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História viva: agentes da Orinter exploram os mistérios de Pachacamac no Peru, fotos

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Ana Azevedo

Publicado - 05/06/2025 - 01:15

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O roteiro ofereceu aos agentes de viagens um ponto turístico complementar a quem está buscando história e arqueologia no Peru (Ana Azevedo/M&E)

PACHACAMAC (PERU) – O segundo dia da Famtour Top Seller da Orinter, realizado nesta quarta-feira (4), surpreendeu os mais de 50 agentes de viagens – de todo o Brasil – com uma imersão na cultura, arte, história e arquitetura do Peru, tendo como destaque a visita ao complexo arqueológico de Pachacamac.

A experiência foi conduzida pela equipe da Vipac, que guiou o grupo pelas ruínas, apresentando templos, expressões artísticas, mitologias e curiosidades de um dos sítios mais importantes da costa pacífica pré-colombiana.

Localizado a cerca de 40 km ao sudeste de Lima, no atual distrito de Lurín, Pachacamac foi um dos principais centros religiosos da região andina por mais de 1.500 anos, atravessando diferentes fases culturais – do Período Intermediário Inicial até o domínio inca.

Antes de ser incorporado pelos incas no século XV, já havia sido um santuário reverenciado por culturas como os Lima (costeira), os Wari (do altiplano) e os Ichma (costeira). Mesmo com a expansão do império, os incas mantiveram o culto ao deus Pachacamac, integrando o local à sua rede de centros cerimoniais.

O nome “Pachacamac” vem do quéchua e pode ser traduzido como “Aquele que anima o mundo” ou “Criador do mundo”. Considerado um deus associado à criação e aos terremotos, sua figura era central no imaginário espiritual andino.

A importância de Pachacamac era tamanha que o império inca, ao expandir-se para a costa central, decidiu não suprimir o culto local, mas sim integrá-lo ao seu sistema administrativo e religioso. O santuário passou a fazer parte da rede cerimonial inca, recebendo infraestrutura adicional, como o Templo do Sol e um novo centro urbano planejado.

Para quem chega por Lima, Pachacamac é uma alternativa interessante, especialmente se já conhece Cusco e Machu Picchu. Além de proporcionar um primeiro contato com as raízes pré-incas do Peru, permite observar como o império inca assimilava culturas locais, respeitando crenças regionais e incorporando-as à sua administração territorial.

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Jorge Souza, da Orinter (Ana Azevedo/M&E)

“A viagem está com um saldo muito positivo até agora, para nós [da Orinter] e para os agentes de viagens. Muito se fala de Machu Picchu, mas nesse roteiro mostramos que há outros locais para conhecer e Pacahacamac é um ponto para quem gosta de arqueologia”, disse Jorge Souza, diretor de Marketing da Orinter.

A visita ao museu de sítio do complexo também contribui para contextualizar as ruínas e compreender as diferenças arquitetônicas e religiosas entre as civilizações costeiras e andinas.Em um roteiro pelo Peru, Pachacamac pode ser o ponto de partida ideal para uma jornada que progride da costa para a serra: começando por Lima e Pachacamac, seguindo para Cusco — o centro político e cultural do império — e finalizando em Machu Picchu, a joia escondida e preservada da civilização inca.

“Sugiro vir em Pachacamac antes de chegar em Machu Picchu, e deixar esse para fechar a viagem com chave de ouro, porque é algo incomparável. Essa é a minha terceira vez no país, mas eu nunca tinha realmente visitado os lugares que a gente visitou, estou achando muito diferente e surpreendente”, complementou.

Quem foi o quê e quando?

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Pachacamac foi um ponto fundamental no Qhapaq Ñan — a gigantesca rede de estradas construída pelos Incas (Ana Azevedo/M&E)

Pachacamac foi um centro religioso costeiro ocupado por mais de 1.500 anos, desde o Período Intermediário Inicial (c. 200 d.C.) até a chegada dos incas no século XV. Antes da anexação pelo Império Inca, já era um santuário reverenciado por culturas como os Lima (c. 200-700 d.C.), os Wari (c. 600-1000 d.C.) e os Ichma (c. 1100-1470 d.C.).

O local era um oráculo importante, com sacerdotes especializados em interpretar sinais divinos e orientar decisões políticas e agrícolas, que atraía peregrinos de diversas partes da região andina. O sítio apresenta uma complexa organização arquitetônica, com plataformas de adobe (argila) e pedra que abrigavam templos, praças e áreas de culto, conectadas por vias processionais usadas em rituais e cerimônias.

Entre as estruturas mais relevantes do complexo estão o Templo do Sol, dedicado ao deus Inti, símbolo máximo da religião inca , o Acllawasi, onde viviam mulheres escolhidas para atividades religiosas e têxteis, as chamadas pirâmides com rampas, usadas para fins administrativos e cerimoniais, e a Casa dos Quipus, local onde foram encontrados quipus acompanhados de oferendas simbólicas.

O sistema de irrigação, ainda que simples, aproveitava as águas do rio Lurín por meio de canais, permitindo o cultivo de hortas próximas às construções, garantindo o sustento dos residentes e peregrinos que visitavam o local. Esse uso eficiente da água do rio Lurín é um dos fatores que possibilitaram a permanência e o crescimento do santuário ao longo dos séculos.

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Artefato histórico encontrado em Pachacamac (Ana Azevedo/M&E)

Além de sua importância histórica, o santuário está inserido em um ambiente natural privilegiado, com ecossistemas diversos que incluem planícies agrícolas, áreas desérticas, o rio Lurín e o litoral. A fauna local inclui aves como colibris, falcões, huerequeques e espécies migratórias, além de animais domesticados como lhamas, alpacas e cuyes, utilizados para transporte, alimentação e rituais.

