Na última sexta-feira, dia 29 de junho, a paisagem do Tapajós virou cenário das procissões de São Pedro. Marcados por arraiás, comidas típicas, danças de quadrilhas juninas e outras atividades, no Tapajós, mais especialmente na Vila Santarena de Alter-do-Chão, um novo ritual, a procissão fluvial, envolve dezenas de embarcações enfeitadas, que além da imagem de São Pedro transportam ribeirinhos que vivem em comunidades no entorno da vila.
“As manifestações culturais precisam ser preservadas no sentido da sua originalidade e tradição. As de origem religiosa são representações importantes do nosso Estado, principalmente as relacionadas com nossos rios, por que refletem a relação direta das comunidades com as águas”, disse Márcia Bastos, coordenadora do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), executado no Pará pela Companhia Paraense de Turismo (Paratur), com apoio da Secretaria de Estado de Turismo (Setur).
Márcia está na região do Tapajós fazendo mapeamento cultural de manifestações culturais e produções artesanais, entre outros, em comunidades quilombolas, ribeirinhas e indígenas, visando a inclusão em roteiros turísticos. “Um exemplo dessa relação entre as águas e as tradições culturais é o Círio de Nazaré em Belém e os pequenos círios, como o de São Pedro, em Alter-do Chão. Vale ressaltar que os rios Tapajós e Amazonas estão intrinsecamente relacionados ao modo de vida das comunidades locais, a exemplo da comunidade de Aritapera, que faz parte do campo de mapeamento do Prodetur, onde as famílias desenvolvem suas atividades em dois tempos diferentes, durante o verão e durante as cheias do Amazonas”, explica.
O assunto vem sendo discutido no Tapajós desde a última terça-feira, dia 26, quando através de um workshop a equipe do Prodetur apresentou o andamento do projeto às comunidades indígenas de Bragança e Marituba, onde vivem índios munduruku em Belterra.
Na sexta o workshop foi realizado na sede do Sebrae em Santarém, para representantes da comunidade de Aritapera, associações de artesãos, entre outros. “A proposta é incentivar o Turismo de base comunitária, mas de forma sustentável, nas comunidades indígenas e quilombolas. O programa visa resgatar o maior número de lendas, mitos, produções literárias, acervo antropológico”, informou Vladmir Barbosa, técnico do Prodetur.
Participaram do workshop, representantes do Sebrae, da população Borari, da Prefeitura de Santarém, Secretaria Municipal de Produção Familiar, da Universidade Federal do Tapajós (Ufopa), Associação de Artesãs Ribeirinhas de Aritapera (Asarisan), além de estudantes da Ufopa que contribuíram com a edição do livro Aritapera: Terra, Água, Mulheres e Cuias”, lançado dia 23 de junho em Belém durante a Feira Internacional de Turismo da Amazônia (Fita).
Filipe Cerolim