Magda Nassar: “Crise mostrou a força e resiliência do Turismo”

Magda Nassar, presidente da Abav Nacional

Resiliência. Esta palavra foi repetida por inúmeras vezes pela presidente da Abav Nacional, Magda Nassar, durante a entrevista concedida com exclusividade o MERCADO & EVENTOS. Para a dirigente, ela representa o retrato mais fiel do que 2020 representou para o Turismo. Na esteira disso, ela planeja uma guinada na entidade, com uma nova estrutura, que inclui três novas gerências: Institucional, Marketing e Geração de Receitas e Governança Corporativa. A ideia é dar mais agilidade e buscar mais ações. Na entrevista ela ainda fez um balanço do ano, que teve Medidas Provisórias e outras vitórias do setor e prevê ainda mais uma conquista, a redução do IRRF ainda este ano.

MERCADO & EVENTOS – A Abav termina o ano com uma nova estrutura organizacional e planos para 2021. O que levou a entidade a estas mudanças?
Magda Nassar – Na verdade, estamos desde o começo desta gestão, que foi em dezembro do ano passado, fazendo a reprogramação de cargos e papéis dentro da entidade. Veio a pandemia e tudo foi encarando como pudemos. Fomos muito bem sucedidos com esta equipe, que se dedicou muito durante todo este período. Só tenho elogios. Fizemos mudanças de cargos e pessoas, que são importantes porque temos que nos adaptar aos novos tempos, que serão mais difíceis. Queremos uma performance acima do que vínhamos tendo. O que ficou para trás, não temos nada a dizer, pois tenho elogios e críticas como associada. Quando um presidente novo assume tem que impor o seu ritmo, mas a entidade tem que ter o seu próprio. São decisões que não tomo sozinha, pois é um sistema complexo e todos sempre são consultados e informados. Temos um bate bola muito bom com toda a diretoria.

M&E – Foi um ano difícil para todo o setor. Como você avalia o 2020 da Abav?
Magda Nassar – Terminamos o ano muito bem. Estamos muito realizados com o que fizemos e também em busca do que não conseguimos ainda. Continuamos atrás, na luta. Os associados estão, cada vez mais, entendendo que a associação é fundamental para eles. Entregamos muita coisa importante para o setor como um todo. Só existimos por conta deles e eles são a nossa prioridade. As mudanças vêm para melhorar a entidade cada vez mais.

M&E – Vocês estão criando uma Gerência Institucional, que terá – entre outras atribuições – a relação com os associados. Você acredita que este era um gargalo na entidade?
Magda Nassar – Não sei o que faltava antes da minha gestão. Pode ser que estivesse sendo aplicado, mas de outra forma. Entendemos, desde o primeiro dia, que a principal riqueza da Abav é o seu associado. Trabalho pró-bono porque reconheço que como associada recebi muitas coisas ao longo dos anos. Trouxemos a Priscila Perasolo, que tem um olhar muito delicado para isso. O que queremos é trabalhar mais próximo destes associados até para entendê-los melhor. O Brasil é muito grande e cada grupo tem pleitos específicos e impactos diferentes. Vamos cultivar uma convivência próxima e de entendimento com as Abavs estaduais para que as agências entendam o real papel da entidade. Há, sem dúvida, aquele mantra de pleitos impossíveis ou gente pedindo coisas que já aconteceram e, normalmente, isso vem de não associados. Por exemplo, fazemos um ebook que está na edição 37º edição e estamos o ano todo informando o mercado todo, não só os associados, porque temos esta generosidade. Todos acabam usufruindo das nossas conquistas. Temos hoje 37 semanas descritas de boa parte do que fizemos no e-book. Muita gente faz bravata e discursos, mas tem coisas que não podemos fazer, simplesmente porque é contra a lei. Nesta gestão, somos de resolver e de entregar, não de bravatas.

