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Redação ME

Um ano perdido para o turismo

Min Turismo1 Um ano perdido para o turismo

Gastão Vieira é o novo ministro do Turismo

O pedido de demissão do ministro do Turismo Pedro Novais no dia de hoje veio confirmar, infelizmente, de forma negativa, toda uma expectativa de ceticismo que o trade tinha desde quando seu nome foi anunciado para o cargo, no final do ano passado, em meio a denúncias de mau uso de verba pública por ocasião de uma festa em um motel do Maranhão, algo que não condiz com o titular de uma pasta federal.

O ministro chegou a dizer que a prioridade para o MTur era o controle rígido das despesas em função do corte anunciado no início do ano. A decisão do Governo de reduzir em mais de 84% o orçamento inicial previsto para a pasta já era um sinal claro de que não havia intenção de priorizar o setor, mesmo levando-se em conta que o país se prepara para os megaeventos esportivos como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Em lugar de projetos que pudessem dinamizar o setor o que se viu foi uma gestão marcada por escândalos, denúncias, demissões e prisões no setor. Caíram pessoas importantes, como o secretário-executivo do ministério, Frederico Costa e o ex-presidente da Embratur, Mário Moysés, entre outros. O que o governo fez não foi apenas uma troca de nomes e cargos. Foram trocas sem critério. É certo que a indústria do turismo vive neste governo Dilma o seu pior ano desde a criação do Ministério do Turismo, em 2003.

O reflexo da decisão de se colocar à frente da pasta políticos sem qualquer experiência no setor, delegando a um partido aliado autonomia total para esta escolha, teve como resultado imediato a interrupção de programas de promoção como o Vai Brasil e o Viaja Mais Melhor Idade, sem mencionar outros programas que beneficiavam estudantes e trabalhadores.

A Lei Geral do Turismo, comemorada como um instrumento para normatizar o setor permanece no papel, já que não se definiu até hoje o modelo de fiscalização. Eventos já consolidados como o Salão do Turismo acabaram sendo protelados por falta de planejamento, sendo realizado no final das férias de julho, reduzindo assim os resultados promissores para o setor.

Não bastasse isso, os escândalos de desvios de verbas e favorecimentos de associações resultaram na interrupção na liberação de recursos para convênios e fundações. Entidades como a Anseditur, CTI Nordeste e outras que tinham projetos alinhavados para promoção internacional foram obrigadas a retardar as ações estratégicas previstas, sem previsão para serem implantadas.

Os EBT’s, escritórios responsáveis pela promoção junto aos principais destinos emissores, uma importante ferramenta de apoio à comercialização do Brasil no exterior, fecharam suas portas aguardando uma licitação, suspensa em função de critérios pouco transparentes, e que poderiam resultar em novas fraudes.

As políticas de incremento de novos voos internacionais para o país ficaram também em compasso de espera. Já o prazo de implantação do novo sistema de classificação hoteleira, inicialmente previsto para ser concluído em 30 dias, continua indefinido e as mudanças no Cadastur acabaram excluindo categorias como a dos turismólogos que somam em todo o país um contingente de quase 180 mil profissionais e que poderiam ser muito bem aproveitados na formação de mão de obra para a Copa.

Faltando menos de quatro meses para o final do ano, a mudança de comando no Ministério do Turismo – que diga-se de passagem é tardia diante de tudo o que já foi denunciado e publicado neste ano – sinaliza claramente que voltamos à estaca zero e que este foi definitivamente um ano perdido.

Não fosse a iniciativa privada e o próprio mercado adotarem medidas de fomento ao setor, os resultados seriam ainda mais desastrosos. É hora de o setor demonstrar sua unidade e cobrar do Governo apoio ao Turismo.

Mais que isso. É hora de o trade deixar a passividade de lado, atuar e fiscalizar decisivamente as ações do Ministério, para que possa trabalhar e contribuir efetivamente para o fortalecimento da indústria.

Chega de amadorismo!

P.S.: O governo agiu rápido e, antes que a quarta-feira, dia 14 de setembro, terminasse, já tinha definido que o também deputado do Maranhão pelo PMDB, Gastão Vieira, e também por indicação do senador José Sarney, seria o novo ministro do Turismo. O deputado tem 65 anos, é advogado e está em seu quinto mandato como deputado federal. Atuou nas secretarias de Planejamento e Orçamento e de Educação do Maranhão.

Antes de fazer qualquer pré-julgamento sobre o novo ministro, é necessário que o trade dê crédito, apoio e um mínimo de tempo para que ele possa trabalhar. É importante colocar o ministério de volta nos eixos, pois há muito o que fazer. Não obstante, também é importante que o novo ministro reúna-se com o trade o mais breve possível para entender como funciona a indústria do Turismo e para que possa efetivamente trabalhar em parceria com o setor.

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