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Reestruturação com pré-acordo: Chapter 11 da Azul tende a ser mais rápido e menos turbulento que o de Latam e Gol, avalia especialista

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Janaina Brito

Publicado - 28/05/2025 - 12:14

Operadora registrou crescimento de 46% em capacitações e realizou mais de 160 eventos em todo o Brasil, com apoio de mais de 200 parceiros (Divulgação/Azul)
Aérea pode ter processo mais tranquilo e ágil (Divulgação/Azul)

A entrada da Azul no processo de reestruturação financeira via Chapter 11 nos Estados Unidos, anunciada nesta quarta-feira (28), deve seguir um caminho mais tranquilo e célere do que os processos vivenciados por Latam e Gol. É o que avalia o especialista em Direito Empresarial, Fernando Canutto, sócio do escritório Godke Advogados.

Segundo Canutto, três fatores principais contribuem para essa expectativa, sendo o mais relevante a existência de pré-acordos com credores e investidores estratégicos, que já foram firmados antes do início oficial do processo judicial.

“Ao contrário da Latam, que enfrentou resistência de grupos de credores minoritários, a Azul já entra com um alto grau de consenso entre stakeholders”, destaca o advogado.

Além disso, o mercado já está mais familiarizado com esse tipo de reestruturação no setor aéreo latino-americano, o que reduz a incerteza jurídica e operacional. Tanto fornecedores quanto clientes tendem a manter a confiança na continuidade das operações, que a Azul garantiu que seguirão normalmente durante todo o processo.

Outro ponto importante, segundo Canutto, é que o aprendizado adquirido nos casos recentes da Latam e da Gol serviu para amadurecer o ecossistema jurídico e empresarial em torno do Chapter 11 para empresas da região.

“O setor já passou por experiências semelhantes, e isso torna o ambiente mais preparado para lidar com esse tipo de processo, sem os solavancos de antes”, afirma.

A Azul ingressou no processo com financiamento DIP garantido de US$ 1,6 bilhão, além de já ter assegurado aportes estratégicos da American Airlines (US$ 150 milhões) e da United Airlines (US$ 100 milhões), valores que podem ser convertidos em participação acionária.

Um modelo que pode virar referência

Diferentemente de reestruturações emergenciais motivadas por colapsos operacionais, o movimento da Azul é visto como estratégico e preventivo, algo ainda raro na América Latina.

Esse tipo de entrada no Chapter 11, conhecido como pre-packaged, quando há acordos costurados antes do processo formal, pode estabelecer um novo padrão de governança e previsibilidade jurídica para empresas com atuação internacional.

“É um modelo que demonstra planejamento e maturidade, e que pode inspirar outras empresas brasileiras a adotarem caminhos similares, quando necessário, sem prejuízo às operações ou à confiança do mercado”, conclui Canutto.