A Gol anunciou oficialmente a conclusão de seu processo de reestruturação financeira nos Estados Unidos, encerrando sua jornada no âmbito do Chapter 11 do Código de Falências norte-americano. A decisão foi homologada pelo U.S. Bankruptcy Court for the Southern District of New York, marcando o início de uma nova fase para a companhia brasileira, agora mais capitalizada, enxuta e estrategicamente posicionada para crescer.
“A Gol é hoje uma empresa significativamente mais forte. Otimizamos nossa estrutura de custos, racionalizamos nossa frota e reposicionamos nossa rede de rotas. Com isso, estamos prontos para seguir com o nosso propósito de ‘Ser a Primeira para Todos’”, declarou Celso Ferrer, CEO da companhia.
O plano de reestruturação incluiu a captação de US$ 1,9 bilhão em financiamento e a quitação integral do financiamento DIP, o que resultou em uma posição de liquidez robusta de cerca de US$ 900 milhões. A alavancagem da empresa caiu para 5,4 vezes e há expectativa de redução para menos de 3 vezes até o final de 2027, criando espaço para novos investimentos em malha aérea, experiência do cliente e tecnologia.
Nova estrutura de governança e capital
Como parte do processo de capitalização aprovado em assembleia, a companhia emitiu mais de 9 bilhões de ações, movimentando R$ 12 bilhões em créditos capitalizados. Com isso, o Grupo Abra — holding com investimentos na Gol, Avianca e Wamos — passou a deter, direta ou indiretamente, cerca de 80% do capital da empresa, consolidando seu papel como controlador.
A reformulação acionária também acarretará mudanças na negociação dos papéis na B3, com novos códigos, lote padrão de mil ações e nova denominação para as ações ordinárias e preferenciais (GOLL53 e GOLL54, respectivamente), a partir de 12 de junho.
Além disso, o conselho de administração passou por alterações, com a renúncia de dois membros, entre eles Ricardo Constantino, substituído por Antonio Kandir na vice-presidência. Também foi anunciada a extinção do comitê independente especial, cujas funções foram consideradas cumpridas.
Resultados e perspectivas
Durante o processo, a Gol manteve desempenho operacional sólido. Em 2024, foi a companhia mais pontual do país, transportando 30 milhões de passageiros. A Gollog, unidade de logística, ultrapassou pela primeira vez R$ 1 bilhão em receita anual, com 36% de participação de mercado.
A empresa também reforçou sua aposta em uma frota padronizada com aeronaves Boeing 737, com revisão de mais de 50 motores e previsão de receber cinco novas aeronaves 737 MAX em 2025.
A Smiles, programa de fidelidade da companhia, teve o melhor desempenho de sua história, com 24 milhões de clientes e faturamento de R$ 5,3 bilhões, consolidando-se como um ativo estratégico.
Com uma malha aérea em expansão e o suporte das parcerias internacionais promovidas pelo Grupo Abra, a Gol pretende explorar novas rotas domésticas e internacionais, conectando o Brasil a mais destinos de forma eficiente e competitiva.
“Transformamos um momento desafiador em uma oportunidade de reconstrução. Estamos prontos para voar mais alto e continuar liderando a aviação na América Latina”, finalizou Celso Ferrer.
