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Chile pode perder 10 praias até 2035, apontam estudos 

chile Cientistas monitoram 67 praias chilenas; 86% apresentam retração mesmo fora do inverno (Freepik/Wirestock)
Cientistas monitoram 67 praias chilenas; 86% apresentam retração mesmo fora do inverno (Freepik/Wirestock)

Pelo menos dez praias no Chile podem desaparecer até 2035 devido à erosão costeira acelerada, segundo análise do Observatório Costeiro da Universidad Católica, que monitora 67 praias no litoral central e sul do país. O alerta foi dado neste mês pela geógrafa Carolina Martinez, diretora da instituição, durante visita técnica à praia de Reñaca, em Viña del Mar.

De acordo com o estudo, 86% das praias analisadas apresentam redução contínua, inclusive nas estações mais quentes, quando historicamente tendem a se recuperar. As dez praias em situação crítica já registravam níveis altos de erosão em 2023 e agora perdem terreno em ritmo duas vezes maior.

O fenômeno resulta de fatores naturais e antrópicos. Entre os principais estão a elevação do nível do mar, ressacas intensas e mais frequentes, chuvas súbitas e ondas de calor — todos agravados pelas mudanças climáticas. A isso se somam a urbanização desordenada e a degradação de bacias hidrográficas que abastecem a faixa litorânea com sedimentos.

Em Puerto Saavedra, na região de Araucanía, o avanço do mar tem escavado estradas e penhascos, isolando comunidades e afetando florestas costeiras. “Estamos vendo falésias e faixas de areia recuando rapidamente”, afirmou Martinez.

O impacto já afeta negócios locais. “No ano passado foi brutal… a praia desapareceu”, disse Maria Harris, dona de restaurante em Valparaíso. “Não havia espaço entre nós e o mar.”

Mesmo diante do cenário, novas construções seguem sendo erguidas próximas a áreas sensíveis como dunas e zonas úmidas. Martinez destaca que os prejuízos vão além do meio ambiente. “Estamos transferindo o custo desses desastres para as pessoas — pescadores, comunidades costeiras e o setor de turismo”, afirmou.

Para o turismo receptivo e para operadores regionais, os dados reforçam a urgência de revisar planos de desenvolvimento urbano e infraestrutura litorânea. A ausência de medidas preventivas poderá comprometer não apenas o patrimônio natural, mas a própria viabilidade econômica de destinos turísticos no Chile.

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