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Coletivo Muda! cobra inclusão de comunidades no turismo da COP 30 em Belém

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Ana Azevedo

Publicado - 08/07/2025 - 11:00

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Grupo alerta para risco de o Brasil desperdiçar chance de mostrar turismo ligado à realidade amazônica (Criado com IA/Freepik)

O Coletivo Muda! Brasileiro pelo Turismo Responsável criticou, nesta semana, a falta de inclusão de comunidades e povos tradicionais no planejamento turístico da COP30, marcada para novembro de 2025, em Belém (PA). Em meio às denúncias de preços abusivos em hospedagens e à ameaça de mudança da sede, o grupo alerta que o Brasil corre o risco de desperdiçar a oportunidade de apresentar ao mundo um modelo de turismo mais responsável e conectado à realidade amazônica.

“A gente não pode se perder em problemas primários e deixar de mostrar uma Amazônia viva, com turismo responsável e envolvimento real de comunidades”, afirmou Tatiana Paixão, presidente do Muda!. O coletivo defende que a vitrine internacional da COP deve impulsionar modelos já existentes na região e gerar impacto positivo direto nas populações locais.

Ana Karolina Jorge, da Vivenciar Turismo de Base Comunitária, relatou que visitantes estrangeiros já demonstram interesse, mas as reservas não avançam por falta de acomodações. “Estamos paralisados com uma questão importante, mas também precisamos pensar além das hospedagens”, disse. Ela cobra a centralidade das comunidades amazônicas nas decisões estratégicas do evento.

Para ampliar a oferta de hospedagem e garantir retorno econômico à população local, a Raízes Desenvolvimento Sustentável e a Diáspora. Black ofereceram um curso gratuito de capacitação para moradores de Belém, com foco em hospitalidade e precificação. “Queremos transformar esse fluxo de visitantes em oportunidade real e de longo prazo”, afirmou Mariana Madureira, diretora da Raízes.

A edição anterior da conferência do clima, a COP29, em Baku, no Azerbaijão, foi a primeira a incluir um Dia do Turismo e uma reunião ministerial dedicada ao tema. Mais de 700 representantes participaram das discussões. O Muda! espera que o Brasil mantenha o protagonismo e avance na consolidação do turismo como política estratégica de combate às mudanças climáticas.

A pauta turística da COP30 é debatida dentro do Conselho Nacional de Turismo, sob responsabilidade do Ministério do Turismo, do qual o Muda! faz parte. O grupo cobra que povos indígenas e comunidades tradicionais tenham voz ativa nesse processo. A demanda foi formalizada na Declaração do Encontro Regional de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais rumo à COP30, que pede participação em toda a estrutura da conferência.

Para Solange Barbosa, vice-presidente do Muda! e representante do coletivo no Conselho, “a COP30 pode ser o ponto de virada para reposicionar o turismo da Amazônia e do Brasil como força de transformação positiva, desde que seja responsável, justo e verdadeiramente participativo”.