Este ano o carnaval será em março (começa no sábado, 1º), o que significa dizer que o pré-carnaval é mais longo. O presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio), Fernando Blower, observa que mesmo não tendo dados que suportem a hipótese, tende a acreditar que o pré-carnaval mais longo pode ser algo positivo para o setor. “Isso porque dá uma espécie de alongada nesse sentimento de verão, férias e viagem”, avalia.
No entanto, ele aponta que nem todos os estabelecimentos de alimentação fora do lar vivenciam o período da mesma forma. “Os bares e locais com características mais informais e descontraídos, além daqueles em locais de perfil notadamente turísticos, a exemplo da zona sul e Lapa, apresentam maior possibilidade de crescimento no período”, assinala. “Já nos perfis de negócio com foco mais executivo e afastados das áreas de maior concentração turística, o inverso acontece”, completa.
O presidente do SindRio lembra que, de acordo com dados do sindicato e do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (Ifec-RJ), o carnaval é historicamente um período com pequena queda no faturamento do setor de bares e restaurantes. Em 2024, o faturamento ficou em R$ 1,394 bilhões. Foi o primeiro ano a superar a marca de pouco mais de R$ 1,3 bilhão alcançada em 2019 e 2020, antes da pandemia de covid-19.
“Com o aumento crescente do turismo, incluindo o recorde de entrada de turistas estrangeiros no Brasil em 2024, estamos esperançosos de seguir em um movimento de crescimento”, estima Fernando Blower.
Vocação regional
O presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, considera que o fato de o carnaval ser só em março gera impactos variados pelo Brasil, que dependem das características econômicas e turísticas de cada região.
“Em cidades como Salvador e Florianópolis, o carnaval marca o fim da alta temporada de verão. Por isso, quando acontece mais tarde, ajuda a prolongar o turismo e impulsionar as vendas em bares e restaurantes”, aponta Paulo Solmucci.
“Já em locais onde a atividade turística é forte ao longo de todo o verão, como no Rio de Janeiro, a data do carnaval tem pouca influência, e o setor mantém sua estabilidade”, considera.
Hotéis
Enquanto ambulantes e bares se aproveitam da presença de foliões nos blocos do pré-carnaval estendido, o setor de hotelaria enxerga outra vantagem de a festa oficial estar marcada para março.
De acordo com Alfredo Lopes, presidente do HotéisRIO – o sindicato de donos de hospedagem da cidade do Rio – a data mais distante faz com que turistas nacionais tenham tempo de se organizar financeiramente e “abre a possibilidade de que quem veio participar da festa da virada queira voltar para a folia momesca”.
Segundo ele, o Réveillon funciona como um “cartão de boas-vindas” para que os visitantes conheçam melhor a cidade e se interessem em participar de outra grande festa.
“O carnaval em março estica a alta temporada no Rio, constituída pelo verão carioca”, define Alfredo Lopes.
Além disso, continua Lopes, a desvalorização do real, cerca de 25% em um ano, tornou o Rio ainda mais atraente para os turistas internacionais. A moeda brasileira desvalorizada é sinônimo de preços mais baratos para quem vem de fora do país.
Fonte: Agência Brasil