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Hotelaria e Alimentação

2014 chega com grandes desafios para os setores de hospedagem e alimentação

O início do ano trouxe uma série de discussões, tanto na indústria de hospedagem quanto na de alimentação fora do lar. Podemos começar com as reuniões capitaneadas pela Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacom), Procons estaduais e municipais, Ministério da Justiça, Casa Civil e Embratur, para as quais estão sendo convocados os hotéis das doze cidades-sede da Copa do Mundo. Os encontros, amigáveis, têm como objetivo discutir as tarifas durante o período dos jogos.

O cerne da questão é a exigência governamental de que as tarifas dos quartos não comercializados pela Match — empresa suíça contratada pela Fifa para intermediar as vendas de pacotes de turismo — não sejam superiores aos praticados durante os períodos de alta temporada de cada região. Os quartos já estão disponíveis para venda direta ao público pelos sites das empresas hoteleiras.

No entanto, nas reuniões já realizadas, não foi abordada a questão da devolução de habitações pela empresa da Fifa. Após o sorteio dos jogos, a Match recolocou no mercado inúmeros quartos que agora serão ofertados por preços bem abaixo deste teto (o maior preço praticado historicamente nos períodos de alta temporada em cada cidade), pois prevalecerá a lei da oferta e procura.

O fato é que não havendo as funs fests para transmissão dos jogos em áreas públicas, assunto pouco debatido até agora, tampouco ingressos suficientes para os turistas brasileiros e estrangeiros, não haverá uma procura tão grande por apartamentos em dias que não tiverem disputas entre as equipes.

Ainda temos outro problema para administrar, já que se propagou no exterior a imagem de que os hotéis brasileiros cobram diárias aviltantes. Esse impasse poderia ter sido resolvido sem esta campanha contraproducente, com uma simples conversa junto aos estabelecimentos que estivessem com tarifas consideradas exageradas. Agora teremos que contar com a sorte, este estigma previamente cristalizado nas mídias nacional e internacional pode ter afastado os torcedores que pretendiam fazer turismo pelo Brasil.

Outro tema que ganhou destaque foi os rolezinhos dentro de shoppings centers. Sem entrar na natureza legal ou institucional da questão, a administração desses centros de compras, se bem que previsível, não abordou até agora como será a compensação pelos dias parados, principalmente para as empresas instaladas nas áreas de alimentação.

Os shoppings centers impõem rígidos contratos e não respeitam investimentos realizados pelas empresas de alimentação fora do lar. Além de induzir rapidamente novos concorrentes a se instalarem nesses malls, promovendo um rodízio excessivo que resulta em queda de faturamento e, como consequência, o fechamento precoce de estabelecimentos, o que gera um resultando nefasto para todos.

Por último, entre os desafios que se apresentam neste início de 2014 está a necessidade do empresariado que atua no setor de lazer e entretenimento se conscientizar, cada vez mais, de suas responsabilidades no tocante à segurança de sua clientela. Após um ano da tragédia da boate Kiss, em Santa Maria, estamos assistindo, por outro lado, uma discussão interminável por parte dos legislativos, que com certeza aumentará neste ano de eleições, em relação à elaboração de medidas que, visando à normatização das exigências legais, enveredam por sugestões que podem inviabilizar o funcionamento de casas noturnas.

Segurança nas instalações de incêndio, materiais não inflamáveis usados em decoração, arquitetura coerente para emergências são bem-vindas e necessárias. Devemos, porém, ter cuidado em efetivar propostas que distantes da realidade, se não forem ouvidos os sindicatos patronais e os consumidores, podem dificultar o funcionamento de um setor tão significativo, responsável por inúmeros empregos e que compõe o cenário da vida noturna e do parque turístico de qualquer cidade brasileira.

Alexandre Sampaio
Presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação

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