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Preço alto das passagens limita crescimento do turismo na América Latina, aponta estudo

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Ana Azevedo

Publicado - 17/07/2025 - 09:32

Avião (Pixabay/Anestiev)
Voos para EUA ficam mais baratos em 2025; tarifas para Europa sobem em quase todos os países (Pixabay/Anestiev)

O alto custo das passagens aéreas, impulsionado pela baixa concorrência entre companhias, continua sendo um obstáculo estrutural ao crescimento do turismo na América Latina, segundo estudo da Mabrian divulgado nesta quinta-feira (17). A pesquisa, baseada em previsões tarifárias para os próximos seis meses em rotas regionais, além de conexões com os EUA e Europa, aponta um cenário misto com variações de preços entre países e rotas.

A análise mostra que, embora haja expectativa de queda nos valores em destinos como Argentina (-10%), México (-10%) e Colômbia (-6,6%), há previsão de aumento em mercados como Brasil (+12,2%) e Chile (+11,3%). No Peru, os preços devem se manter estáveis, com leve alta de 1,7%.

De acordo com Carlos Cendra, sócio e diretor de Marketing da Mabrian, a conectividade limitada e a escassez de opções impactam diretamente a acessibilidade e a atratividade turística. “É crucial expandir as redes de conectividade, acomodando mais participantes e alternativas, e tornando as viagens aéreas mais acessíveis”, afirmou.

O levantamento revela que países com redes aéreas mais amplas registram preços médios mais altos, como Brasil (US$ 135), México (US$ 128) e Argentina (US$ 105). Já Chile (US$ 69), Peru (US$ 70) e Colômbia (US$ 83) apresentam valores inferiores, o que, segundo a Mabrian, favorece esses destinos na captação de turistas regionais.

O setor aéreo é estratégico na América Latina, gerando 8,3 milhões de empregos e respondendo por US$ 240 bilhões do PIB. Ainda assim, a média anual de voos por cidadão é de apenas 0,65, contra 2,5 na América do Norte e 4,5 na Espanha. A pesquisa também avaliou o comportamento das tarifas em rotas internacionais. Voos entre países latino-americanos variam entre US$ 245 (Colômbia) e US$ 474 (México). O Brasil aparece com média de US$ 419. Apesar disso, são justamente México (-7,1%) e Brasil (-8,4%) que lideram a redução nas tarifas dessas rotas.

Nas conexões com os Estados Unidos, as passagens estão em queda expressiva, com destaque para Chile (-50,3%), Brasil (-25,3%) e Argentina (-24,9%). A Mabrian atribui essa tendência a fatores geopolíticos que têm favorecido a queda nos preços e podem estimular o turismo de norte-americanos à América Latina no fim de 2025.

O movimento é oposto nas rotas para a Europa. A maioria dos países da região registra aumentos, com destaque para Colômbia (+13%) e México (+16,5%). O Brasil é exceção, com queda de 6,5% no preço médio das passagens para o continente europeu.

A Mabrian conclui que o futuro do turismo regional depende de uma maior conectividade aérea, o que exigirá estímulo à entrada de novas companhias e políticas para ampliar a oferta e tornar as viagens mais acessíveis.