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Audiência pública debate regulamentação do aluguel por temporada no Rio

1001060935 Audiência pública debate regulamentação do aluguel por temporada no Rio
Projeto de lei no Rio busca regras para aluguel por temporada e gera impasse político (Banco de imagens/Freepik)

Uma audiência pública realizada na manhã desta terça-feira (16), na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, discutiu o Projeto de Lei 372/2025, que regulamenta a locação de curta temporada em imóveis residenciais na cidade. O texto, em análise desde o início do ano, prevê o cadastro dos imóveis na prefeitura e a exigência de autorização em convenções de condomínio. O debate também incluiu a possibilidade de compartilhamento de informações pelas plataformas digitais de hospedagem para subsidiar políticas públicas.

O autor da proposta, vereador Salvino Oliveira (PSD), defendeu a regulamentação como forma de adaptar o serviço às particularidades locais. “A gente quer construir um projeto que tenha a cara da cidade do Rio de Janeiro (…) Mas, absolutamente, não podemos abrir mão de regulamentar este serviço na cidade do Rio de Janeiro”, disse.

O vereador Junior da Lucinha (PSD), que presidiu a sessão, concordou sobre a necessidade de regras, mas criticou o projeto. “Óbvio que há uma necessidade de regulamentação, a gente precisa trazer mais segurança para os proprietários e usuários. Mas é importante distinguir uma regulamentação de uma obstrução de um excesso de burocracia a praticamente extermínio”, afirmou.

Já o vereador Pedro Duarte (Novo), presidente da Comissão de Assuntos Urbanos, questionou a constitucionalidade da proposta. Segundo ele, a lei municipal não pode redefinir conceitos já estabelecidos em norma federal. “O projeto é inconstitucional já em seu artigo primeiro, quando tenta definir os serviços de hospedagem. Essa é uma definição que precisa vir por lei federal”, disse.

O setor hoteleiro defendeu a cobrança de ISS sobre o serviço. Paulo Henrique, representante do Hotéis Rio, afirmou que a regulamentação é uma tendência mundial. “Os novos players do mercado são bem-vindos, mas precisam ser regulamentados não só por uma questão tributária”, disse, lembrando que o setor gera cerca de 85 mil empregos diretos e indiretos. Fernando Freeland, da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro, citou o exemplo de Petrópolis, que obteve decisão judicial favorável à cobrança do ISS.

Omar Farah, da Associação Brasileira de Locação por Temporada (ABLT), afirmou que a atividade é irreversível e destacou sua importância em grandes eventos. “Remar contra a mudança é muito negativo para milhares de pessoas. A rede hoteleira é incapaz de abraçar grandes eventos na cidade. O que seria da Madonna e da Lady Gaga sem os 96 mil anúncios disponibilizados na plataforma?”, questionou.

Segundo estudo apresentado por Ique Guimarães, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a atividade gerou impacto financeiro de R$ 99,8 bilhões no país e R$ 9,9 bilhões no Rio. Parlamentares como Flávio Valle (PSD) e Márcio Ribeiro (PSD) defenderam que a regulamentação deve priorizar o acesso a dados sobre hóspedes, de forma a subsidiar políticas públicas de turismo sem elevar custos ao visitante.

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