M&E – A pandemia e as dificuldades de todo o setor fez com que o trabalho das entidades ganhasse mais visibilidade. O reconhecimento também aumentou?
Magda Nassar – Tivemos muito reconhecimento. Resolvemos fazer e-book para que pessoas pudessem conhecer e usufruir melhor de todas as conquistas. Foi muito gratificante tudo que aconteceu, recebo muitas mensagens dos agentes nas minhas redes sociais. O mercado sentiu que a entidade tem um papel fundamental. Quando vemos uma Medida Provisória resultante de um pleito nosso e que ajudamos a elaborar é muito gratificante. Depois vimos outra MP tentando garantir sustentabilidade e os empregos do setor. Em seguida tivemos, pela primeira vez, uma Nota Técnica sobre responsabilidade solidária. Estamos brigando por uma lei mais justa. Tivemos muitas vitórias colocadas na mesa. Não são todas que precisamos, mas seguimos na luta.

M&E – Entre as vitórias que faltam está o IRRF. Como está este tema?
Magda Nassar – Na última reunião com o Ministério da Economia a promessa oficial era de que até o dia 17 de dezembro estaria tudo resolvido. Nos reunimos com o Marcelo Guaranys, secretário-executivo do Ministério, e aparentemente já há o ajuste necessário e esperamos que até o dia 17 isso seja assinado para entrarmos 2021 com imposto menor.

M&E – Essas ações e o reconhecimento trouxe novos associados?
Magda Nassar – Tivemos uma diminuição de associados, pois empresas fecharam, outras se transformaram. Mas, ao mesmo tempo, em um ano de pandemia, onde tudo foi reduzido, vimos empresas apertando os cintos para seguir na entidade. Tivemos também novas agências que entraram, como por exemplo um grupo de agências de luxo, que também formarão um grupo de trabalho dentro da Abav, assim como temos o grupo de tecnologia. Temos sim novos associados e alguns estados muito bem posicionados, mas o Brasil é muito grande e tem realidades diferentes.

M&E – A Abav Collab foi considerada um sucesso. Já é possível falar sobre a Abav Expo 2021? Você acredita que teremos condições favoráveis para a realização do evento?
Magda Nassar – A Abav Collab foi um sucesso absurdo. As pessoas se sentiram muito gratas porque foi muito corajoso da parte deste time botar a cara a tapa e realizar este evento. Fizemos para movimentar este setor com segurança. E todos entenderam isso. Para a sustentabilidade econômica é importante ter este resultado, porque temos o maior da América Latina. Os que vêm depois são muito menores. Nosso evento tem uma importância tamanha que não podemos deixar de fazer. Temos a certeza de que só vamos fazer a Abav Expo nos moldes de 2019 quando tivermos segurança para isso. Ela acontece no segundo semestre e acreditamos que até lá as pessoas já estejam vacinadas. Antes disso, vamos seguir trazendo iniciativas inovadoras.

M&E – Havia um entrosamento muito bom com o ministro Marcelo Álvaro. Você acredita que terá continuidade com um novo ministro?
Magda Nassar – Desejo muita sorte, razão e sensibilidade para o novo ministro nos próximos meses. Já temos uma boa relação com o Gilson Machado, que tem nos acompanhado como presidente da Embratur. É uma troca muito confortável para nós.

M&E – Que lições o Turismo como um todo pode tirar deste ano tão difícil para todos?
Magda Nassar – Desde o começo desta pandemia me vem uma palavra que é resiliência. Tive muito medo em determinados momentos. Esperança em outros. E ansiedade também. Isso como empresária e presidente de associação e pessoa que emprega. Isso, por saber que tinha que abrir mão de gente que tem valor. Foi um ano de emoções confusas e pesadíssimo, mas acho que mostrou a força que este setor tem. Da sua capacidade de transformação. O Turismo é absurdamente resiliente e temos que nos orgulhar de trabalhar nele e por ele. Estarmos satisfeitos com o trabalho, não significa que estamos felizes. Muita gente sofreu, empresas fecharam e temos um caminho cheio de problemas. Com tudo isso, conseguimos nos adaptar com muita força e resiliência.