
O aeroporto de Viracopos, em Campinas, relatou que a falha prejudicou voos da Azul em seus terminais (Divulgacão /Azul/GH Produções)
Passageiros de voos em todo o mundo enfrentaram atrasos, cancelamentos e problemas no check-in devido a uma falha massiva de TI que afetou indústrias como bancos e empresas de mídia nesta sexta-feira (19). De acordo com dados da Cirium, dos mais de 110.000 voos comerciais programados mundialmente para a data, 2.691 foram cancelados globalmente e mais cancelamentos são esperados.
A Azul informou que voos operados pela empresa podem sofrer “atrasos pontuais” devido à “intermitência no serviço global do sistema de gestão de reservas”. A companhia aérea recomenda que os clientes cheguem mais cedo ao aeroporto e dirijam-se ao balcão de atendimento caso não tenham realizado o check-in online.
A Gol e a Latam afirmaram não terem sido significativamente afetadas pela falha, mas também recomendaram que os passageiros verifiquem o status dos voos e cheguem cedo aos aeroportos. O aeroporto de Viracopos, em Campinas, relatou que a falha prejudicou voos da Azul em seus terminais.
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que o apagão cibernético não afetou o controle de tráfego aéreo do país, impactando pontualmente apenas operações de check-in de algumas companhias aéreas. A Força Aérea Brasileira também informou que seu sistema de controle do espaço aéreo permaneceu operando normalmente.
Analistas indicaram que a falha pode estar ligada a um problema no software da Microsoft usado globalmente, com a empresa de cibersegurança Crowdstrike trabalhando para solucionar um defeito encontrado em uma atualização de conteúdo para hosts do Microsoft Windows.
Impacto mundial
Aeroportos e companhias aéreas ao redor do mundo enfrentaram desafios significativos, com diversas medidas sendo adotadas para mitigar o impacto. “Sentimos muito pelo impacto que causamos aos clientes, aos viajantes, a qualquer pessoa afetada por isso, incluindo nossa empresa”, disse o CEO da CrowdStrike, George Kurtz.
Em Edimburgo, uma fonte da agência de notícias Reuters relatou que os scanners de cartões de embarque exibiam a mensagem “servidor offline”, levando o aeroporto a recomendar que os passageiros verificassem o status dos voos online antes de se dirigirem ao local.
“Sentimos muito pelo impacto que causamos aos clientes, aos viajantes, a qualquer pessoa afetada por isso, incluindo nossa empresa”
No Aeroporto Internacional de Hong Kong e no Aeroporto de Changi, em Cingapura, o check-in foi realizado manualmente. Companhias aéreas em várias regiões, incluindo Ryanair, Delta Air Lines e Air India, também relataram atrasos e interrupções. A falha global afetou até mesmo empresas não diretamente impactadas, resultando em atrasos generalizados.
Na Índia, no Terminal 3 do aeroporto de Nova Délhi, foram emitidos cartões de embarque manuscritos e a equipe utilizou quadros brancos para exibir informações sobre os portões de embarque. No Aeroporto de Madrid-Barajas, passageiros enfrentaram filas e falta de informação.
“Não havia ninguém para nos informar onde fazer o check-in quando chegamos. Diferentes grupos formaram filas em lugares diferentes e, depois que se formou um gargalo de pessoas, alguém nos disse para vir aqui”, relatou Ana Rodriguez, turista do México.
Nos Estados Unidos, várias companhias aéreas, incluindo American Airlines, United Airlines e Delta, emitiram paradas gerais para todos os voos devido a problemas de comunicação, de acordo com a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA). A American Airlines informou que retomou as operações, enquanto a Delta afirmou ter reiniciado algumas partidas, mas alertou para possíveis atrasos e cancelamentos adicionais.
“O sistema de transporte está sendo monitorado e esperamos que tudo esteja normalizado até o final de semana. A Administração Federal de Aviação (FAA) não parece ter sido impactada”
Dados da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) mostraram que as operações da Delta em Atlanta, Detroit, Minneapolis e Salt Lake City ainda estavam afetadas. Mais de 27.000 voos estavam programados para sexta-feira nos EUA, transportando até 3,7 milhões de passageiros, segundo dados da Cirium.
“O sistema de transporte está sendo monitorado e esperamos que tudo esteja normalizado até o final de semana. A Administração Federal de Aviação (FAA) não parece ter sido impactada”, disse o secretário de Transportes dos EUA, Pete Buttigieg.
Na Europa, a companhia aérea espanhola Iberia conseguiu evitar cancelamentos de voos. No entanto, aeroportos como Schiphol em Amsterdã, Berlim, Gatwick em Londres e Edimburgo relataram impactos significativos. O serviço de rastreamento de voos FlightRadar24 identificou Schiphol como o aeroporto com mais interrupções globalmente. Um porta-voz de Schiphol informou que voos de e para o aeroporto foram afetados e aconselhou os viajantes a contatarem suas companhias aéreas.
Europa para pelos voos cancelados

As companhias aéreas terão que provar que isto foi, de fato, uma circunstância extraordinária para ficarem isentas do ressarcimento (Banco de imagens Unsplash/
Christian Lue)
Na Europa, as companhias aéreas são obrigadas a compensar passageiros por atrasos superiores a três horas, mas a responsabilidade legal pela falha cibernética ainda é incerta. “As companhias aéreas terão que provar que isto foi, de fato, uma circunstância extraordinária”, disse um porta-voz da organização europeia de consumidores BEUC. “Se for o caso, os passageiros não receberão compensação, conforme a lei da UE.”
“As companhias aéreas terão que provar que isto foi, de fato, uma circunstância extraordinária”
Nos EUA, grandes companhias aéreas se comprometeram em 2022 a fornecer refeições para clientes atrasados por três horas e quartos de hotel para passageiros retidos, se motivados por questões sob controle das companhias. Contudo, não há exigência legal para compensação por longos atrasos, e ainda não está claro se a falha de TI será considerada um atraso causado pela companhia aérea.