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Blogs / Points de Vue

Blogueiros de viagem: aliados ou concorrentes?

Depois de Cannes em 2014 e de Ajaccio em 2015, o Salão dos blogueiros de viagem escolheu Bruxelas para sua terceira edição, juntando 200 blogueiros e 72 destinos na capital da Bélgica para um evento misturando conferencias, encontros de negócios e noite de gala. Co-patrocinadora do evento com a Accor e o turismo belga, a associação francesa dos destinos internacionais de turismo – ADONET – aproveitou  para lançar o primeiro “Clique de Ouro”, premiando o melhor blog de viagem francófono. A vencedora foi Aurelie Amiot com  Madame Oreille, um blog de viagem muito focado em fotografia que virou então na França o símbolo do novo relacionamento que os destinos turísticos querem construir com os blogueiros.

Seja na França, nos Estados Unidos ou no Brasil, os blogs mostraram nos últimos anos que são um fator chave nas decisões de 65% dos viajantes que encontram nessas páginas da web uma criatividade, uma liberdade, e mais ainda a faculdade de interagir com os redatores. Reconhecidos como influenciadores digitais, os blogueiros de viagem são procurados para parcerias com os destinos, os hotéis ou as companhias aéreas que buscam novos conteúdos e novos canais de comunicação com seus clientes.

Essas parcerias ajudam os blogueiros a descobrir o mundo, virar uns “blog- trotters” vivendo e dividindo as suas paixões, porém trazendo pouco faturamento. Cada vez mais numerosos, só nos Estados Unidos quase 60.000, no Brasil mais de 3.000, os blogueiros de viagem são menos de 5% a viver dessa atividade, e as vezes somente parcialmente.

Para profissionalizar as suas atividades e conseguir rentabilizá-las, dinâmicos e criativos blogueiros diversificam as suas atividades. Eles agem não somente como jornalistas – oferecendo conteúdos -, mas como mídias – vendendo espaços publicitários e links patrocinados -, esses últimos sendo a maior fonte de renda dos blogueiros americanos. Alguns oferecem reservas de serviços ou de passagens, virando operadoras de turismo, agências online, ou mesmo agência de receptivo, e gerando preocupação das agências tradicionais que denunciam uma nova concorrência que seria, em alguns casos, desleal.

É importante que as autoridades fiquem atentas ao respeito das legislações do setor e a proteção do consumidor. Mas, depois das agências online, dos sites de vendas diretas e da economia colaborativa, a chegada dos blogueiros de viagem como atores incontornáveis do trade turístico é hoje uma evolução irreversível que deve ser vista, não como uma ameaça, mas como uma fonte de oportunidades. Para os destinos, os blogs de viagem abrem novas opções, sendo canais privilegiados para comunicar com primeiro-viajantes ou para convencer fãs de atividades específicas. Para todos os atores tradicionais, possibilidades de sinergia estão aparecendo, e o sucesso dos blogs de viagem de grandes agentes ou operadores brasileiros, seja da CVC ou da Teresa Perez, mostram que os viajantes estão interessados a ter essas opiniões livres, descontraídas e interativas antes de escolher e de comprar. E qualquer que seja o circuito de compra escolhido – hoje sempre aquele onde o viajante encontrará o maior valor agregado para a sua própria viagem-, os blogueiros  serão, para os destinos e todos os atores do setor, grandes aliados para ajudar no dobramento dos turistas mundiais previsto pela Organização Mundial do Turismo nos próximos quinze anos.

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