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Blogs / Plano de Voo

Segurança em primeiro lugar

Dois aviões perdidos no mesmo dia, 28 de outubro, nos Estados Unidos é pra se morrer de medo de voar? Não, muito pelo contrário. Vamos aos fatos. Em primeiro lugar, ninguém saiu gravemente ferido. Apesar de as duas aeronaves terem sido na prática destruídas pelo fogo, todos os ocupantes estão aí, para contar as histórias para seus netos. No caso de Chicago, os quase 180 ocupantes evacuaram a aeronave em chamas.

Em 2015, somente 16 acidentes fatais envolvendo aeronaves comerciais foram registrados, resultando em 560 fatalidades. As duas piores ocorrências envolveram atos de sabotagem (bomba a bordo sobre o Egito) ou interferência propositada – o tal piloto suicida que derrubou sua aeronave sobre os Alpes. Não fossem estes dois atos hediondos, o número de fatalidades em 2015 seria de apenas 184 ocupantes – o melhor índice da história. Para efeito de comparação, o pior ano, 1972, teve mais de 2500 fatalidades. Se pensarmos que, em 2015, nada menos que 3,56 bilhões de passageiros embarcaram em mais de 35 milhões de viagens, você pode perceber o quão segura é esta indústria. Todos os anos, mais pessoas morrem picadas por abelhas do que embarcando em aviões.

Estas boas notícias são fruto de décadas de trabalho intenso, abdicado, e de massivas quantidades de investimento, seja em pesquisa, investigação, prevenção e divulgação das melhores práticas na indústria. Estão juntos nesta luta constante e infindável, as autoridades reguladoras, os fabricantes, operadores e mantenedores (empresas de revisão, modificação e manutenção) de aeronaves, nos quatro cantos do planeta.

No Brasil, seria bom que a mídia e as autoridades aprendessem a tratar com a devida serenidade e seriedade o tema. Por exemplo: aeronave arremetendo não é digno de notícia. É um procedimento preventivo, perfeitamente controlado, que ocorre centenas de vezes a cada dia, no mundo todo. Somente aqui é que costuma virar pauta.

Mas o pior é o que acontece quando, de fato, ocorre um acidente, pois, por mais que se busque ampliar as margens de segurança, acidentes sempre serão inevitáveis). O que interessa, com uma tragédia consumada, é encontra a CAUSA e não a CULPA. Criminalizar e buscar culpados não melhora a segurança na aviação. Pelo contrário, já se constatou que tentativas despropositadas de “investigar” acidentes, deixadas a mando, por exemplo, de delegados ou juízes de justiça – prática que parece aceita aqui nesta nossa Patriamada – tiveram a capacidade apenas de inibir o fluxo natural de relatos e relatórios de prevenção de incidentes e acidentes. Muita gente ficou ressabiada em reportar situações ou práticas potencialmente perigosas, temendo ter que dar explicações a quem não entende nada do assunto. Preocupante.

Mas, voltando às boas práticas, o fato é que voar é, de longe, o modo mais seguro de se viajar. Os ianques, sempre fanáticos por estatísticas, afirmam que, para um passageiro ter certeza matemática que vai perder sua vida num acidente aéreo, hoje em dia precisa ele precisaria voar 3,3 bilhões de horas ininterruptamente. Haja programa de milhagem.

Conforta ainda saber que hoje, quando a os operadores comerciais – a nível mundial – mostram um lucro médio aproximado de dez dólares por passageiro embarcado (dados da IATA), os caixas estão especialmente mais reforçados para que estes mesmos operadores possam renovar suas frotas, proceder com o devido cuidado às melhores práticas de manutenção (nem sempre foi assim) e, enfim, dar mais um nó para manter cada vez mais amarrado o cinto de segurança para aqueles tantos que, como eu e você, vivem a viajar de avião.

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