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Debate sobre segurança em cruzeiros reacende com casos recentes, mas setor cresce no mundo

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Além de reforçar a travessia segura, o setor também segue em expansão, impulsionado pela alta demanda global (Criado com IA/Freepik/Chandlervid85)

Em 2025, a segurança em cruzeiros marítimos voltou ao centro das atenções após episódios recentes, como o resgate bem-sucedido de uma criança que caiu de uma varanda e a repercussão do documentário “Cruzeiro do Cocô”, que relata um incêndio e falhas técnicas a bordo de uma embarcação. Esses fatos reacenderam o debate sobre os riscos e as medidas de prevenção adotadas no setor. Viajar de cruzeiro é realmente seguro?

Para responder a essa e outras perguntas, o Mercado & Eventos conversou com a Cruise Lines International Association (Clia) e realizou uma pesquisa aprofundada. É preciso iniciar essa conversa apontando que as embarcações seguem normas internacionais da Organização Marítima Internacional (IMO), principalmente a convenção SOLAS (Safety Of Life At Sea), que define padrões mínimos para construção, equipamentos e operação segura dos navios.

Além disso, legislações nacionais, como o Cruise Vessel Security and Safety Act (CVSSA), vigente nos Estados Unidos desde 2010, impõem regras específicas para proteger passageiros. Entre as exigências está a instalação de guarda-corpos com pelo menos 1,07 metro em áreas externas, além de painéis de vidro e travas em varandas para evitar quedas acidentais, principalmente de crianças.

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Todos os passageiros devem faz treinamento de segurança na data do embarque (Imagem criada com IA/Freepik)

Antes do embarque, todos passam pelo muster drill, treinamento obrigatório que orienta sobre pontos de encontro, uso correto de coletes salva-vidas e condutas proibidas. Entre as mais comuns estão acesso a áreas restritas, consumo excessivo de álcool, comportamento agressivo, saltos no mar, jogar objetos para fora da embarcação, uso indevido de equipamentos de segurança, fumar em áreas não autorizadas e ultrapassar guarda-corpos. Quem desrespeita essas regras pode sofrer desde advertências até desembarque.

Segundo a Clia, “as companhias de cruzeiros mantêm um histórico excepcional de segurança, tornando os cruzeiros uma das formas mais seguras de viajar”. Nos últimos cinco anos, o setor também incorporou tecnologias para detectar quedas ao mar. O sistema ZOE, por exemplo, usa câmeras térmicas instaladas em pontos estratégicos do navio, que identificam variações de temperatura e movimentos suspeitos na água, disparando alertas para a ponte de comando.

Conforme a fabricante MARSS, sua precisão chega a 98%. Outro sistema frequentemente utilizado pelas armadoras é o MOBtronic, que monitora a superfície com radar micro-ondas e integra os alertas automaticamente à navegação, facilitando manobras rápidas para resgate.

O que acontece quando alguém cai do cruzeiro no mar?

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A conscientização dos passageiros quanto às normas de segurança e o treinamento da tripulação são fundamentais para reduzir riscos (Imagem criada com IA/Freepik)

Quando uma queda ao mar ocorre, o navio aciona o protocolo internacional “Oscar”: interrompe a rota, lança boias, aciona botes e comunica autoridades. A tripulação realiza a manobra “Williamson Turn”, que permite o retorno rápido ao local da queda, e coordena buscas com drones, câmeras e vigilância direta.

Entre 2009 e 2019, a Clia registrou 212 casos de queda ao mar (menos de 0,00004% do total de passageiros). Pesquisa da consultoria Gitnux, em 2025, aponta que 60% desses casos envolveram álcool e só 2% resultaram em resgates com vida. Mesmo assim, a associação destaca que “há protocolos extensivos para que as tripulações respondam rapidamente”.

Para garantir segurança técnica, as embarcações passam por fiscalizações regulares de autoridades marítimas nacionais e internacionais, além de auditorias independentes, como as da Lloyd’s Register e DNV. Caso os protocolos sejam descumpridos, as certificações podem ser suspensas. Embora não haja obrigatoriedade universal de divulgação detalhada dos incidentes, grandes companhias reportam eventos relevantes às autoridades.

Casos recentes mostram que essas tecnologias funcionam. A rápida detecção por câmeras térmicas e a resposta imediata da tripulação evitaram tragédias. Incêndios, colisões e quedas são raros, mas continuam impulsionando melhorias. A Clia reforça que a “segurança é prioridade absoluta”.

Para especialistas do setor, além da tecnologia, a conscientização dos passageiros e o treinamento constante da tripulação são fundamentais para reduzir riscos. Além de reforçar a travessia segura, o setor também segue em expansão, impulsionado pela alta demanda global.

Um mar de opções

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Entre 2025 e 2028, o setor de cruzeiros terá uma série de lançamentos que prometem renovar o turismo marítimo (Banco de imagens/Freepik)

O setor global de cruzeiros segue em expansão. Segundo o relatório “State of the Cruise Industry 2025”, da Clia, a indústria deve receber 37,7 milhões de passageiros em 2025, impulsionada pela demanda de Millennials, Geração X e viajantes de primeira viagem. O setor gera impacto econômico de US$ 168 bilhões e apoia 1,6 milhão de empregos globalmente.

A diversidade de experiências cresce, com destaque para cruzeiros de expedição, que avançaram 22% em 2024. A frota avança em sustentabilidade: até 2028, metade dos novos navios terá motores preparados para combustíveis mais limpos e 72% serão capazes de conexão elétrica em terra.

A América do Norte segue como maior mercado emissor, com Caribe e Mediterrâneo entre os destinos preferidos. Para os próximos anos, 11 novos navios entram em operação e 56 estão encomendados, totalizando US$ 56,8 bilhões em investimentos, com foco em navios pequenos e médios para experiências personalizadas.

Entre 2025 e 2028, o setor de cruzeiros terá uma série de lançamentos que prometem renovar o turismo marítimo. Navios como o MSC World America, com capacidade para 6.762 passageiros, que inicia suas rotas pelo Caribe em 2025, e o Norwegian Luna, previsto para 2026, ampliam as opções no mercado.

A Disney também aposta forte com o Disney Adventure, com até 6.700 lugares, estreando em Singapura no fim de 2025. Além disso, a Royal Caribbean lança o Star of the Seas, movido a GNL, reforçando o compromisso com a sustentabilidade. No total, cerca de 56 embarcações estão encomendadas até 2036, representando investimentos de US$ 56,8 bilhões. Essa expansão traz mais oportunidades para o público conhecer destinos diversificados, do Mediterrâneo ao Caribe, com navios que oferecem desde experiências familiares até cruzeiros de luxo e expedições exclusivas.

O crescimento reforça a aposta do setor em conforto, segurança e turismo sustentável, ampliando as opções para quem quer explorar o mundo em alto-mar. No fim das contas, a única dúvida que o viajante deve ter é sobre a programação do dia: piscina ou spa? Sushi ou pizza? Bar ou balada?

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