
Los Angeles enfrentou uma série de protestos e atos de violência ao longo do último fim de semana, em resposta a operações do Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) contra imigrantes não autorizados. Os eventos resultaram em depredação de patrimônio público e privado, centenas de prisões e um declarado antagonismo político entre o presidente Donald Trump e o governador da Califórnia, Gavin Newsom, sobre a autoridade para invocar a Guarda Nacional.
As manifestações tiveram início na última sexta-feira (6), motivadas pelas detenções administrativas do ICE na cidade. Quarenta e quatro pessoas foram detidas na sexta-feira, conforme informações do ICE e da Coalizão pelos Direitos Humanos dos Imigrantes (CHIRLA). Uma pessoa adicional foi detida por tentar obstruir a operação.
As prisões ocorreram em diversos pontos da cidade, incluindo o estacionamento de uma loja Home Depot e o distrito da moda. Autoridades federais reportaram mais de cem detenções de imigrantes durante as operações da semana. Os protestos começaram no centro de Los Angeles na sexta-feira e se estenderam para cidades vizinhas como Paramount e Compton no sábado. Manifestantes atiraram objetos em veículos policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogênio para dispersar as multidões.
No sábado, 29 pessoas foram detidas em manifestações, que culminaram em uso de pedras e garrafas contra a polícia, além de veículos e estabelecimentos incendiados. As forças de segurança utilizaram balas de borracha e granadas de efeito moral para conter a violência.
O presidente Donald Trump ordenou o envio da Guarda Nacional para Los Angeles no domingo (8), apesar da objeção do governador Gavin Newsom. Trezentos soldados foram mobilizados com a missão de proteger prédios federais, como o centro de detenção na cidade.
Gavin Newsom considerou a mobilização das tropas “inflamatória”, argumentando que a ação aumentaria a animosidade. Soldados da Guarda Nacional, posicionados com armas e escudos, confrontaram manifestantes próximos ao centro de detenção, enquanto a polícia dispersava a multidão com munição não-letal.
Os manifestantes bloquearam o trânsito na rodovia 101 e incendiaram carros autônomos da Waymo. No domingo, 27 pessoas foram detidas em Los Angeles. Em San Francisco, um protesto solidário resultou em 60 prisões e dois policiais feridos, após atos de vandalismo.
A questão da Guarda Nacional gerou um embate entre Trump e Newsom. O presidente utilizou a seção 12406 do Título 10 do Código dos Estados Unidos para federalizar parte da Guarda, justificando a medida para combater a “anarquia”.
Em sua rede Truth Social, Trump afirmou: “Se o governador Gavin Newsom, da California, e a prefeita Karen Bass, de Los Angeles, não conseguem fazer seus trabalhos, o que todos sabem que não podem, então o governo federal vai intervir e resolver o problema, TUMULTOS e SAQUEADORES, do jeito que ele deve ser resolvido”.
Newsom, por sua vez, criticou a ação de Trump. Em seu perfil no X, o governador alegou que o presidente buscou “produzir caos e violência” e que “agora as coisas estão desestabilizadas e precisamos enviar mais policiais para limpar a bagunça de Trump”. A Guarda Nacional, entidade híbrida que responde a interesses estaduais e federais, normalmente é comandada pelos estados. Newsom considera o uso da lei por Trump “ilegal e imoral” e anunciou que processará o presidente.