
O presidente Donald Trump minimizou a queda no turismo internacional nos Estados Unidos, afirmando que “não é grande coisa”, durante entrevista nesta segunda-feira (28), na Casa Branca. A declaração foi dada após a divulgação de dados da International Trade Administration (ITA) indicando uma redução de 11,6% nas visitas de turistas estrangeiros em março de 2025, com queda de 17,2% entre viajantes da Europa Ocidental.
Questionado por um repórter sobre a diminuição no número de visitantes, Trump respondeu: “Não é grande coisa”, conforme vídeo compartilhado pela CBS News na rede X. Ele associou o recuo à ascensão do nacionalismo, dizendo: “Há um pouco de nacionalismo aí, talvez”. O presidente acrescentou que “tratam os turistas muito bem” e que os Estados Unidos continuam sendo “a capital mundial do turismo” e “não há lugar como este”.
Os dados da ITA apontam que as chegadas de não cidadãos aos EUA por via aérea caíram mais de 11% em março, em comparação ao ano anterior. Entre os canadenses, o número de entradas de avião caiu 31,9%, enquanto o acesso por via terrestre recuou 32%. O número total de visitantes do Canadá também diminuiu 12,5%.
O contexto político tem influenciado esse cenário. As políticas da atual administração, as notícias sobre detenções de viajantes em pontos de entrada e as recentes ameaças de anexação do Canadá contribuíram para a retração do turismo. No último ano, visitantes internacionais movimentaram US$ 254 bilhões na economia americana, segundo a ITA.
Estudos de mercado projetam impactos econômicos relevantes. A Bloomberg, citando estimativas do Goldman Sachs, calcula que, no pior cenário, o boicote de turistas internacionais pode reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em 0,3%, o equivalente a cerca de US$ 90 bilhões. Uma análise da Bloomberg Intelligence estima perdas de até US$ 20 bilhões no comércio varejista, em função da menor presença de turistas estrangeiros.
O setor de turismo de aventura também sente os efeitos. Dados preliminares da Adventure Travel Trade Association (ATTA), coletados com mais de 225 operadores turísticos e agentes de viagem, revelam que 81% já registraram queda na procura por pacotes nos EUA.
Cerca de 92% dos entrevistados esperam prejuízos nos próximos seis a doze meses. “Essa tendência reflete a percepção de que os EUA se tornaram menos acolhedores e mais difíceis de acessar”, afirmou Heather Kelly, diretora de pesquisas da ATTA, ao TravelPulse.
Casos de retenções de viajantes reforçam essa percepção negativa. De acordo com o The Guardian, três cidadãos alemães foram detidos prolongadamente sem violarem normas de imigração. Um deles, residente permanente nos EUA, relatou ter sido interrogado de forma agressiva por agentes de fronteira.
Em outro episódio, uma médica libanesa, com visto válido, foi deportada após autoridades examinarem seu telefone e encontrarem fotos consideradas simpáticas a um ex-líder do Hezbollah. Além disso, a turista Becky Burke, do País de Gales, foi mantida em um centro de detenção na fronteira com o Canadá por três semanas.
Ainda na entrevista, Trump atribuiu o cenário a uma conjuntura global e ao fortalecimento do dólar. “Nosso dólar está um pouco baixo, o que significa que muito turismo virá”, disse. “Posso ver um pouco de nacionalismo em ação, e nós também não queremos ir a certos países. Mas isso vai se resolver muito facilmente”, concluiu o presidente.