
Nos meses de maio e junho, a diplomacia dos Estados Unidos orientou suas embaixadas e consulados a suspenderem temporariamente o agendamento de entrevistas para vistos de estudante e de intercâmbio. Além disso, passou a exigir a verificação obrigatória das redes sociais de todos os solicitantes estrangeiros, mesmo em universidades como Harvard, onde mais de 25% dos alunos são estrangeiros.
Apesar dessas mudanças, estudantes brasileiros ainda não enfrentam um impacto significativo. “De fato, neste primeiro semestre de 2025, houve alterações nas regras de concessão de vistos para os EUA. No entanto, a Belta ainda não dispõe de dados oficiais sobre o número de vistos negados, já que essas informações são de responsabilidade dos consulados”, afirmou Alexandre Argenta, presidente da Belta (Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio).
Argenta explica que não é apenas nos Estados Unidos que o cenário mudou. Outros países muito procurados por brasileiros também ajustaram suas regras e processos de imigração de 2024 para cá, refletindo uma tendência global de maior rigor e adaptação.
“O que temos observado por meio das agências associadas é um aumento na exigência durante as entrevistas e na análise de documentos. Mas os estudantes que seguem todas as etapas corretamente, com orientação especializada, continuam conseguindo seus vistos”, reforçou o presidente da Belta.
Em comunicado oficial, a porta-voz do Departamento de Estado americano, Tammy Bruce, orientou: “Se você vai solicitar um visto, siga o processo normal, cumpra todas as etapas e aguarde a verificação”.
Novos caminhos e oportunidades
Embora o momento gere incertezas, ele também abre portas. Até agora, a Belta não registrou casos de vistos americanos negados a estudantes brasileiros entre seus associados. “Vemos com bons olhos o surgimento de novos destinos acadêmicos para brasileiros, como Espanha, Alemanha, França, Holanda e Portugal, que vêm flexibilizando políticas para atrair talentos internacionais. É uma resposta natural à atual conjuntura global, na qual os países disputam protagonismo como centros de inovação e multiculturalismo”, destaca Argenta.
Ele complementa: “Diversificar os destinos fortalece o setor de intercâmbio, amplia as oportunidades para os estudantes e reduz a dependência de um único país como principal rota de estudo”.
Espanha facilita acesso universitário
Entre as iniciativas recentes, a Espanha se destaca. O governo espanhol aprovou um processo acelerado para a entrada de estudantes estrangeiros que tiveram dificuldades com vistos americanos. A medida permite que esses alunos transfiram seus estudos para universidades espanholas.
Além disso, os vistos concedidos permitem trabalho em tempo parcial, facilitando a permanência e a adaptação dos estudantes. O plano contempla desde alunos que estão finalizando o ensino médio até candidatos a programas de mestrado. Para viabilizar essa integração, foi criado um grupo de trabalho interministerial, que já prevê matrículas para o semestre que se inicia em setembro.
Hoje, a Espanha já figura entre os três destinos mais buscados por estudantes norte-americanos no exterior, atrás apenas do Reino Unido e da Itália. Segundo o portal educacional Open Doors, cerca de 20 mil vistos são solicitados anualmente para graduação ou pós-graduação em instituições espanholas.
Belta: referência no setor
Com mais de 30 anos de atuação, a Belta é a única associação nacional que reúne agências especializadas em programas de educação internacional. As agências certificadas com o Selo Belta representam cerca de 70% do mercado brasileiro de educação internacional, somando 50 agências plenas e mais de 50 colaboradoras.
“Essa certificação garante segurança e qualidade no atendimento aos estudantes brasileiros que desejam estudar no exterior, inclusive em universidades”, afirmou Argenta.
De acordo com a Pesquisa Selo Belta 2025, cerca de 455 mil brasileiros realizaram algum tipo de intercâmbio em 2024, sendo 15%, aproximadamente 68 mil, com foco em programas universitários ou acadêmicos.
Panorama do mercado
Os dados mais recentes da Belta mostram a preferência dos brasileiros pelos seguintes destinos de intercâmbio:
Canadá (25%) – Destaque pela segurança, clareza nas políticas migratórias e excelência no ensino;
Estados Unidos (20%) – Foco em ensino superior, apesar dos recentes desafios;
Reino Unido (15%) – Preferido especialmente para mestrado e doutorado;
Irlanda (12%) – Popular por aliar boas condições de estudo e trabalho;
Austrália (10%) – Um dos destinos com crescimento mais acelerado;
Malta (6%) – Alternativa econômica e atrativa para cursos de idiomas e preparatórios.
Requisitos e orientações
Cada país e nível de ensino exige requisitos específicos, mas de forma geral, os estudantes devem:
Comprovar proficiência no idioma (ex: IELTS, TOEFL, CAEL ou testes específicos da universidade);
Apresentar documentação acadêmica completa (histórico escolar, diplomas, cartas de recomendação);
Obter visto de estudante conforme as regras do país de destino;
Comprovar capacidade financeira para se manter durante o curso;
Em alguns casos, submeter redações, currículo acadêmico ou participar de entrevistas.
A Belta também atua na capacitação das agências associadas, garantindo padrões internacionais de qualidade, além de promover eventos, feiras e estudos, como a própria Pesquisa Selo Belta, que fornece dados estratégicos sobre o setor.