mundo que veremos.

M&E – Você acredita que mesmo após o relaxamento das restrições, o doméstico e o rodoviário seguirão em alta?
Cacau de Paula –
Em um primeiro momento sim, porque o dólar muito alto. Então, o nacional deve crescer por um tempo ainda. Temos um grande mercado emissivo interno e isso vai contribuir com a retomada.

M&E – O setor de eventos e viagens corporativas movimentam muito a economia. Há planos para estes segmentos?
Cacau de Paula –
Estamos com alguns projetos, mas ainda em andamento porque vai depender de como a pandemia irá se desenhar este ano. O setor de eventos é complexo porque não sabe até quando irão as restrições. Estamos em contato com a Abeoc, Recife CVB e com a Empetur para avançar neste tema.

M&E – Além do mercado nacional, vocês planejam promoção no exterior, com participação em feiras e outras ações?
Cacau de Paula –
O mercado internacional é muito interessante. Eu comecei na captação de eventos internacionais e acredito muito que há muito que trabalhar em termos de potencial. O Brasil é muito completo, tem o Nordeste, Foz do Iguaçu, Rio de Janeiro. Este combo é muito bom e precisa ser vendido. No entanto, estamos no momento mais difícil, pois não existe ainda um protocolo comum no mundo e não sabemos quanto tempo isso irá levar. Esperamos até fim do ano ter uma coisa mais desenhada.

Em janeiro o aeroporto de Recife registrou uma movimentação 14% maior em relação a dezembro. Ao mesmo tempo, a Azul teve a volta de 100% dos voos que operava antes da pandemia. Isso é um indicativo que a demanda está voltando?
Cacau de Paula –
Temos uma previsão de 2021 de melhor que 2020, mas ainda aquém de 2019. A Azul recuperou os voos, mas perdemos outros da Latam e da Gol. Embora seja um momento complicado, temos visto uma boa retomada. Uma pesquisa da Empetur mostra que teremos uma redução de apenas 4% nos voos entre janeiro e março deste ano em comparação com janeiro e março de 2020. Recife é uma das capitais que menos sentirá este impacto. Os números são animadores.

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