
Mesmo com a recente entrada da Azul no processo de recuperação judicial nos Estados Unidos — o chamado Chapter 11 —, os planos da holding Abra de consolidar o mercado aéreo brasileiro seguem de pé. A informação foi confirmada por Adrian Neuhauser, CEO da holding que controla a Gol e a Avianca, durante painel da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo), realizado nesta segunda-feira (2) em Nova Delhi, na Índia.
“Nós tornamos público um MOU [memorando de entendimento que trata da união de forças entre Gol e Azul] e também mandamos esse MOU para aprovação regulatória”, afirmou Neuhauser, reforçando que o grupo ainda enxerga espaço para fusões no país.
A avaliação do executivo é de que, com estruturas financeiras semelhantes, tanto Gol quanto Azul caminham para o mesmo objetivo: reequilibrar suas contas e abrir espaço para novos movimentos. “A Gol deve sair do Chapter 11 nessa semana”, disse. “Estamos felizes que a Azul está avançando na sua reestruturação. E esperamos que isso vai permitir uma consolidação, que é algo que vamos tentar”, acrescentou.
Nos últimos anos, o setor aéreo latino-americano passou por um ciclo intenso de reorganização financeira. Avianca, Latam, Aeroméxico, Gol e agora Azul recorreram ao mesmo caminho, diante da ausência de apoio governamental semelhante ao que foi oferecido a companhias aéreas da Europa e dos Estados Unidos durante a pandemia.
“Por isso vimos todas entrando em reestruturação uma após a outra. Não vemos mais grandes transportadoras na região entrando em reestruturação. Já passamos o ciclo”, avaliou Neuhauser.
A Azul, que vinha tentando negociar suas dívidas diretamente com credores desde o ano passado, oficializou sua entrada no Chapter 11 no dia 28 de maio. A empresa tenta agora renegociar um passivo estimado em R$ 35 bilhões.
Como parte do processo, a aérea já iniciou sua reestruturação com um financiamento garantido de US$ 1,6 bilhão, além de cerca de US$ 950 milhões que deverão ser aportados por bondholders, American Airlines e United Airlines — este último recurso previsto para o momento de saída do processo.
Durante a primeira audiência do caso na Corte de Nova York, a Azul indicou que espera concluir o processo até março de 2026, com audiência de confirmação marcada para 28 de dezembro de 2025. A expectativa da empresa é por uma tramitação rápida, graças aos acordos já alinhados com boa parte dos credores.
*Com informações do Valor