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Aviação

Após 2ª onda, aéreas apostam em vacinação para retomada forte no fim do ano

“Falo da vacinação, porque não há outro instrumento capaz de ser incentivador da retomada de demanda”, afirma Eduardo Sanovicz

“Falo da vacinação, porque não há outro instrumento capaz de ser incentivador da retomada de demanda”, afirma Eduardo Sanovicz

O mês de janeiro de 2021 registrou os melhores resultados de oferta, demanda e passageiros do mercado doméstico de aviação comercial desde o início das restrições provocadas pela pandemia de Covid-19. O número estava relacionado ao momento vivido pelo país meses antes. Após o pico de mortes por coronavírus, registrado em julho, o Brasil apresentou significativa queda nos índices, chegando a novembro com o menor número de óbitos em sete meses.

Paralelamente, o setor aéreo, incluindo companhias, aeroportos e poder público, que já havia sido pioneiro em reconhecer os impactos da pandemia, se organizou para elaborar uma série de medidas e protocolos que garantissem uma retomada segura das viagens aéreas.

Esta retomada mais acentuada iniciou no mês de setembro, marcada principalmente pelo feriado de Independência. Na comparação com agosto, o crescimento foi de mais de 36% na demanda e 39% no número de passageiros. O aumento acima de 30% também foi observado na comparação entre setembro e outubro.

Voltando a janeiro, enquanto o setor via o número de passageiros ultrapassar a marca dos 6 milhões, assistíamos a cenas assustadoras do colapso de saúde em Manaus, um prelúdio da segunda onda que levaria o Brasil ao pior momento da pandemia. O impacto já foi sentido em fevereiro, com uma queda de 31% na demanda, obrigando companhias a cortarem parte da sua oferta planejada para o mês seguinte.

“Tivemos os números do fim do ano passado porque implantamos um conjunto de protocolos sanitários e estes protocolos foram obtendo a confiança das pessoas. Quando veio a segunda onda, o que fez as pessoas pararem de viajar, e é natural que faça, vimos notícias de que o sistema de saúde de São Paulo, estava colapsando. E isso tem um impacto significativo pois é o maior polo emissor do país”, afirma Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

Em março, enquanto o País chegou ao maior número de mortes por Covid-19 (66,8 mil), o setor aéreo regrediu à pior demanda desde o início da retomada, em setembro. O aproveitamento (relação entre oferta e demanda) foi de 66,7%, o pior desde abril de 2020, mostrando uma desaceleração mais forte que a prevista.

GRÁFICO PASSAGEIROS MORTES

Com os resultados ainda mais negativos que o esperado, as principais aéreas do país reduziram significativamente a sua oferta para o início do segundo trimestre do ano. A Latam teve o maior corte, de 345 voos por dia em março para 190 em abril. A Azul, que contava com a maior oferta (cerca de 600 voos diários), reduziu para 450. Por fim a Gol, que em março teve em média 245 voos por dia, planeja ter entre 185 e 200 voos por dia neste trimestre. A companhia ainda cortou operações em nove bases.

“Do ponto de vista de demanda estamos com aproximadamente 35% da malha no ar, o número que fecha abril. Este é o pior mês desde o início do processo de recuperação em setembro do ano passado. Entendemos que estabilizamos neste número e a situação segue bastante grave nos próximos meses, mas começaremos a ver uma leve recuperação a medida em que a vacinação se torne um fato massivo, que atinja 100 milhões de pessoas aproximadamente”, destaca Sanovicz.

O presidente da Abear reforça o peso da vacinação como catalizador nesta retomada. “Assim (com a vacinação atingindo 100 milhões de pessoas), no último bimestre do ano esperamos ter número muito parecidos com o fim do ano passado. Falo da vacinação, porque não há outro instrumento capaz de ser incentivador da retomada de demanda. Todos os outros são secundários ou consequências da vacinação. É vital está compreensão”, completa.

Essa relação direta entre vacinação e demanda vem se mostrando nos números da Gol. De acordo com o diretor-presidente da companhia, Paulo Kakinoff, a chegada do Brasil ao patamar de um milhão de doses diárias de vacina, alcançado pela primeira vez no início de abril, já teve impacto direto nas reservas.

“Essa correlação quase perfeita está trazendo uma aceleração no que a gente chama na curva de bookings. As pessoas entrando nos nossos canais de comercialização e comprando bilhetes para toda nossa curva de oferta disponível, que é de 330 dias. Nas últimas três semanas, essa curva de bookings tem crescido a uma média de quase 10% por semana”, afirmou Kakinoff, durante a teleconferência de divulgação dos resultados da Gol no primeiro trimestre de 2021. “Trabalhamos com premissas de ter em julho uma aceleração forte na demanda e muito provavelmente nos aproximando os números que tivemos no quarto tri do ano passado”, completou.

Paulo Kakinoff, presidente da Gol

Paulo Kakinoff, presidente da Gol

AJUDA NO TRANSPORTE

A ciência de que a demanda estava totalmente relacionada ao cenário do sistema de saúde vem fazendo com que as aéreas brasileiras tenham protagonismo na logística de insumos, vacinas e profissionais de saúde desde a chegada da pandemia ao Brasil. Ao todo, já foram realizados mais de 2,9 mil voos com estas finalidades. Somente em vacinas, foram 41 milhões de doses transportadas.

Quadro vacinas abear

 

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