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Recuperação judicial da 123 Milhas atinge dois anos sem assembleia e reúne mais de 800 mil credores em audiência

Rafa Neddermeyer Agencia Brasil 123 Milhas Recuperação judicial da 123 Milhas atinge dois anos sem assembleia e reúne mais de 800 mil credores em audiência
Processo bilionário segue sem definição sobre plano de pagamento; consumidores podem esperar até 12,5 anos para receber (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

A recuperação judicial do grupo 123 Milhas, que também engloba Maxmilhas, HotMilhas, Novum e LH Lance Hotéis, completou dois anos em agosto sem que a assembleia de credores fosse realizada. A demora, considerada atípica no setor jurídico, afeta mais de 800 mil clientes prejudicados e mantém em suspenso o futuro do processo, que já é considerado o maior do país em número de credores.

Para dar andamento, a Justiça de Minas Gerais convocou uma audiência administrativa para o dia 23 de setembro, no Fórum Cível e Fazendário de Belo Horizonte, com transmissão ao vivo pelo canal oficial do TJMG no YouTube. O encontro não terá caráter deliberativo: a intenção é orientar os credores e esclarecer os próximos passos até a assembleia geral que decidirá o destino do plano de pagamento apresentado pelo grupo.

A crise da 123 Milhas começou em agosto de 2023, quando a empresa suspendeu pacotes e passagens promocionais. Desde então, denúncias contra sócios e administradores incluem fraude a credores, lavagem de dinheiro e crimes contra as relações de consumo. O passivo já chega a R$ 2,4 bilhões, abrangendo consumidores, fornecedores e instituições financeiras.

O plano protocolado em dezembro de 2024 prevê condições diferenciadas:

  • Ex-colaboradores receberiam em até 12 parcelas mensais;
  • Micro e pequenas empresas, até R$ 100 mil, também em 12 parcelas; valores acima teriam carência de 6,5 anos;
  • Demais credores poderiam esperar até 12,5 anos, com pagamentos semestrais;
  • Alternativas adicionais incluem cashback de 4%, desconto de 40% para antecipação ou um valor fixo de R$ 450 em até dois anos.

Especialistas alertam que consumidores e trabalhadores devem acompanhar de perto os prazos, já que quem não optar por uma modalidade poderá receber apenas na última etapa, em mais de uma década.

Segundo a empresa, desde o pedido de recuperação judicial, o grupo já embarcou quase 3 milhões de passageiros e vem ampliando sua receita. Em nota enviada ao M&E nesta semana, afirmou que o processo é acompanhado pela Justiça para garantir igualdade e transparência a todos os credores e que segue operando normalmente.

Caso o plano não seja aprovado, a alternativa será a liquidação de ativos, que hoje representam apenas 0,2% do total da dívida, o que praticamente inviabilizaria o ressarcimento da maioria. O desfecho da assembleia será decisivo para definir se clientes e parceiros conseguirão recuperar parte de seus valores ou se a 123 Milhas encerrará definitivamente suas atividades.

Com informações do FDR.

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