“Empreender no turismo é um grande desafio, mas também uma jornada de recompensas financeiras e pessoais. Para ter sucesso nesse mercado dinâmico, é fundamental entender suas nuances, aplicar uma gestão eficiente, lidar com margens de lucro estreitas e investir na diversificação dos negócios.
Acima de tudo, é essencial entender que o dinheiro movimentado não é o caixa da empresa, mas recursos de terceiros que financiam a operação. Se o empreendedor trabalha com as políticas corretas de comissionamento, o que sobra no fim do mês fica em torno de 3% a 5%, no caso de operadoras. A opção por comissionamentos mais agressivos, receita aplicada por muitas empresas, diminui ainda mais a margem de lucro para o empreendedor, o que pode inviabilizar o negócio. Lembre-se: as empresas não vivem de vendas, elas vivem de lucro e este deve ser muito bem calculado.
Mais do que paixão por viagens, empreender no turismo exige gestão eficiente em um mercado altamente competitivo. Não dá para se comparar a grandes players que operam com recursos robustos, o que lhes permite atuar em margens reduzidas. Pequenas empresas devem focar na sustentabilidade financeira, conhecendo profundamente o mercado, identificando nichos e se especializando.
Empresas consolidadas provam que investir em diversificação é essencial, tanto para a sobrevivência quanto para o crescimento dos negócios. Ter um ecossistema de unidades interligadas, com áreas como operações turísticas, seguros de viagem e tecnologia – o que é o nosso caso, garante receitas diversificadas e consistentes. As oportunidades de negócios complementares vão surgindo de acordo com a demanda do próprio mercado que vive em constante mudança.
A tecnologia está revolucionando o setor e abre espaço para novas oportunidades. Plataformas digitais transformaram reservas em commodities, mas abriram espaço para experiências únicas. A oferta de viagens personalizadas, com atenção aos detalhes, é um campo no qual as agências podem se destacar. Isso exige tanto investimento em tecnologia quanto em um quadro funcional formado por profissionais capacitados que oferecem algo além das soluções automatizadas.
O fato é que, apesar dos desafios, as perspectivas para o turismo são otimistas: o setor mostrou resiliência durante crises, como a pandemia, e a demanda reprimida impulsiona a retomada. Contudo, mudanças climáticas exigem uma postura mais responsável do setor. Políticas de conservação e sustentabilidade serão centrais para o sucesso. No Brasil, apesar da instabilidade política e da tributação elevada, o mercado interno com mais de 200 milhões de consumidores oferece grandes possibilidades.
Acredito que empreender no turismo vale a pena, mas não é para qualquer um. Exige dedicação, conhecimento e adaptação. Para quem se reinventa perante os desafios e busca soluções criativas, o setor oferece não apenas retorno financeiro, mas também a satisfação de realizar sonhos”.
– Aroldo Schultz é fundador e presidente das empresas Schultz