A área funerária de Pachacamac é um dos destaques do sítio. Escavações realizadas desde os anos 1930 revelaram necrópoles onde foram encontrados enterramentos em fardos funerários, com evidências de sacrifícios humanos realizados principalmente em cerimônias ligadas à fertilidade e ao culto solar. As múmias e artefatos associados confirmam a importância do local como centro de rituais e devoção.

A cerâmica produzida em Pachacamac reflete a diversidade cultural da região, apresentando estilos típicos da cultura Lima, influências Wari e elementos Ichma e Inca. O uso de conchas marinhas, como a Spondylus, reforça a relação do santuário com a costa e o intercâmbio comercial com outras regiões.

Com a chegada dos espanhóis, em 1533, o sítio sofreu saque e destruição. Hernando Pizarro, irmão de Francisco Pizarro e um dos principais conquistadores espanhóis no Peru, esteve envolvido na pilhagem de Pachacamac. Ele foi enviado a Lima para entregar ao rei a parte da riqueza obtida com o resgate do imperador inca Atahualpa.

Pachacamac Orinter
Vaso de sacrifício reconstruído (Ana Azevedo/M&E)

Durante esse período, o ídolo de Pachacamac, uma figura central no culto local, foi levado e desapareceu. Relatos indicam que o ídolo era uma escultura de madeira polícroma, representando o deus Pachacamac em posição hierática, e que os espanhóis, ao destruírem-no, acreditavam estar apagando a força espiritual do lugar.

Um dos mitos mais emblemáticos ligados ao santuário é o de Cavillaca e Cuniraya Viracocha. Segundo a tradição oral andina, a deusa Cavillaca, ao descobrir que havia sido enganada por Cuniraya — disfarçado de mendigo —, foge em direção ao mar com seu filho e, tomada pela vergonha, transforma-se com ele nas ilhas que hoje se veem da costa de Pachacamac. Esse mito está intimamente ligado à paisagem natural do local e reforça seu valor simbólico.

A partir do século XX, arqueólogos como Alberto Giesecke começaram a realizar escavações sistemáticas, revelando parte da riqueza cultural e histórica de Pachacamac. Em 2016, foi inaugurado o Museu de Pachacamac, que preserva e exibe muitos dos objetos recuperados no sítio, promovendo o estudo e a divulgação do patrimônio local.

Atualmente, o sítio arqueológico é objeto de pesquisas contínuas para aprofundar o conhecimento sobre sua função religiosa, social e econômica na história pré-colombiana do Peru. Além das pesquisas, o local é hoje cenário de atividades educativas e culturais voltadas para escolas, comunidades e visitantes, reforçando sua função como espaço de memória viva.

O Museu de Pachacamac também promove oficinas, exposições educativas e ações com escolas da região, reforçando seu papel como espaço de memória, formação cultural e reconexão com o passado andino.

As “pirâmides”

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Maquete de uma pirâmide com tampa sem Pachacamac (Ana Azevedo/M&E)

Embora compartilhem o nome genérico de “pirâmides”, as estruturas de Pachacamac, no Peru, e as do Egito são completamente distintas em formato, finalidade e contexto cultural. As chamadas “pirâmides com rampa” de Pachacamac são plataformas escalonadas, retangulares, construídas entre os séculos III e XV por diversas culturas pré-colombianas.

Essas edificações eram utilizadas para fins administrativos, cerimoniais e religiosos, integrando um complexo sagrado dedicado ao deus criador Pachacamac. Sua arquitetura refletia a função prática e ritualística dentro da organização urbana andina, e sua construção em adobe estava adaptada ao clima árido da costa peruana.

Já as pirâmides do Egito, como as de Quéops, Quéfren e Miquerinos, datam de cerca de 2600 a.C. a 2500 a.C. e foram concebidas como túmulos monumentais para faraós. Com formato triangular e faces inclinadas que convergem para um vértice, simbolizam a ascensão espiritual e a vida após a morte. Feitas de blocos maciços de calcário e granito, demonstram as capacidades técnicas do Antigo Egito e a centralidade do culto aos mortos em sua civilização.

Enquanto Pachacamac permaneceu um centro vivo de rituais e peregrinações até o século XVI, as pirâmides egípcias sobreviveram como testemunhos imponentes de uma crença milenar na eternidade e na imortalidade do poder real.

Famtour Top Seller Orinter

Orinter
Os profissionais fizeram visita técnica no hotel The Legend by Hyatt (Ana Azevedo/M&E)

A programação do dia foi encerrado com um jantar seguido de uma visita técnica no hotel The Legend by Hyatt. Após o cumprimento da agenda o grupo se dirigiu ao hotel Paracas Luxury Collection para descansar.

Amanhã (5) o itinerário contempla degustação de piscos premiados, almoço com show afro-peruano e passeio ao oásis de Huacachina para atividades como sandboard e piquenique no deserto de Ica ao pôr do sol. O grupo retorna no fim do dia ao hotel em Paracas.

A famtour da Orinter continua na quinta-feira (6), com um tour de barco às Ilhas Ballestas, seguido de retorno a Lima. O encerramento inclui coquetel de despedida no Hotel Country Club Lima San Isidro. A viagem termina na sexta-feira (7), com retorno a São Paulo.

GALERIA:

*O M&E viaja com proteção da GTA e apoio da Shift Mobilidade.