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Panorama da Hotelaria: investimento cresce, oferta é limitada e diárias sobem acima da inflação

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Cristiano Vasques, sócio-diretor do HotelInvest (Giulia Jardim/M&E)

SÃO PAULO – O setor hoteleiro brasileiro apresenta sinais de crescimento robusto, mesmo em um cenário de ocupação estabilizada. Dados divulgados no 7º Fórum Nacional da Hotelaria, apresentados por Cristiano Vasques, sócio-diretor da HotelInvest, mostram que as diárias médias subiram 5,3% acima da inflação no primeiro semestre de 2025, enquanto o RevPar avançou 8% nas 10 principais capitais do país.

Apesar da ocupação média das redes se manter próxima aos níveis de 2019, cidades como Rio de Janeiro e Porto Alegre registraram saltos significativos, enquanto Recife e Manaus apresentaram pequenas quedas, justificadas por fatores específicos de cada mercado. Vasques destacou que a valorização das diárias reflete, em grande parte, o aumento dos custos de construção e capital, necessários para garantir a rentabilidade operacional dos empreendimentos. “O crescimento das diárias acima da inflação não é um acaso: reflete a necessidade de remunerar investimentos, frente ao aumento do custo do terreno, da construção e do capital”, explicou o especialista.

Novos investimentos e tendências

O panorama apresentado no evento aponta para um cenário de expansão contida, mas estratégica:

Oferta limitada: cerca de 23 mil quartos em construção nos grandes centros urbanos, frente a um parque existente de 500 mil quartos. Expansão para cidades secundárias: a maior parte dos novos hotéis está sendo desenvolvida fora das capitais, com foco em produtos mid-scale, mais acessíveis, e crescente uso de franquias.

Entrada de investidores qualificados: grandes fundos e bancos estão adquirindo hotéis, trazendo capital, experiência e boas práticas de gestão, o que tende a profissionalizar ainda mais o setor.

Integração com complexos imobiliários e turísticos: hotéis dentro de empreendimentos multifuncionais geram sinergia entre turismo e mercado imobiliário, oferecendo oportunidades de crescimento sustentável.

Além disso, o turismo de lazer no país se mostra cada vez mais aquecido, com crescimento da demanda em destinos como Alagoas, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza, e potencial de expansão com a chegada gradual de turistas do Mercosul.

Reflexão sobre o turismo sustentável

Vasques também alertou para os desafios do crescimento desordenado: cidades com infraestrutura limitada podem ter dificuldade em lidar com o aumento do fluxo turístico. Segundo ele, o desenvolvimento do turismo precisa ser planejado, respeitando a capacidade de carga dos destinos e garantindo benefícios para as comunidades locais.

“Todo destino turístico segue um ciclo de vida. Ou você organiza o crescimento ou ele declina. É fundamental olhar para o turismo brasileiro como um processo estruturado, e não apenas como uma colheita momentânea de visitantes”, concluiu.

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