
SÃO PAULO – Durante o evento EmDiaCom Associados Visite São Paulo, realizado nesta quarta-feira (24), no Aeroporto de Congonhas, o diretor executivo da Aena Brasil, Kleber Meira, apresentou o projeto de modernização do terminal, que deve ser concluído até julho de 2028. O plano prevê a construção de um novo terminal, melhorias estruturais, mais conforto para os passageiros e até a possibilidade de retomada de voos internacionais.
“Congonhas é um patrimônio para a cidade e para o Brasil. O que a gente vai fazer nos próximos anos vai nos tornar ainda melhores”, afirmou Meira.
Principal hub doméstico do país
Com apenas uma pista e um terminal, Congonhas é hoje um dos principais aeroportos da aviação doméstica no Brasil. Em 2024, recebeu cerca de 23 milhões de passageiros e registrou 234 mil movimentos de aeronaves. Opera 17 horas por dia, com uma média de 13 movimentos por hora — desempenho que supera Brasília e se aproxima dos números de Guarulhos nesse quesito.
“Somos muito eficientes. Aqui operamos com um terço da estrutura de Guarulhos, mas com uma movimentação altíssima. E fazemos isso num ecossistema complexo, com múltiplos stakeholders e desafios operacionais em tempo real”, destacou o executivo.
Segundo ele, a produtividade do aeroporto está diretamente ligada ao engajamento das equipes: “Há um esforço operacional diário para manter esse nível. E há um orgulho muito grande em fazer parte disso”.
Novo terminal e ampliação das pontes de embarque
O projeto de modernização inclui a construção de um novo terminal anexo ao prédio atual, que será dedicado ao embarque. Já o edifício original passará a concentrar as operações de desembarque. A ideia, segundo Meira, é adaptar o aeroporto às necessidades dos próximos 30 anos.
Entre as principais mudanças previstas estão:
- Aumento das pontes de embarque de 12 para 19;
- Redução dos embarques remotos de 50% para cerca de 30%;
- Reaproveitamento do hangar tombado da antiga manutenção da Gol como sala de embarque, respeitando o valor histórico do imóvel;
- Construção de um novo píer com 36 metros de largura, mesmo padrão do Terminal 3 de Guarulhos, com esteiras rolantes e pé-direito elevado;
- Implantação de um marketplace moderno, com novas lojas e serviços;
- Nova sala VIP com vista para o pátio;
- Estrutura preparada para voos internacionais no futuro, com possíveis rotas para destinos como Aeroparque (Buenos Aires) e Santiago (Chile).
O projeto também prevê mais conforto térmico, acústico e visual, com foco na sustentabilidade. Meira destacou que o novo terminal será certificado LEED, com uso de energia solar, iluminação natural e sistemas de captação de água da chuva.
Obras e melhorias já em andamento
Paralelamente à grande obra, a Aena já vem executando melhorias pontuais em Congonhas. Entre as entregas previstas ou já realizadas estão:
- Ampliação da área de embarque remoto, com entrega entre 5 e 10 de agosto;
- Otimização dos canais de raio-X, que reduziu o tempo médio de espera para menos de cinco minutos;
- Implantação de bolsões organizados para transporte por aplicativo, com áreas cobertas, sinalização por cores e redução de até 41% no tempo de embarque;
- Renovação da frota de ônibus de pátio — 10 dos 25 veículos já são elétricos;
- Obras no edifício-garagem, com reabertura da cobertura prevista para o primeiro trimestre de 2026.
Além disso, foi criado um centro de comando integrado que opera 24 horas por dia, com câmeras e equipes especializadas para antecipar e mitigar gargalos operacionais.
Desafios do entorno urbano
A localização de Congonhas em uma área densamente ocupada impõe desafios à operação e à expansão. “Quando alguém diz que o aeroporto está no meio da cidade, é importante lembrar: foi a cidade que cresceu em torno do aeroporto, não o contrário. Em 1940, diziam que Congonhas era longe demais”, observou Meira.
A restrição física, no entanto, é apenas um dos fatores. O espaço aéreo da Grande São Paulo é um dos mais congestionados do país, exigindo coordenação com outros aeroportos como Guarulhos, Campinas, Campo de Marte e Jundiaí.
Planejamento conjunto e integração operacional
Segundo o diretor da Aena, foram necessárias 27 versões do projeto até a aprovação final, que contou com a participação ativa de companhias aéreas, operadores de aviação executiva, governo e ANAC.
“Não é um projeto feito em gabinete. Ele foi construído com quem opera aqui todos os dias”, destacou. A nova configuração do sítio aeroportuário vai separar, de forma mais clara, as operações comerciais das de aviação geral, com novas posições remotas e vias de circulação mais eficientes.
Para Meira, o processo é também uma forma de reposicionar Congonhas dentro da malha nacional: “Queremos deixar um legado para a cidade e para o Brasil. E, acima de tudo, queremos cuidar bem do passageiro que passa por aqui todos os dias”.