
Mesmo com a possibilidade de a Azul ingressar com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, as conversas para uma fusão com a Gol continuam em curso, e com pressa. A Abra Holding, controladora da Gol Linhas Aéreas, mantém firme o interesse em fechar o acordo o quanto antes, sinalizando que o plano de consolidação do setor aéreo brasileiro ainda está de pé, de acordo com a Veja.
O processo de união entre as duas companhias está sendo analisado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que avaliará os impactos concorrenciais da operação. No entanto, os bastidores da negociação revelam um ponto central de atrito: a divisão de ações da nova empresa resultante da fusão.
Segundo fontes próximas ao acordo, a Gol não estaria disposta a ceder espaço facilmente. Após receber um aporte de R$ 1,9 bilhão e com previsão de sair de sua própria recuperação judicial em junho, a companhia chega fortalecida à mesa de negociações. Em contrapartida, a Azul enfrenta um cenário bem mais delicado, com fluxo de caixa pressionado, liquidez reduzida e rumores cada vez mais intensos de que poderá recorrer ao Chapter 11, o modelo norte-americano de reorganização judicial.
“Um lado está capitalizado e o outro, quebrado”, resume uma fonte envolvida nas conversas, apontando para o desequilíbrio atual de forças entre as duas empresas.
O interesse da Abra Holding na fusão está alinhado com o movimento global de consolidação no setor de aviação, especialmente após os impactos duradouros da pandemia e os desafios cambiais e operacionais enfrentados pelas aéreas brasileiras. A Gol, que já demonstrou resiliência ao atravessar um processo de reestruturação nos EUA, vê na integração com a Azul uma oportunidade de fortalecer a malha aérea nacional e ampliar a competitividade frente a concorrentes como a Latam.
Para o setor de turismo, a fusão pode representar tanto riscos quanto oportunidades. De um lado, a criação de uma companhia aérea mais robusta pode aumentar a capilaridade de voos e otimizar rotas; de outro, há preocupação com a possível concentração de mercado, o que pode impactar preços e condições para os passageiros.
Enquanto isso, o setor segue atento aos próximos capítulos, com os olhos voltados tanto para Brasília, onde o Cade dará seu veredito, quanto para os desdobramentos da situação financeira da Azul.
*Com informações da Veja