Viajar: bem-estar simples, imediato e duradouro

A cartilha para uma vida saudável costuma seguir sempre o mesmo roteiro: alimentação balanceada, exercícios físicos e boas noites de sono. Porém, a lista pode ser incrementada com um item mais prazeroso: viajar. Sair da rotina, descobrir destinos novos ou entrar em contato com um novo ambiente em lugares já conhecidos são ações que contribuem para o controle e redução do estresse, um dos principais responsáveis por afetar a saúde física e mental.

Um estudo desenvolvido em 2014 pela US Travel Association, organização sem fins lucrativos que representa a indústria de viagens estadunidense, mostrou que 86% das pessoas que viajam possuem uma visão mais positiva da vida. Outra pesquisa, desenvolvida pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos Estados Unidos, mostrou que homens que viajam anualmente têm 32% menos chance de morrer em decorrência de doenças cardíacas. Os pesquisadores acompanharam 12 mil pessoas em um período de nove anos. Entre o grupo, também foi possível perceber uma menor incidência de depressão e estresse entre os viajantes frequentes. Os dados podem ser conferidos no site do projeto “Time Off”, desenvolvido pela US Travel Association.

Em muitos casos, a influência positiva de viajar está, principalmente, no que pode se chamar de “mudança de ares”, ou seja, na possibilidade de se afastar por um tempo de agentes causadores do estresse. Entre estes agentes estão horários controlados e cobrança por resultados, seja na escola, faculdade ou no âmbito profissional.

De acordo com a diretora do Centro Psicológico de Controle de Stress – Unidade São Paulo, Eliana Torrezan, os benefícios de viajar estão ligados à sensação de bem-estar imediata e duradoura que uma viagem proporciona. “Você vai vivenciar experiências conhecendo locais, coisas e pessoas que irão trazer uma sensação de bem-estar. Isso até depois do retorno, pois você ainda vivencia lembranças agradáveis por algum tempo. É um investimento de retorno imediato”, destaca a psicóloga.

Eliana ainda acrescenta que até o planejamento de uma viagem pode contribuir para amenizar o estresse. “Fazer um planejamento, escolher um local tranquilo ou agitado, e pensar na viagem ajuda a se envolver, o que já torna as coisas mais agradáveis”, completa.

VIAGENS x BENS MATERIAIS
Uma pesquisa desenvolvida pelo psicólogo Thomas Gilovich, professor da Universidade de Cornell, nos EUA, mostrou que viajar pode trazer mais felicidade do que adquirir bens materiais por causa das experiências individuais que temos. Outros fatores também influenciam nesta linha de pensamento, como o fato de que bens materiais normalmente são trocados com o tempo. O fator social também tem destaque, uma vez que o relato de experiências de viagem tende a atrair mais atenção do que a compra de um automóvel, roupa ou eletrônico, por exemplo.

FAIXA ETÁRIA
O perfil da viagem e o que ela agrega para o viajante pode variar de acordo com a faixa etária e o momento de vida. Para um casal com filhos, por exemplo, a viagem está mais relacionada com o bem do grupo. Neste caso, a experiência pode ter como objetivo uma aproximação e uma programação que atenda a todos. Já para uma pessoa mais jovem, a viagem tende a ter um caráter de conhecimento e experiência. Para alguém mais idoso, uma viagem pode significar um período mais tranquilo, sem pressa para o retorno, além de uma oportunidade de trocar experiências com pessoas no mesmo momento de vida.

INFLUÊNCIA NO ÂMBITO PROFISSIONAL
Segundo a pesquisa The Travel Effect, também desenvolvida pela US Travel Association, profissionais que tiram férias regularmente tendem a desenvolver menos estresse e serem mais produtivos, confiantes e criativos na solução de problemas. O retorno ao trabalho também costuma trazer uma motivação não só para pessoa como para o grupo ao qual ela faz parte.